Centenas de adolescentes e crianças se espremiam nas grades colocadas ao volta do tapete vermelho da pré-estreia de “Duna: Segmento Dois” que aconteceu no prelúdios do mês na Cidade do México. Berrando pelos atores que desfilavam, os fãs erguiam cartazes, implorando por autógrafos, selfies e apertos de mão.
“Fiz esse filme para a juventude. É para o garoto que ainda vive em mim”, afirmou Denis Villeneuve, o diretor do filme, vendo seu libido materializado na algazarra da povaléu púbere. “Lembro da emoção que senti ao observar ‘Star Wars’ quando tinha 12 anos. Foi a mesma que tive ao ler ‘Duna’.”
Seu novo “Duna: Segmento Dois” volta às areias do planeta Arrakis e secção de onde o primeiro filme terminou. Agora o príncipe Paul Atreides, vivido por Timothée Chalamet, precisa convencer a si mesmo e ao povo Fremen, habitantes do deserto, de que é um vate e também um guerreiro, capaz de domar vermes gigantescos e liderar uma guerra contra aqueles que destruíram sua família.
O primeiro “Duna” estreou em outubro de 2021, com as salas de cinema vazias por justificação da Covid-19. Um mês depois o longa chegou ao streaming da HBO. Apesar dos US$ 433 milhões de bilheteria, o resultado não foi um sucesso. Porquê se quisesse fazer jus ao longa, e na tentativa de atrair um novo público, a Warner o levou de volta aos cinemas neste mês.
Escrito há 60 anos, o livro que dá origem aos filmes de Villeneuve é um homérico denso com centenas de páginas, clássico integral da ficção científica. Cenas de ação permeadas por tensões ecológicas e políticas são diluídas em longas passagens dedicadas a explorar o universo estéril daquele planeta.
Não parece uma fórmula capaz de prender a atenção de boa secção da juventude acostumada a pescar dicas de leituras no TikTok, onde dominam histórias de ficção mais modernas e simplórias. Mas “Duna” fugiu à regra.
Na plataforma, várias pessoas na lar dos 20 anos, às vezes menos, publicam vídeos fazendo resumos ou até respondendo a dúvidas sobre a trama do livro de Frank Herbert.
Vê-se por lá também centenas de “edits”, tipo de vídeo viral em que são coladas cenas aleatórias dos filmes de “Duna” por cima de músicas dramáticas na intenção de exaltar os personagens.
Quando o primeiro filme estreou, a produtora de teor Duda Costa, à idade com 16 anos, publicou um vídeo abrindo a embalagem de um réplica de “Duna”, dizendo que só topou a empreitada pelo interesse em ver Timothée Chalamet e Zendaya juntos nas telas, uma vez que um parelha.
É um caso semelhante ao da desenhista Lívia Reis, que tinha 19 anos quando fez um vídeo no TikTok para expor que foi observar a “um filme sobre ‘cus’ gigantes rastejantes no deserto”, uma vez que definiu, só por justificação de um varão hétero e branco, se referindo a Chalamet. Ela leu o livro depois disso.
É justamente nessa tração do elenco com a juventude que Villeneuve aposta, escolhendo a dedo os nomes mais populares da novidade geração de Hollywood para estrelar seu homérico cabeçudo.
O medalhão mais valedouro do diretor é Chalamet, ator que chamou a atenção da garotada quando surgiu flertando com um varão mais velho em “Me Chame Pelo Seu Nome”, filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar.
Ele aumentou sua renome depois uma vez que um galã de idade em “Adoráveis Mulheres”, um canibal em “Até os Ossos” e com a versão músico do chocolateiro de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” em “Wonka”, lançado há dois meses.
Com seu nome citado quase 1 milhão de vezes no TikTok, Chalamet virou o “it boy” de Hollywood. Enquanto seus fãs mexicanos se acotovelavam para se aproximar, o ator disse se espantar com a renome exacerbada que ganhou. “Fico assustado e empolgado”, afirmou, com os olhos estatelados e um sorriso deslumbrado.
Sentir assombro com poder é mais ou menos o que move também seu personagem neste segundo capítulo de “Duna”.
