Como As Olimpíadas Vão Definir Futuro Da Globo No Esporte

Como as Olimpíadas vão definir futuro da Globo no esporte – 25/07/2024 – Ilustrada

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Ao deixar a narração em televisão ocasião posteriormente a final da Despensa do Mundo do Qatar, Galvão Bueno deu um pretexto para a Orbe concluir um processo de reorganização em seu departamento de esporte. De súbito, Cleber Machado, que comandava as transmissões dos jogos paulistas e durante anos foi o substituto do próprio Galvão, foi deposto, e Luis Roberto, mais identificado com os torcedores dos clubes fluminenses, tornou-se o narrador mais prestigiado da emissora.

Num paradoxo, logo se perceberia que Luis Roberto não encarnaria seu predecessor todo-poderoso. Ele teria de aprender a dividir, seja com Everaldo Marques, seja com Gustavo Villani. A ramificação, antes rígida, assumia certa fluidez geográfica e hierárquica. Espelhando a informação fragmentada do mundo contemporâneo, esse novo padrão de transmissão terá seu grande teste nas Olimpíadas de Paris. Ao mesmo tempo, o duelo de Luis Roberto é se firmar uma vez que o narrador titular da emissora.

É improvável que a descentralização dos narradores ajude a Orbe a se diferenciar de seus novos concorrentes, uma vez que a CazéTV, ducto no YouTube que também transmitirá as Olimpíadas. Ao mesmo tempo, não há garantias de que Luis Roberto possa estabelecer uma identidade marcante a ponto de fidelizar o público.

Nessa encruzilhada, a emissora aposta as suas fichas no participador, que integra o seu elenco há quase três décadas. Tanto que, no início deste mês, Luis Roberto foi ao Conversa com Bial racontar a sua trajetória, quase que se apresentando à população brasileira.

A Orbe sabe que Galvão faz falta. Por isso, convocou-o para as transmissões das cerimônias de fenda e fecho, além do programa Médio Olímpica, com comentários gravados. Pormenor: ele estará na capital francesa pelo GB, o seu ducto no YouTube, e pelo Comitê Olímpico Brasiliano, para o qual também produzirá conteúdos.

Na Orbe, Luis Roberto vai dividir a cobertura com outros cinco nomes —Everaldo Marques, Natália Lara, Rogério Corrêa e Gustavo Villani. Além da inclusão de mulheres, a reorganização no elenco acompanhou uma mudança de estilo dos locutores.

Acompanhando um movimento do mercado, a informação esportiva da Orbe se descolou do jornalismo e passou a dialogar com a linguagem do entretenimento. Nessa mudança, franqueou, sobretudo entre os seus apresentadores, alguns valores, uma vez que a sobriedade e o texto muito escrito.

Era preciso, por fim, parecer mais com o YouTube e menos com a televisão. Com isso, a narração ficou mais popular, com os narradores subindo o tom para disputar a audiência aos berros e apelando aos bordões fáceis. Luis Roberto conseguiu se projetar na empresa, percebendo as mudanças em curso.

Ele cresceu nos grandes eventos. Foi nas Olimpíadas, no Rio de Janeiro, há oito anos, que inventou o bordão “sabe de quem?”, uma referência inicial ao desempenho dos jogadores da seleção masculina de vôlei.

É estranho saber que Luis Roberto fará um duplo bate e volta a Paris, para a fenda e o fecho. No mais, a maioria das transmissões serão feitas de um estúdio, alardeado pela Orbe uma vez que um “tour de force”, uma exemplar de força, na TV esportiva. Mas em Tóquio os jornalistas do ducto se revezavam em um estúdio similar.

Foi também na edição passada, ainda determinada pelo isolamento da pandemia, que o ducto descobriu de vez ser desnecessário a transmissão in loco –o que importa é o entretenimento, não o caso noticioso uma vez que roupa jornalístico.

De saída do grupo empresarial, Milton Leite, que também fará bate e volta, deve dominar as narrações pelo SporTV, ducto por assinatura devotado à grade esportiva. Aos 65 anos, ele quer ter mais tempo livre e permanecer mais próximo de sua numerosa família.

Há quase duas décadas no SporTV, tendo tido poucas chances na TV ocasião, Milton sempre foi o oposto do estilo em voga. Sem levantar a voz, uniu precisão a um humor ligeiro, zero escrachado. Mais sabido pelo trabalho no futebol, ele se tornou o rostro da natação. Sua saída é, portanto, sintomática.

Diante do atual cenário, a Orbe parece já ter optado pelo entretenimento. A cobertura em Paris indicará o horizonte do esporte na emissora, que tenta formar uma novidade identidade.

Folha

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