Como Nosso Lar Dribla Brasil Evangélico Para Fazer Sucesso

Como Nosso Lar dribla Brasil evangélico para fazer sucesso – 24/01/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

São três as provações pelas quais “Nosso Lar 2: Os Mensageiros” vai passar quando chegar aos cinemas nesta semana.

Primeiro, precisará provar seu próprio apelo 14 anos posteriormente o filme original levar 4 milhões de espectadores às salas. Depois, vai testar se o espiritismo continua poderoso num Brasil que, neste meio tempo, viu a subida das igrejas neopentecostais. Por termo, vai medir o poder de atração do cinema vernáculo antes que a prestação de tela, recém-sancionada pelo presidente Lula, seja de roupa implementada.

Tudo isso num cenário ainda hostil ao audiovisual sítio, posteriormente a carência de políticas públicas para o setor durante o governo de Jair Bolsonaro, o acirramento de um oração contra a classe artística e a subida do streaming, que na prática escanteou produções de pequeno e médio porte, uma vez que são os filmes brasileiros, nos dados de bilheteria.

Dirigido por Wagner de Assis, que comandou a produção seminal e outras do subgênero espírita, uma vez que “Kardec” e “Chico para Sempre”, “Nosso Lar 2” estreia querendo mais uma vez ser um blockbuster, uma vez que foi o caso em 2010, quando alcançou a quinta posição na lista de maiores bilheterias nacionais da estação.

Agora encontra, no entanto, um país muito dissemelhante daquele, seja na extensão cultural, seja na religiosidade. Se antes os católicos, que vão menos às igrejas, eram a maioria da população, hoje eles caíram para 50%, enquanto os evangélicos, três vezes mais assíduos —e, portanto, mais fiéis a seus ritos—, segundo pesquisa do Datafolha de 2020, subiram para 31%.

Fundamentado na obra literária de Chico Xavier, maior nome do espiritismo no Brasil, “Nosso Lar 2” afirma, ainda nos primeiros minutos de tela, que “a morte não existe, quando acordamos na dimensão paralela, continuamos a responder por nossas histórias. É um roupa, não uma crença”.

Assis, no entanto, diz que o longa é uma ficção sem proselitismo ou caráter doutrinário. Segundo ele, foi por motivo de temas universais, “que não são propriedades do espiritismo”, que o primeiro filme conseguiu recepcionar R$ 36 milhões de bilheteria, números impressionantes para a verdade do audiovisual brasílio.

“Nosso Lar” não está sozinho. Entre os anos 2000 e 2010, o nicho espírita se provou uma mina de ouro para o cinema vernáculo. Além dele, “Bezerra de Menezes – O Quotidiano de um Espírito” e “As Mães de Chico Xavier” foram sucessos naquela viradela de dez, com muro de meio milhão de espectadores cada.

“Chico Xavier”, por sua vez, levou 3,4 milhões de pessoas às salas de cinema. Antes da pandemia, “Divaldo – O Mensageiro da Tranquilidade” e “Kardec”, ambos de 2019, mostraram que ainda havia público para o subgênero, com 430 milénio e 749 milénio espectadores, respectivamente.

Em paralelo, cresceu na última dez a presença de evangélicos nas telas. “Zero a Perder”, “Os Dez Mandamentos” e “Zero a Perder 2” venderam 12, 11 e 6 milhões de ingressos, nesta ordem. O número é inflacionado, já que templos compravam entradas e distribuíam para fiéis que não necessariamente compareciam às sessões, uma vez que reportagens mostraram à estação, mas mesmo seu público real já forma uma volume considerável.

“Nosso Lar 2” vai tentar trilhar o mesmo caminho com uma trama que retorna ao projecto etéreo que dá nome ao longa, para onde vão os espíritos posteriormente sua morte biológica e onde aguardam a reencarnação.

O cenário é o que liga o primeiro e o segundo filme, já que, agora, acompanhamos cinco guias espirituais que voltam à Terreno para orientar um médium. Entre eles estão personagens vividos por Edson Celulari, Fernanda Rodrigues e Fábio Lago. Othon Bastos retorna uma vez que o governador Anacleto.

“Eu quero crer que ‘Nosso Lar 2’ vai ser um resultado de cinema, e o cinema é democrático, é desobstruído a qualquer pessoa que queira sentar e ver o filme”, diz Wagner de Assis. “É da natureza do próprio espiritismo não ser doutrinário, logo não temos a presunção de proteger uma risca filosófica ou outra. A gente espera que isso funcione agora do mesmo jeito que funcionou no primeiro filme.”

Não foi só no cinema, no entanto, que os evangélicos ganharam fôlego e abocanharam uma fatia generosa do público interessado nos filmes de fé, que só no ano pretérito teve ainda uma vez que exemplares “Nas Ondas da Fé”, “O Pastor e o Guerrilheiro” e “Mato Sequioso em Chamas”. Na televisão também ocorre movimento semelhante.

Mesmo que “A Viagem”, baseada no kardecismo, esteja voltando para uma reprise no Viva, a Orbe já deixou simples seu libido de priorizar os evangélicos, com tramas inteiras girando em torno de personagens desse grupo religioso, uma vez que “Vai na Fé”, e trocas de padres por pastores, uma vez que a que ocorreu no remake de “Renascer”.

Se antes os espíritas ocupavam lugar privilegiado nos núcleos espirituais dos folhetins, uma vez que em “Além do Tempo”, “Paixão Eterno Paixão” e “Escrito nas Estrelas”, todas da última dez, agora eles vêm rareando. Autora de todas essas tramas e a única especializada no tema na Orbe, Elizabeth Jhin foi demitida da emissora há dois anos, posteriormente três décadas de trabalho.

Desde a pandemia, o cinema brasílio sofre com bilheterias pouco expressivas. Enquanto produções estrangeiras conseguiram aos poucos retomar os níveis de arrecadação, as nacionais custaram para despertar o interesse do público. Foi só na semana retrasada que um longa produzido por cá, “Minha Mana e Eu”, conseguiu atingir um milhão de espectadores –um pouco que ao menos as comédias faziam com certa facilidade antes da Covid-19.

“Nosso Lar 2” tenta agora driblar o novo contexto religioso que se estabeleceu no país, mesmo sem o escora que a prestação de tela teria oferecido, caso já estivesse em pleno funcionamento, uma vez que obriga os cinemas a destinar secção de sua programação, incluindo os horários nobres, antes das 17h, a filmes nacionais

A obra também representa o tipo de aposta que a indústria sítio faz nesta esperada retomada. Sequências, uma vez que também vem acontecendo em Hollywood, despertam cada vez mais o interesse de produtores brasileiros. Depois de “Ó, Paí Ó 2”, o filme espírita se junta a “O Auto da Compadecida 2” e “Estômago 2” na lista dos sucessos comerciais de outrora que tentam uma novidade chance nas bilheterias neste ano.

“O que é bom pode ser repetido, revisto, recriado. A pandemia trouxe um pouco essa teoria de revisitar algumas coisas. Que sejam bem-feitas”, diz Edson Celulari, que vê certa nostalgia no movimento, para além do inescapável paisagem mercantil.

Folha

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