Com oposição rachada, venezuela realiza eleição legislativa e regional

Com oposição rachada, Venezuela realiza eleição legislativa e regional

Brasil

Com a oposição rachada, a Venezuela vai às urnas no próximo domingo (25) para escolher os 285 deputados da Reunião Vernáculo (AN) para o período 2026-2031. Os muro de 21 milhões de eleitores podem ainda votar para os 24 governos e assembleias estaduais.

É o primeiro pleito para cargos eletivos desde a eleição presidencial de 28 de julho de 2024, que reelegeu o presidente Nicolás Maduro sob acusações de fraude da oposição, de organizações internacionais e de diversos países. O tribunal supremo do país confirmou a vitória do atual presidente, apesar do Poder Eleitoral não publicar os dados detalhados da votação. 

Às vésperas da eleição, o governo anunciou ter desmantelado, nesta semana, uma novidade tentativa de golpe de Estado com a prisão de 38 suspeitos de planejarem ataques terroristas no país, sendo 17 estrangeiros. Maduro acusa ex-presidentes de direita da Colômbia de articularem o projecto e suspendeu os voos oriundos do país vizinho.

Desta vez, a oposição vai às urnas dividida entre aqueles que defendem a continência, reunidos em torno da María Corina Machado, e os que defendem o voto uma vez que forma de disputar espaço institucional com o chavismo, reunidos principalmente em torno do ex-governador e ex-candidato a presidente Henrique Capriles.


Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante cerimônia de posse para um terceiro mandato no cargo em Caracas
10/01/2025 REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante cerimônia de posse para um terceiro mandato no cargo em Caracas
10/01/2025 REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria

Oposição vai às eleições dividida contra apoiadores de Nicolás Maduro – Foto: Reuters/Leonardo Fernandez Viloria/proibida a reprodução

Campanha

O professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Médio de Venezuela (UCV) Rodolfo Magallanes explicou à Filial Brasil que a campanha para governos e plenário não tem a mesma visibilidade da eleição presidencial, e se dá em um contexto de suspeição em relação à lisura do último pleito, o que pode afetar o nível de participação.

“Obviamente, a questão econômica é meão nessa eleição depois uma crise que se prolongou por muito tempo na Venezuela e afetou significativamente os níveis salariais do país. Embora tenha havido qualquer controle da inflação nos últimos meses ou semanas, ela está voltando a crescer, não na mesma proporção que no pretérito, mas em níveis que causam alguma preocupação”, comentou.

Magallanes cita ainda a retomada de sanções econômicas contra o petróleo venezuelano pelo governo dos Estados Unidos uma vez que outro fator importante na ensejo eleitoral.

“É simples que se trata de uma situação social delicada, caracterizada pela restrição dessas rendas petroleiras e seu impacto nas finanças públicas, em pessoal, nos salários dos servidores públicos, e também na qualidade dos serviços e seu dispêndio para a população”, explicou.

Oposição

María Corina Machado, a principal figura da oposição contra Maduro na eleição do ano pretérito, tem pregado a continência nas eleições do próximo domingo. 

Impedida de disputar a eleição presidencial de 2024 devido a pena por prevaricação, ela indicou o diplomata Edmundo González para concorrer.


María Corina Machado discursa durante protesto em Caracas
09/01/2025
REUTERS/Maxwell Briceno
María Corina Machado discursa durante protesto em Caracas
09/01/2025
REUTERS/Maxwell Briceno

María Corina Machado discursa durante protesto em Caracas – Foto: Maxwell Briceno/Reuters/direitos reservados

González hoje se encontra asilado na Espanha e se considera o vencedor da eleição do ano pretérito, tendo ficado em segundo posto de convénio com os números oficiais. 

“O 25 de maio não é uma eleição porque teu voto não elege e, para tutorar a soberania popular, devemos tutorar o 28 de julho. Por isso, todo mundo diz: eu já votei em 28 de julho”, conclama Corina em uma rede social. 

A ex-deputada sustenta que ir às urnas é respaldar o governo Maduro e o Juízo Vernáculo Eleitoral (CNE), criminado de fraudar a última votação.

Já o ex-governador do estado Miranda, de 2008 a 2017, Henrique Capriles, tem pregado o voto da oposição para enfrentar o chavismo. Ele disputou a presidência contra o ex-presidente Hugo Chávez, em 2012, e contra Maduro, em 2013, tendo sido derrotado nas duas oportunidades.

“Devemos usar o voto uma vez que o instrumento mais simples que temos para rejeitar tudo o que aconteceu e aqueles que sequestraram a soberania popular. Muitos de nós não estamos dispostos a parar de lutar para persistir na mudança do país”, afirmou o oposicionista em uma rede social.

Supremacia

Capriles pretende reduzir a predominância chavista no país, que atualmente controla muro de 90% da Reunião Vernáculo, uma vez que em 2020 a maior secção da oposição pregou a continência. O chavismo ainda controla 19 dos 24 governos locais.


Henrique Capriles
Henrique Capriles

Henrique Capriles já disputou a presidência contra o ex-presidente Hugo Chávez e contra Maduro – Foto: Cristina Moure/Divulgação do Governo de Miranda

O professor da UCV Rodolfo Magallanes avalia que a maioria dos grupos da oposição estão dispostos a participar das eleições, mas a subdivisão entre eles favorece o governo. 

Para o técnico, o planta político que sairá no domingo deve variar pouco em relação ao cenário atual.

“Na medida em que os candidatos da oposição se dispersam em várias alianças eleitorais, eles dispersam o voto entre si. Mesmo levando em conta o desgaste político do governo ao longo de tantos anos de gestão e a atual ensejo econômica, será difícil, em alguns casos, para a oposição, reunir votos suficientes para formar um governo”, avalia.  

O Partido Comunista da Venezuela (PCV) informou que não participará das eleições devido à falta de garantias eleitorais mínimas.

“Embora o voto seja um recta e seu treino não deva ser censurado, alertamos o povo venezuelano sobre as consequências para a vida democrática do país ao cevar essa farsa eleitoral em que as instituições estatais não garantem os princípios de legitimidade e transparência”, alerta o informe da legenda.

Governo

Os candidatos ligados ao governo têm mobilizado a militância e o eleitorado chavista para manter o controle sobre a maioria das instituições e governos. Em transmissão solene na televisão nesta semana, Maduro convocou a população ao voto.  

“Vamos romper a campanha de desinformação, o veto e o bloqueio que tentam impor a esse processo. Estamos do lado manifesto da história, e esta novidade vitória nos permitirá proceder no melhor momento da Revolução Bolivariana e da renovada democracia da Venezuela”, afirmou.

Fonte EBC

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