Os turistas que sobem o Vidigal, na zona sul carioca, não têm fotografado exclusivamente as belezas naturais da comunidade, incrustada entre o mar e a Mata Atlântica.
Nos últimos tempos, eles estão voltando as suas lentes também para Juan Paiva, um dos moradores da favela. A tietagem, porém, não é sem motivo. Com 26 anos, cinco séries e três novelas no currículo, o artista desponta uma vez que um dos principais nomes da novidade geração de galãs da televisão brasileira, encarnando personagens trágicos que lidam com sofrimentos e injustiças radicais.
Ele pode ser visto atualmente no horário transcendente da TV Mundo, dando vida a João Pedro, um dos principais personagens do remake de “Renascer”. Faz segmento ainda do elenco da série “Justiça 2”, da Globoplay, em que encarna o motoboy Balthazar Gomes. A partir desta quinta-feira (8), Juan estará também nas salas de cinema, com o filme “De Pai para Rebento”, dirigido por Paulo Halm.
Na produção, o artista interpreta José, um jovem que vê a rotina virar de ponta-cabeça quando começa a ver o fantasma do pai, vivido por Marco Ricca. O espírito quer se aproximar do fruto, com quem teve uma relação distante durante a vida.
O longa é lançado em seguida o sucesso de “Nosso Sonho”, cinebiografia de Claudinho e Buchecha, dupla que arrebatou o Brasil no final dos anos 1990. A obra se tornou o filme vernáculo mais visto no ano pretérito, levando mais de 500 milénio pessoas às salas de cinema.
Apesar da trajetória ascendente, sua vaidade segue, por ora, no mesmo patamar de antes do estrelato. “Eu não me dou espaço para pensar no sucesso. Eu me sinto o mesmo de antes”, diz Paiva.
Se os turistas que sobem a favela se surpreendem ao esbarrar com o ator, os vizinhos que o viram crescer encaram a sua presença com naturalidade. “Eu não me deslumbro. Se isso acontecesse, alguém iria me retrair e falar: ‘Garoto, coloca o pé no pavimento.’”
O Vidigal não exclusivamente ajudou a moldar as visões que Juan tem sobre o sucesso, mas também o formou enquanto artista. Para vencer a timidez, ele começou a fazer teatro aos oito anos no Nós do Morro, associação cultural que existe há mais de três décadas na comunidade —onde se formaram nomes uma vez que Babu Santana e Roberta Rodrigues.
A estreia no cinema aconteceu em 2010, quando viveu Wesley no filme “5x Favela – Agora por Nós Mesmos”, produzido por Cacá Diegues e Renata de Almeida Magalhães, uma atualização do clássico “Cinco Vezes Favela”, marco do cinema novo.
Cinco anos depois, voltaria a viver um personagem de mesmo nome, só que desta vez na televisão. Em seguida ser reconhecido em um teste de elenco, entrou para a romance “Totalmente Demais”, exibida na filete das 19h da TV Mundo. “No início, eu tive muitas dúvidas de uma vez que encontrar um caminho interessante para o personagem, já que a TV era um formato novo para mim.”
E ainda havia um duelo suplementar. O personagem nutria o sonho de ser jogador de futebol, mas fica paraplégico em seguida ser atropelado.
Conforme a progressão do folhetim, ele se familiarizou com a telinha e perdeu o nervosismo. Cooperou para isso também o vestimenta de ele ter relatado com o espeque do elenco e da produção. “Trabalhei com pessoas muito agregadoras. O Wesley foi um grande presente na minha vida e uma viradela para a minha curso.”
Em paralelo, o trabalho veio num momento em que Juan buscava segurança financeira. Antes da estreia, ele se tornou pai, aos 16. “Foi desesperador. Estava terminando os estudos e não sabia uma vez que seria o meu porvir. Mas minha filha é uma bênção. Mal ela nasceu, comecei a trabalhar na televisão.”
O personagem também evidenciou características que ajudam a explicar o sucesso de Juan. Ele se firmou na teledramaturgia graças à sua verve dramática e à subida fardo emocional de seus personagens. São papéis com cenas de dores lancinantes, uma vez que a de perder um ente querido ou a de suportar uma injustiça.
Não à toa, depois da romance, ele foi escalado para viver outro jovem que perdia o movimento das pernas, dessa vez na série “Malhação”. Dissemelhante de Wesley, ele conseguiu voltar a marchar no transcursão da trama.
Para Juan, essa desenvoltura dramática lhe parece intuitiva. “Não tem uma fórmula mágica. Existem vários livros por aí, mas eles nem sempre funcionam para todo mundo”, diz o ator, acrescentando que não segue teorias. “Eu só sei que são estímulos e pensamentos que me ajudam a estar presente na cena e a deixar tudo transbordar.”
Esse turbilhão de emoções tem provocado comoção no público. As cenas em que o ator aparece chorando de forma copiosa viralizaram nas redes sociais. Os memes engrossam um movimento que pede pelo termo do sofrimento de seus personagens.
A campanha aumentou no mês pretérito, quando João Pedro, de “Renascer”, ficou transtornado ao saber que sua filha morreu durante o parto.
“Pelo paixão de Deus! Eu não aguento mais ver o Juan Paiva sofrendo em novelas. Espero que o próximo papel seja de vilão”, disse a internauta Babi no X, vetusto Twitter, em uma publicação com mais de 20 milénio curtidas.
Outra figura marcante foi o Ravi, de “Um Lugar ao Sol” —estreia de Juan no horário transcendente. Na trama, o jovem era o melhor colega de Christian, um dos gêmeos vividos por Cauã Reymond. Inicialmente, Ravi iria morrer, mas foi poupado em seguida desabar nas graças do público.
Isso não quer manifestar, porém, que ele tenha terminado o folhetim incólume. Em um dos capítulos, Ravi é recluso injustamente, réu de roubo. Situação parecida com o Balthazar de “Justiça 2”, estagnado por um violação que não cometeu, aproximando a ficção das franjas da sociedade.
“Desde que me conheço por gente, passo por situações de racismo em determinados lugares e cometidos por pessoas de uma classe social mais subida”, diz o artista. “Sou preto, favelado e também sou ser humano, assim uma vez que eles. É preciso que isso fique muito evidente.”
A política de segurança pública do Rio de Janeiro também impõe desafios. Na capital, as favelas são alvos frequentes de operações com altas taxas de mortalidade. Há também casos em que agentes agem de forma truculenta com pessoas negras e faveladas. “Já vi muita coisa sobrevir que me trouxe insuficiência. Policial que exerce verdadeiramente sua função não prejudica quem não têm zero a ver com a história.”
Apesar desses problemas, o artista não deixa o otimismo de lado, principalmente porque consegue oferecer mais conforto à família. “A gente passou por situações difíceis de miséria e vulnerabilidade. Isso me faz perceber que estamos avançando”, diz Juan. “Estou nesse campo de guerra e a conquista é diária.”