Como Faye Dunaway, De Chinatown, Enfrenta Fama De Difícil

Como Faye Dunaway, de Chinatown, enfrenta fama de difícil – 18/07/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Nascente ano, um dos grandes filmes da Hollywood moderna, “Chinatown”, completa 50 anos, e hoje se sabe que a existência do longa ficou por um fio. Literalmente. Nas turbulentas filmagens, Roman Polanski, o diretor, despertou a fúria de sua estrela, Faye Dunaway, quando inadvertidamente arrancou um fio de cabelo da atriz que, na câmera, aparecia espetado para cima.

Foi o suficiente para Dunaway se levantar, disparar palavrões e deixar o set. Só com muita negociação tudo voltou aos eixos. Em uma Hollywood ainda machista, o incidente serviu menos para substanciar Polanski uma vez que um cineasta desrespeitoso com seu elenco do que para perpetuar Dunaway uma vez que uma “atriz difícil”.

“Isso de indumentária aconteceu. Mas uma coisa é peta: eu não falei palavrões ali”, diz Dunaway, rindo, hoje aos 83 anos. “Deixar o set daquele jeito talvez não tenha sido o correta a fazer. Devia possuir alguma forma de eu ter controlado a minha reação. Mas eu não consegui. O que Roman fez… Não pude admitir.”

Mas o que foi visto uma vez que destempero de uma diva chegada a faniquitos pode ter uma explicação mais profunda. É a própria atriz que abre o jogo, no documentário “Faye: Entre Luzes e Sombras”, dirigido por Laurent Bouzereau, em papeleta na plataforma de streaming Max.

No filme, ela encara dilemas sobre a curso e a própria vida que evitou discutir por vários anos, inclusive a reputação de ser uma pessoa de difícil convívio, o que pode ser atribuído a uma quesito mental que ela demorou a identificar, mas que agora divide com o público —o transtorno bipolar, um pouco que a fazia ter rompantes de ira e momentos de intensa depressão.

“Há uma excitação, mas também o oposto disso, que é a tristeza. Fiquei muito aliviada ao entender essa questão mental, porque isso explica tudo. Mas, ainda assim, você é responsável pelas suas atitudes, portanto mesmo que isso possa explicá-las, não necessariamente é uma desculpa”, diz a atriz, que atenuou a quesito com remédios.

Ela reconhece que é um duelo estável controlar seus ímpetos. Durante a entrevista, em um hotel em Cannes, onde promoveu o filme, Dunaway cedeu a arroubos levemente autoritários e interrompeu a conversa duas vezes. “Está muito simples. Alguém pode fechar a cortinado?”, disse. “Estou com insensível nas pernas. Me tragam um cobertor”, acrescentou.

Mesmo octogenária, Dunaway preserva em sua figura um ar imponente e intimidante, uma das características que a fizeram se tornar uma das grandes estrelas dos anos 1960 e 1970. Em uma quadra em que o público demandava rebeldia e irreverência, ela surgiu na pele de uma fora da lei, em um filme revolucionário, “Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas”, de 1967, dirigido por Arthur Penn.

“Enquanto filmava, sabia que seria um belo filme, mas só. Mas todos ficamos impressionados com o tamanho da reverberação que ele teve depois estrear”, ela relembra.

De indumentária, o longa serviu tanto para escancarar uma face anti-heroica da sociedade americana quanto para fixar Dunaway no imaginário do público uma vez que uma mulher bela, segura de si e, apesar de certa frieza, inquestionavelmente sexuada. Ao mesmo tempo em que atraía, amedrontava os homens.

Preservava qualidades da Hollywood clássica, em sua aura inatingível, mas encarnava com sublimidade a modernidade da mulher autossuficiente, que correspondia às aspirações feministas dos anos 1970, embora ela própria nunca tenha se considerado feminista.

“Não estou muito nesse vagão. Pedestal e acho importante o que as feministas fazem, mas não sou tão ativa nesse sentido”, diz. “Mas, ao interpretar tantas mulheres independentes, que têm uma vida própria, estava correndo junto com elas. Indiretamente, com meu trabalho, fiz secção do movimento.”

