Existem fãs de música que, agora, conhecem trechos de canções acelerados de 15 segundos melhor do que a versão original.
Isso se deve a uma tendência emergente nas redes sociais, particularmente no TikTok. Criadores alteram o curso de canções populares em 25% a 30%, para escoltar vídeos virais curtos de danças ou outros temas. Estas versões estão até ajudando alguns artistas a subir de posto nas paradas oficiais.
Em novembro de 2022, fãs prepararam versões aceleradas do single “Escapism”, da cantora britânica Raye. Essas versões ajudaram a artista a chegar, pela primeira vez, ao topo da paragem solene britânica, muro de três meses depois do lançamento original.
Uma tendência inicial se desenvolveu com base na letra da música, que diz: “O varão que eu amava me fez sentar na noite passada e me disse que estava tudo feito, decisão estúpida”. E os usuários rapidamente postaram sua própria “decisão estúpida” em versões aceleradas da melodia.
Velocidade do som
O fenômeno traz um repto moderno: porquê os cantores podem fabricar a próxima gravação de sucesso se, na verdade, as pessoas ouvem uma versão que pode tanger de forma tão dissemelhante?
O hábito de ouvir canções aceleradas começou no início dos anos 2000, quando surgiram as edições nightcore. Elas foram lançadas por uma dupla de DJs noruegueses do mesmo nome, que aumentavam o tom e a velocidade das canções.
Agora, estas edições são comuns nos nossos aplicativos de redes sociais, que podem aumentar a velocidade dos podcasts, anotações de voz, filmes e tudo o mais, para podermos consumi-los em menos tempo.
O Spotify é um exemplo. Em 2023, mais de um terço dos ouvintes dos Estados Unidos acelerava os podcasts e muro de dois terços ouviam as canções em curso mais rápido.
O serviço de streaming confirmou à BBC que está testando atualmente uma novidade função, mais universal, que potencialmente poderá nos permitir remixar o curso das canções e compartilhá-las.
A escritora Mary Beth Ray, especializada em cultura músico do dedo, afirma que as plataformas de vídeos curtos porquê o TikTok “restringem nossas formas de ouvir” em trechos de músicas —mas estas restrições também permitem “vivenciar as canções de forma dissemelhante”.
Para ela, “os clipes curtos oferecem um caminho menor para aquela injeção de dopamina que as redes sociais querem nos fazer sentir. Por isso, existe um elemento viciante para o qual somos conduzidos.”
Pressão para o lançamento
A DJ Maia Beth, da BBC Rádio 1, acredita que, hoje em dia, é difícil para as gravadoras e para os músicos estabelecidos ignorar esta tendência. “Às vezes, pode parecer que, se eles não lançarem a versão [acelerada], outra pessoa irá fazê-lo”, afirma ela.
Beth reconhece que não consegue se imaginar ouvindo a versão acelerada de uma melodia completa. Ela acredita que esta tendência não deverá necessariamente ser uma grande preocupação para os músicos.
“As versões aceleradas das faixas podem ajudar os artistas a fazer sucesso ou viralizar, mas oriente sucesso inicial pode não persistir muito”, segundo Beth, que apresenta o programa Anthems, na BBC Radio 1.
As canções aceleradas ou desaceleradas não oficiais são diferentes do remix profissional. Elas são muito mais curtas e podem ser elaboradas facilmente por qualquer pessoa, incluindo no TikTok, Instagram Reels e em outros aplicativos. Mas algumas das nossas maiores estrelas da música pop estão adotando esta tendência.
A cantora canadense Nelly Furtado foi ‘chamada de volta’ a trovar e criar quando seus sucessos viraram tendência no TikTok.
Em 2022, a cantora americana Summer Walker lançou seu primeiro álbum totalmente depressa – uma versão remixada do seu álbum de 2018, “Last Day of Summer”, que surgiu depois de uma tendência dançante no TikTok.
Billie Eilish também lançou versões oficiais das suas canções, mais lentas e mais rápidas. E as canções de Sabrina Carpenter “Please Please Please” e “Espresso”, recordistas na primeira posição das paradas britânicas, receberam tratamento similar.
O TikTok declarou ter observado aumento da quantidade de versões aceleradas e desaceleradas de músicas de catálogo, que foram retiradas da plataforma e lançadas oficialmente.
Estes lançamentos oficiais com curso trocado agora são somados à melodia original na Paragem Solene Britânica de Singles, ao lado dos remixes, versões acústicas e ao vivo. Tudo isso ajuda os artistas a subir de posição.
Mas nem todos estão satisfeitos com esta tendência. A popularidade das versões com velocidade alterada pode fazer com que seja mais difícil diferenciar o original do remix, distorcendo a velocidade, o tom e o clima desejado pelo artista.
Em março, falando para o podcast “A Safe Place”, o cantor e rapper americano Lil Yachty declarou ter ficado constrangido quando pediu para retirar versões alternativas da sua melodia “A Cold Sunday”.
Em outubro de 2022, em um dos shows da turnê “Give You The World”, do cantor americano Steve Lacy, o público parecia não trovar muito seu sucesso “Bad Habit”. Algumas pessoas compartilharam vídeos online, indicando que segmento da plateia reconhecia melhor a versão popular de um trecho depressa da melodia, do que sua versão original.
Alguns artistas talvez gostem mais das novas versões do que outros. Mas parece que elas vieram para permanecer.
Para a artista e produtora londrina tonka._.b, de 23 anos, o ajuste da velocidade e do curso faz segmento do seu processo criativo.
“Paladar de ouvir minhas canções três vezes: aceleradas, lentas e em velocidade normal”, ela conta. “Cada uma delas oferece uma sensação totalmente dissemelhante, cada uma delas abre as portas para novos públicos.”
Leste texto foi publicado primeiro na BBC.