Como Nosferatu De Robert Eggers Revê Lado Sexy Do Vampiro

Como Nosferatu de Robert Eggers revê lado sexy do vampiro – 01/01/2025 – Ilustrada

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De todas as figuras icônicas do cinema, o vampiro Nosferatu talvez seja uma das menos sensuais. Nascido no filme de mesmo nome de 1922, o personagem de forma lânguida, dentes e unhas impossivelmente pontiagudos, escoltado por um tropa de ratos podia até perseguir a mocinha, mas definitivamente não era um garanhão.

Talvez seja levante o grande tino de novidade da versão de Robert Eggers para a história, que chega aos cinemas na ressaca do Ano-Novo. Em vez de seguir a tendência recente de tratar a figura do vampiro uma vez que a de um varão bonitão, um paspalhão ou até um incompreendido, o cineasta aumenta a dosagem de horror e repulsa atrelada originalmente ao monstro.

“É permitido ver uma vez que o vampiro evoluiu no cinema ao longo dos anos. Tivemos várias versões assustadoras e depois ele foi se tornando mais e mais romantizado, até chegarmos a Anne Rice [autora de ‘Entrevista com o Vampiro’] e Edward Cullen [da franquia adolescente ‘Crepúsculo’], um herói cintilante que não é mais uma ameaço”, diz Eggers.

“Tudo muito, é um tanto bacana, mas eu queria voltar para aquela imagem do vampiro sujo e mefítico, a de um morto que anda por aí de forma assustadora e intimidadora”, continua o cineasta, em seu quarto longa depois se devotar uma vez que nome potente do horror em “A Feitiçeira”, de dez anos detrás.

Nem por isso seu “Nosferatu” deixa o sexo de lado. O filme pode até ter fincado suas presas no macabro, mas tem ares de thriller erótico que o amarram ao resto da filmografia curta e celebrada do americano. Eggers, por fim, coleciona simbolismos que fazem do libido e do corpo temas centrais de sua obra.

Em “O Farol”, de 2019, ele enquadrou uma bulha de egos masculina em torno da fálica construção navegação que dá nome ao filme. Em “O Varão do Setentrião”, de 2022, também centrou a trama em dois machões, que no vértice ficam completamente nus e erguem suas espadas diante de um vulcão que dispara jatos de lava quente e espessa.

“Nosferatu”, por sua vez, é descrito por Eggers uma vez que uma história de paixão demoníaca envolvendo um triângulo amoroso. Uma vez que no marco do expressionismo germânico dirigido por F. W. Murnau, acompanhamos Thomas Hutter, papel de Nicholas Hoult, funcionário de uma dependência imobiliária que viaja até a distante Transilvânia para fechar um negócio.

Lá, descobre que seu cliente, um irreconhecível Bill Skarsgard, é uma perigosa indivíduo das trevas, que bebe seu sangue e quer se mudar para a Alemanha em procura de músculos fresca –especificamente, a da própria mulher de Hutter. Interpretada por Lily-Rose Depp, Ellen tem pesadelos há anos com a indivíduo, graças a uma inexplicável conexão com o sobrenatural.

Uma vez que no original, “Nosferatu” é uma versão às avessas de “Drácula”, clássico literário de Bram Stoker. Sem estagnar os direitos autorais para harmonizar o livro nos anos 1920, Murnau mudou nomes de personagens e pequenos detalhes da história, o que não impediu o espólio do irlandês de ir aos tribunais.

Eggers faz jus ao romance vitoriano, escandaloso por suas entrelinhas costuradas pelo libido lascivo da besta pela mocinha, e também a adaptações cinematográficas uma vez que a de Francis Ford Coppola, em que todos os personagens parecem estar mortos de tesão.

“Eu busquei um estabilidade, porque tenho muito reverência e espanto pelo ‘Nosferatu’ original e não queria simplesmente fazer mais um ‘Drácula’. No término precisei seguir meus instintos e encarregar no que estava fazendo”, afirma o diretor.

O longa tem até mesmo uma cena de nu frontal masculino, rara em produções desse porte. Nela, o vampiro flutua sobre seu caixão com o pênis pálido e resguardado por feridas à mostra. Ele encara Thomas, todo mordiscado pelo sangue que lhe foi chupado, antes de penetrar os sonhos de Ellen num rompante de libido e ira.

Ela não é tão vítima assim, porém. Essa indivíduo que invade seus pensamentos, por mais repugnante que seja, exala uma paixão ardente que falta em seu marido, um varão devotado porém medíocre. Há perceptível prazer necrófilo pela forma que seus pesadelos tomam.

“Ela não precisa de um exorcismo, mas do marido”, brada sua amiga, atordoada pela visão de Ellen se contorcendo na leito, com os olhos revirados e os gemidos de êxtase ecoando pelo quarto. Mal sabe ela que, em seus delírios noturnos, quem a visitante é o amante das trevas, e não o almofadinha com quem casou.

Consentimento, em “Nosferatu”, não é um termo verbalizado, mas está presente à sua maneira. Por mais que o monstro invada sonhos sem permissão, ele deixa simples a Thomas que só pode possuir Ellen se, primeiro, ele assinar um termo e, depois, se ela se entregar por livre e espontânea vontade.

Em paralelo, o vampiro condena a família de mercantil de margarina que acolhe Ellen na escassez de Thomas. Burgueses e donos de uma felicidade entorpecedora, os personagens de Emma Corrin e Aaron Taylor-Johnson veem os seus caindo um a um, numa espécie de mensagem antimoralista, pode-se expor.

As cruzes que cobrem sua bela lar são ofuscadas pelas sombras conforme Nosferatu faz sua cidadezinha de refém, sem que Eggers caia na tentação de transformar o filme numa coleção de imagens excessivamente escuras, uma vez que várias produções recentes que forçam o testemunha a franzir os olhos.

O americano volta a trabalhar com o diretor de retrato Jarin Blaschke, que conferiu aos seus três filmes anteriores visuais fortes e movimentos de câmera que têm um tanto a amplificar à história. Em “Nosferatu”, ele faz o testemunha escorregar junto às forças místicas que profanam a vidinha dos personagens, buscando a indivíduo no chiaroscuro dos cenários.

Estes são quase todos práticos. Eggers dispensou o uso de CGI, a computação gráfica, sempre que verosímil. Lobos e ratos correm em músculos e osso por florestas e ruas de pedra também reais. Já o fortaleza de Nosferatu existe, e fica na Transilvânia, mas uma renovação em seus interiores forçou a equipe a reconstruir o opulento mausoléu de pedra em estúdio.

“É muito mais fácil trabalhar dessa forma, porque se temos que produzir um mundo em nossa cabeça, segmento da vontade do ator é gasta nisso”, diz Willem Dafoe, que interpreta um personagem inédito, um professor expulso da universidade de medicina por motivo de suas ligações com o ocultismo.

“Se chegamos num set de filmagem e ele está todo lá, completo, aquele envolvente vai te expor o que fazer e uma vez que agir. Há uma lógica própria em cenários reais que te dá motivação”, continua o ator, que mergulhou fundo no folclore vampiresco e no esoterismo sob orientação de Eggers.

Há muito esforço neste que é o projeto dos sonhos de Eggers. Com o prestígio que acumulou, o diretor conseguiu enfim tirar os planos de uma dezena do papel, se distanciando respeitosamente de Murnau e da versão de Werner Herzog, de 1979.

Uma vez que as garras de Nosferatu, que numa câmera aérea vão se apossando da cidadezinha de Wisborg, Eggers agora toma para si um pedaço importante do cinema de horror.

Folha

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