Dunaway era uma pequena sulista sem grandes aspirações, filha de um militar alcoólico, o que, segundo a atriz, explica os seus próprios problemas com a bebida. Descobriu o que queria da vida logo que pisou em um palco.

Foi apadrinhada por Elia Kazan, de quem foi discípula em um grupo teatral de Novidade York. Foi ele quem lhe ensinou que zero inferior da sublimidade era tolerável. “Você tem que fazer as coisas da melhor forma que conseguir, prestar atenção a cada pormenor. É o que faz as coisas funcionarem. Aprendi isso com Kazan e vários outros grandes com quem trabalhei.”

Seu perfeccionismo a fez ter excelentes desempenhos. Ela foi indicada para o Oscar por “Uma Rajada de Balas” e “Chinatown”, mas garantiu sua estatueta pelo profético “Rede de Intrigas”, de 1976, dirigido por Sidney Lumet, sobre o poder da televisão.

No longa, ela interpretava uma produtora que se destacava em um meio amplamente masculino. Em uma cena marcante pela franqueza sexual, sua personagem diz: “Chego prematuramente ao orgasmo e depois não vejo a hora de me vestir e ir embora”.

“Eu queria muito fazer aquela personagem. O filme tinha um oração muito importante. Que vale ainda para o mundo de hoje, por isso eu sentia que precisava interpretá-la”, ela diz. “Quando escolho um personagem, é porque sei que tem um pouco de mim ali.”

No dia seguinte ao seu triunfo na Ateneu, a atriz fez um experiência fotográfico à ourela de uma piscina com seu Oscar, que renderia uma das fotos mais icônicas sobre o estrelato, batizada de “A Manhã Seguinte”, em clique de Terry O’Neill, com quem a atriz se casaria nos anos 1980.

Foi nessa dezena, aliás, que a curso da atriz degringolou, sobretudo depois “Mamãezinha Querida”, de 1980, de Frank Perry, no qual ela interpretava uma Joan Crawford que era um poço de truculência, com recta a espancar a própria filha com cabides de metal.

Pensado uma vez que um veículo para mostrar até que ponto Dunaway poderia ir em uma caracterização, o longa foi recebido com gargalhadas por seu excesso. Hoje, virou cult, e a formidavelmente operística performance da atriz a fez se tornar um ícone LGBTQIA+.

O documentário traz depoimentos de poucas celebridades, entre elas Sharon Stone e Mickey Rourke, mas é mais valioso quando especialistas dissecam a influência dos filmes da atriz. E há depoimentos de registro, inclusive um famoso de Bette Davis, em um programa de TV, dizendo que não voltaria a trabalhar com Dunaway “nem por US$ 1 milhão”. A veterana, que tampouco era conhecida pela simpatia nos sets, contracenou com Faye em “O Desaparecimento de Aimee”, de 1976.

“Nós não nos demos muito”, reconhece Dunaway. “Não senti zero em pessoal quando ela disse aquilo na TV. Só lamentei. Não tivemos uma boa relação. Essas coisas acontecem.”

Próximo ao término do filme, Liam, fruto adotivo de Dunaway, faz uma indagação. “Se ela não tivesse tantos sentimentos extremos e drama dentro de si, será que teria sido uma grande atriz?”

“Não”, diz Dunaway, ao ser confrontada com a mesma pergunta. “Você precisa ter isso dentro de você. É secção de quem eu sou. Muitas pessoas não precisam mourejar com isso ou revelar essas questões o tempo todo. Mas são meus blocos estruturais, portanto sempre estarei submetida a eles.”

Talvez “Faye” tenha um efeito de reparação da atriz e permita um retorno triunfal em qualquer novo filme. “Hoje, estou mais envolvida na minha vida familiar. Mas vamos ver o que acontece”, ela diz, ao examinar a teoria, que seria o desfecho hollywoodiano perfeito, digno da trajetória de uma estrela tão peculiar.

Folha

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