“No primeiro filme, Paul estava detrás de paredes. Suas virtudes ainda não tinham sido testadas, ele só era o rebento de um duque. No final do novo longa, vemos alguém que não só está virando varão, mas que também está tentando concordar uma posição de liderança, ainda que de forma muito relutante”, disse Chalamet em conversa com jornalistas.
Mas o novo “Duna” não é só dele. Protagoniza o filme também a atriz Zendaya, que faz Chani, uma das Fremen, e que mal deu as caras no primeiro filme, ainda que tenha sido usada uma vez que isca na campanha de divulgação. “Só fui observar ‘Duna’ por justificação de Zendaya, mas ela apareceu por nove segundos”, debochou um anônimo no Twitter à idade.
Ex-atriz de televisão da Disney, ela aproveitou o público que ganhou no ducto e virou febre entre os jovens. Com 184 milhões de seguidores no Instagram, uma das mulheres mais famosas da plataforma do mundo, Zendaya ganhou reconhecimento uma vez que a querida do Varão-Aranha na trilogia do herói estrelada por Tom Holland —com quem tem um namoro notório na vida real—, e ganhou prestígio da sátira e das premiações pelo seriado “Euphoria”.
Para levar outra parcela de jovens ao seu “Duna: Segmento Dois”, Villeneuve escalou também o ator Austin Butler, que carrega uma legião de fãs das suas produções adolescentes, uma vez que “Zoey 101”, do ducto Nickelodeon, e o filme “A Fabulosa Proeza de Sharpay”, derivado de “High School Músico”, da Disney.
Indicado ao Oscar pelo papel do Rei do Rock de “Elvis” e eleito uma das século pessoas mais influentes pela revista Times no ano pretérito, ele agora faz o vilão Feyd-Rautha, um matador implacável.
Outra novidade é Florence Pugh, que transita entre o cinema cult e pop com filmes uma vez que “Viúva Negra”, da Marvel, e “Midsommar”, um expoente do “pós-terror” —derivado moderninho dos filmes de horror. Em “Duna”, ela interpreta a misteriosa Princesa Irulan, filha do vilão Imperador, um dos inimigos do protagonista.
Pugh, Chalamet e Zendaya foram escolhidos pela revista People uma vez que as principais estrelas da geração Z no ano pretérito.
O novo “Duna” tem ainda rápida participação de Anya Taylor-Joy, também eleita uma das celebridades mais influentes do mundo pela Times, que bombou nas redes sociais ao surgir de surpresa na pré-estreia em Londres. Seu papel é um spoiler da trama, e, por isso, está sendo mantido em sigilo.
Villeneuve, o diretor, palestrou para uma sala lotada de jovens estudantes durante sua passagem pelo México. No evento, o diretor contou que a trama de “Duna” influenciou toda sua cinematografia.
Não é preciso pensar muito para entender. Exemplo é o ímpeto do personagem de Chalamet em domar o incógnito, materializado na forma de vermes gigantescos, postura que lembra a insistência da personagem de Amy Adams em se transmitir com criaturas alienígenas em “A Chegada”, lançado pelo cineasta em 2016.
“Existe, entre meus filmes, uma transmissão do traumatismo, do peso da legado, da instrução e da genética. Cresci com a teoria de imergir em uma cultura, talvez porque era de uma pequena comunidade de pessoas que falavam gaulês no continente americano”, diz o cineasta, que nasceu em Trois-Rivières, uma cidade de Quebec, a única província francófona do Canadá.
O primeiro “Duna” estreou em outubro de 2021, com as salas de cinema vazias por justificação da Covid-19. Um mês depois o longa chegou ao streaming da HBO, alargando sua audiência, apesar da vontade de Villeneuve de exibi-lo nas maiores e melhores telas. Na tentativa de atrair um novo público, a Warner relançou o longa nos cinemas neste mês.
“Duna: Segmento Dois” é, no término das contas, a história de formação de um líder político que se vê balançado entre glória, poder e paixão. Ainda que se passe num mundo estrangeiro e devastado, é só mais uma tragédia com humanos no meio, uma vez que define o diretor. E não há zero mais atual que isso.
O repórter viajou a invitação da Warner Bros. Pictures
