Como Gays E Héteros Invertem Looks Com Cropped E Bermudona

Como gays e héteros invertem looks com cropped e bermudona – 13/03/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Sem camisa ou de regata, de bermudas longas e largas, deixando um pedaço da cueca à mostra e com uma manante prateada no pescoço. Leste é o look que Thiago Pantaleão veste quando está em lar. O cantor guarda a ousadia para seus videoclipes e os palcos, onde faz uma mistura antes incomum, adicionando croppeds, tops e luvas compridas às camisetonas e tênis que usa no dia a dia.

Pantaleão, que é bissexual, assim uma vez que o DJ Pedro Sampaio, estão na crista de um movimento recente na tendência —o de homens que rejeitam escolher sua vestimenta de convenção com estereótipos de sexualidade, sem se preocupar se está parecendo viril ou feminino. O mesmo acontece entre héterossexuais, caso do ator João Guilherme, que adora um cropped.

Na prática, peças antes ligadas ao vestuário hétero, uma vez que camisetas de time de futebol, bermudonas e camisas polo, vêm atraindo uma porção de rapazes da comunidade LGBTQIA+.

“Vivemos um momento de mais liberdade, com o respiro de poder transitar entre guarda-roupas e ressignificá-los”, afirma a consultora de tendência Monayna Pinho. “Num primeiro momento, a comunidade LGBTQIA+ usava isso uma vez que camuflagem e dissimulação. Agora, não.”

“Esperam ver meu estilo de roupa na galera do rap. Quando vem um cantor pop bissexual que se veste assim, gera um nozinho na cabeça, tá ligado?”, diz Pantaleão, de 26 anos. “Substanciar esse estilo é muito sobre declarar de onde eu vim.”

Desenvolvido no que considera um envolvente heteronormativo, em Paracambi, no Rio de Janeiro, Pantaleão se define uma vez que um cria. É uma vez que se convencionou invocar quem vêm de favelas, que inspiram um estilo formado por peças incontornáveis no imaginário suburbano, caso do tênis esportivos de 12 molas, cordões de ouro, bermudas compridas e chinelos.

João Guilherme, desenvolvido na capital paulista, frequentando sets de filmagens onde diz ter aprendido a conviver com pessoas LGBTQIA+, está do lado oposto de Pantaleão. Mas ele, aos 21 anos, também subverte o guarda-roupa que a sociedade ainda espera de um varão hétero.

Rebento do cantor sertanejo Leonardo, ele causou polêmica ao ser fotografado de cropped e com leque na Semana de Tendência de Paris em junho do ano pretérito. Assim, o ator jogou luz sobre a tendência agênero, isto é, a teoria de que nenhuma roupa é feita para varão ou para mulher, mas para seres humano.

A tendência faz sucesso nas redes sociais. No Pinterest, plataforma de tendências, a bermuda jeans historicamente rejeitada por homens gays ou bissexuais viu sua procura crescer 4.628% entre usuários do sexo masculino durante fevereiro, perante o mesmo período do ano pretérito. “Tutorial de maquiagem fácil” e “esmaltação para unha curta” também tiveram altas de 5.230% e 1.018%, respectivamente.

“Se enfeitar e ser vaidoso era uma verdade da tendência masculina”, diz João Braga, que ensina história da tendência na Faap, a Instauração Armando Alvares Penteado, há 33 anos. “Imperadores romanos e reis da Idade Média eram vistosos. No Renascimento, homens usavam salto cimo, meia de seda, flores e joias.”

Ele diz que o comportamento mudou na Revolução Industrial, no século 18. Na procura de roupas mais confortáveis para trabalhar, os homens deixaram a tendência e as mulheres ganharam a vanguarda. Foi assim até o surgimento do concepção de metrossexual, uma vez que se chamavam os homens muito vaidosos, uma vez que David Beckham, no início dos anos 2000.

Hoje as referências são outras. Os atores americanos Timothée Chalamet e Donald Glover, por exemplo, vestem peças decotadíssimas. O cantor Damiano, da filarmónica Maneskin, que já protagonizou um clipe sensual com Anitta, usa croppeds e saias. Harry Styles, que ouve críticas por supostamente fazer “queerbaiting” —isto é, exagerar de símbolos queer para se promover—, usa saia, maquiagem e esmalte.

No Brasil, Fiuk, que é hétero, também veste saia. Rodriguinho, o pagodeiro que fez secção deste BBB, usa esmalte. Enzo Celulari, rebento da atriz Claudia Raia e ex-namorado, vê sua sexualidade ser questionada nas redes porque pinta as unhas e às vezes usa roupas emprestadas dos armários da mãe e da mana.

A tendência ganha força por razão da geração Z, dizem os especialistas ouvidos pela reportagem. No TikTok e no Instagram, há vários homens gays e bissexuais angariando curtidas com looks considerados heteronormativos. É o caso de Jhonata Teixeira, que intercala camisetas de time e bermudonas com croppeds e suéteres estampados.

A prática gera debates acalorados na comunidade LGBTQIA+. Alguns dizem que esses homens estão deixando a feminilidade de lado porque fetichizam a figura do hétero. É o caso do influenciador Noi Augusto, que é gay, tem 30 anos e faz vídeos de tendência com peças associadas ao guarda-roupa hétero.

“Vários caras dizem não curtir afeminados nos aplicativos de pegação gay, logo vejo vários deles buscando parecer mais masculino numa intenção de hipersexualizar sua própria imagem.”

Sua visão encontra esteio na de Thiago Pantaleão. “A comunidade gay patroa aquilo que se aproxima do hétero e do viril. Quanto mais heteronormativo, mais fetichizado você é”, diz o cantor.

Outro influenciador que mistura os dois universos em seus looks se labareda Mitcho, que também é gay. Nos últimos meses, ele publicou um vídeo viral em que abria e experimentava uma chuteira prateada da Adidas, uma das marcas que tem se aproximado da comunidade LGBTQIA+, contratando garotos-propaganda uma vez que Pabllo Vittar, que é gay, e Jão, que é bissexual.

Giovanna Aranha, gerente sênior de marketing da empresa no Brasil, diz que a marca não necessariamente mira os LGBTQIA+ quando contrata esses artistas, mas reconhece que há um interesse crescente desse público.

Empresas de vestuário uma vez que Youcom, Renner e Zara também já notaram a tendência. Não é difícil entrar em uma dessas lojas e ver peças antes tidas uma vez que heteronormativas ganhando cores e cortes mais ousados.

Um exemplo de peça que virou preocupação entre o público gay é a camiseta laranja da Adidas que antes era associada ao vestuário hétero, mas ganhou apelo por ser usada por um dos protagonistas da série da Netflix “Heartstopper”, sobre o romance entre dois adolescentes, um deles jogador de rúgbi.

Até o futebol tem tentado se aproximar dessa tendência. O Bahia e o Vasco lançaram camisetas com as cores da bandeira LGBTQIA+ e o Barcelona criou dois uniformes virais com referências a Rosalía, uma das novas divas da música pop e queridinha da comunidade LGBTQIA+.

E a tendência não pegou só entre artistas. O engenheiro social Lucas Gesta, de 27 anos, que é gay, diz gostar da teoria de intercalar camiseta de time com peças mais ligadas à feminilidade, a depender da imagem que ele quer passar no dia.

“Uma vez, num churrasco de família, estava com uma calça muito folgada e camiseta, e meu primo, que é hétero, foi com uma calça superapertada e uma camiseta mais decotada. Minha tia viu e falou ‘nossa, as coisas mudaram mesmo, né?’”

Folha

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