Ao traçar uma novidade rota ligando Portugal às Índias por via marítima, em 1492, o navegador Vasco da Gama inaugurou também um novo transacção, o da porcelana chinesa.
Os europeus já conheciam e admiravam as peças concebidas de combinação com uma técnica até portanto inacessível aos ocidentais —algumas poucas vinham pela rota da seda, em lombo de estulto—, mas foram os navios que possibilitaram pela primeira vez uma importação em larga graduação.
Durante o século 16, os portugueses dominaram o transacção de porcelana. Só perderam a predominância no século seguinte, quando os holandeses, seguidos dos ingleses, roubaram dos lusitanos o posto de soberanos dos mares.
Quatro séculos depois, numa quinta no município de Sintra, espaço metropolitana de Lisboa, acaba de ser inaugurado um museu com um dos maiores acervos de porcelana do mundo. Ele reúne as murado de 2.600 peças colecionadas ao longo da vida por Renato de Albuquerque, empresário brasílico da espaço de construção social.
“Faz o maior sentido perfurar um pouco assim em Portugal”, diz Mariana Teixeira de Roble, neta do colecionador e presidente do juízo da Albuquerque Foundation, nome com o qual o novo museu foi batizado. “Além de toda a questão histórica, Portugal está num momento de internacionalização, em que passou a fazer segmento do rotação mundial de arte.”
A exposição de exórdio reúne murado de 10% do montão, com ênfase em peças produzidas entre os séculos 17 e 18, em que reinavam na China as dinastias Ming e Qing.
Teixeira de Roble quer que a Albuquerque Foundation se torne um ponto de viagem para os apreciadores de porcelana, assim uma vez que o Museu Britânico —que abriga desde 2006, em Londres, o montão de Sir Percival David, um dos maiores colecionadores de arte chinesa em todos os tempos— e o palácio Zwinger, em Dresden —foi na cidade alemã que Frederico Augusto 1º, o Possante, reuniu artistas e cientistas para desvendar, no século 18, o sigilo da porcelana chinesa.
O soberano germânico recebeu o codinome por ser capaz de flectir ferraduras usando unicamente uma das mãos e por ser amante de esportes bárbaros e sangrentos. Sua maior paixão, no entanto, eram mesmo as delicadas peças vindas do oriente. Foi a partir da escola de Dresden que a porcelana de tá padrão deixou de ser monopólio da China e passou a ser fabricada também na Europa.
“Não queremos que a Albuquerque Foundation seja unicamente o abrigo de uma arte que teve seu auge no pretérito”, diz Roble. “A teoria é que as exposições provoquem uma reflexão sobre o presente e também dialoguem com os ceramistas do universo da arte contemporânea.” A diretora de relações institucionais da instauração, Mônica Novaes Esmanhotto, completa: “Através da porcelana, podemos falar de colonialismo, imperialismo e globalização, temas extremamente atuais”.
A exposição incipiente, cuja curadora é a americana Becky MacGuire —técnico em arte chinesa que trabalhou por muito tempo na Christie’s de Novidade York– intitula-se “Connections” e pretende cruzar olhares ocidentais e orientais.
A ênfase da mostra recai sobre um dos pontos fortes da coleção: a cerâmica de exportação, feita na China sob encomenda dos europeus nos séculos 17 e 18. Artistas anônimos do oriente eram instados a retratar um poente que não conheciam, o que leva a interpretações criativas e surpreendentes.
Uma poncheira de porcelana, por exemplo, retrata os jardins de Vauxhall, em Londres –mas o esboço transporta para o contexto britânico construções típicas da arquitetura chinesa. Em outra peça, músicos tocam instrumentos do barroco europeu uma vez que flauta gulodice e alaúde. Eles usam perucas no estilo de George Friedrich Haendel e Johann Sebastian Bach, mas suas feições apresentam traços orientais. Nas cenas religiosas, figuras da cristandade aparecem em meio a paisagens asiáticas.
Alguns desenhos trazem hábitos comuns à nobreza chinesa e à europeia, uma vez que as cenas de caça. Há uma grande placa decorativa da era Qing, no século 16, em que cavaleiros armados com arcos, flechas, espadas e escudos correm detrás de animais, num tela que lembra um quadro de guerra ocidental. Data da mesma estação um prato vasqueiro em que nobres chineses patinam no gelo, inspirado numa obra do artista holandês Cornelius Dusart (1660-1704).
Na Albuquerque Foundation existe também um espaço para exposições de artistas contemporâneos que se dedicam à prática da cerâmica e dialogam com o universo da porcelana. O escolhido para a mostra incipiente foi o afro-americano Theaster Gates.
Oriundo de Chicago, Gates cruza tradições de três continentes. A exposição mistura peças de sua autoria com obras do montão escolhidas pelo artista. Gates define a vertente de sua obra exposta na Albuquerque Foundation uma vez que “afro-mingei”, referindo-se a uma das formas da arte popular utilitária japonesa.
As exposições inaugurais são ricas em informações sobre a proveniência e peculiaridades das peças, proporcionando ao testemunha uma espécie de viagem pelo mundo da porcelana. Segundo Roble, grande segmento da motivação do avô, hoje com 97 anos, tem esse paisagem lúdrico.
Quando comprou suas primeiras peças de porcelana, Renato de Albuquerque notou que elas contavam histórias e abriam portas para diferentes mundos e épocas. “Existe todo um universo, no mundo da arte, que se conecta em torno da porcelana”, diz a diretora Mônica Novaes Esmanhotto.
A Albuquerque Foundation se localiza na Quinta de São João, em propriedade doada pela família Albuquerque, que está financiando o projeto do museu num primeiro momento. “A teoria, no entanto, é fazer a partir de agora uma captação pesada, pois temos objetivos ambiciosos”, diz Teixeira de Roble.
O projeto da instauração prevê residências artísticas centradas na espaço de cerâmica e até projetos acadêmicos de pesquisa. Além da coleção, Renato de Albuquerque reuniu uma livraria de 1.600 livros sobre o tema. “A coleção é o trabalho de uma vida de meu avô, e queremos que seja também o legado de nossa família”, afirma a presidente do juízo da instauração.