Como Novo 'planeta Dos Macacos' Critica Fanatismo Político 09/05/2024

Como novo ‘Planeta dos Macacos’ critica fanatismo político – 09/05/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Os filmes “Planeta dos Macacos” nunca se acovardaram. Distribuíram, ao longo de nove títulos, um amontoado de discussões sociais e políticas, atravessando diferentes décadas e contextos históricos. “O Reinado”, décimo capítulo, que estreou nesta semana nos cinemas, agora mira suas críticas no fanatismo político, com traços messiânicos.

Centenas de anos se passaram desde os acontecimentos da trilogia mais recente, que mostra as origens do cenário exibido em “O Planeta dos Macacos” de 1968. César, o chimpanzé protagonista dos últimos filmes, lançados entre 2011 e 2017, virou uma figura divina entre os macacos, louvado por ter se sacrificado pela sobrevivência da sociedade primata numa guerra contra os humanos.

Ele virou símbolo para o muito e para o mal. Há bichos que tentam preservar seus preceitos de justiça e recato, enquanto outros deturpam o lema “macacos unidos, fortes” para incitar a violência e a ditadura.

E o planeta agora é mesmo dos macacos, que se balançam entre as ruínas de construções tomadas pela natureza. Concreto faz as vezes da madeira neste porvir pleno de ancestralidade, num contexto em que a gripe transmitida pelos símios dizimou quase por completo os humanos —os poucos que sobraram são mudos e selvagens.

Quem assume o núcleo da história é Noa, um macaco jovem, curioso e justo, à perfeita imagem de César —moral e fisicamente. Depois ver a família e seu clã serem atacados, ele segmento numa jornada de vingança e conhece Mae, uma das raríssimas humanas que ainda sabe falar. Ela está sendo caçada por um grupo de primatas liderado pelo ditador Proximus César.

O vilão é também, à sua maneira, uma indivíduo religiosa, que distorce os dizeres de César ao pregar para um quadrilha de macacos devotos. Ver nas telas a subida do governo tirânico, escorado na fé de um povo cego, deve fazer o público pensar em recentes líderes políticos do mundo real.

Trebelhar com paralelos sociais entre a humanidade e os macacos digitais é vontade declarada do diretor Wes Ball. “Queria falar sobre conhecimento perdido num mundo perdido. Sou atraído pela teoria de que o mundo que nós criamos desmoronou e se tornou quase irreconhecível num envolvente proveniente”, afirma ele.

Nesse contexto de derrocada humana, os macacos descobrem a eletricidade. Em meio ao sarça do filme, bichos carregam lanças que dão choque, mas querem mais —mais pólvora, metal e poder.

Ball diz que o filme reflete, de certa forma, a Idade do Bronze, período da pré-história. “Senhoril o noção de criarmos um mundo de fantasia, com macacos, que atravessa eras semelhantes às que tivemos na humanidade.”

Ele só dirigiu três filmes antes deste, a distópica saga “Maze Runner”, que não tem lá raízes muito firmes. Agora ele vive uma subida —antes mesmo de “O Reinado” trespassar, o cineasta foi anunciado uma vez que líder da vindoura adaptação do jogo de fantasia “The Legend of Zelda”, que deve misturar atores em mesocarpo e osso a projeções gráficas.

Zero que já não tenha feito exaustivamente neste novo “Planeta dos Macacos”, que supera os já impressionantes efeitos visuais de “A Guerra”, lançado em 2017, ao pôr macacos digitais por cima de atores de verdade.

Nenhum deles é Andy Serkis, tradutor de César e rabi dessa técnica, tendo antes atuado uma vez que o horroroso Gollum em “O Senhor dos Anéis” e o macaco de “King Kong”.

Ainda que a Disney não tenha recontratado o ator para “O Reinado”, Andy Serkis quebrou um galho para o estúdio e deu dicas aos novatos.

Para dar vida aos macacos, os intérpretes trabalham espremidos num macacão de lycra com sensores colados no rosto, que captam cada movimento e frase. Eles são cobertos depois pelos focinhos e pelos dos primatas, de forma do dedo, na pós-produção.

É um trabalho multíplice, assinado pela Weta Do dedo, empresa responsável pelos últimos “Planeta dos Macacos” e que ganhou o Oscar por “Avatar: O Caminho da Chuva”.

“Os atores eram inexperientes. Serkis dizia ‘confiem no processo porque daqui um ano vocês verão que aquela roupa e os pontos idiotas colocados nos seus rostos vão ser traduzidos de forma adequada para um personagem sintético’”, conta Wes Ball, o diretor.

“Foi uma experiência selvagem”, ele afirma. “Eu me sentia familiarizado com efeitos visuais e achava que sabia onde estava me metendo, mas, nossa, foi tão difícil fazer esse filme. Parecia que tudo estava quebrado o tempo todo, uma vez que se estivéssemos esculpindo, separadamente, peças de um quebra-cabeça.”

Há tempos se discute, no meio cinematográfico, se quem atua por trás de uma figura do dedo deve ser premiado ou não. O próprio Serkis é padroeiro ferrenho da teoria de que, sim, ator é ator, seja enroupado por uma fantasia física ou computadorizada.

“O maior manobra é se livrar da vaidade, porque você não vê seu rosto na tela. Prefiro me esconder dentro de um personagem”, o ator disse, em entrevista, em 2017, quando visitou São Paulo para publicar seu último filme uma vez que César.

Apesar de não deixar claros os requisitos para que um ator ou atriz sejam indicados à sua estatueta, o Oscar tradicionalmente ignora performances feitas por artistas escondidos sob animação.

Em entrevistas, Serkis vinha se mostrando esperançoso, dizendo que esperava uma novidade mentalidade dos votantes mais jovens da Liceu. Com “A Guerra”, deixou evidente que ansiava por uma indicação ao prêmio. Não aconteceu.

Se aquele filme, repleto de drama, concluiu a jornada de César sob o peso da nevasca, o diretor Wes Ball quis dar um siso de recomeço ao encher de luz seu “O Reinado”.

“A maior segmento do filme acontece em sets que construímos em espaços reais. É importante sujar as unhas de terreno, mas tive muito trabalho para esconder as câmeras infravermelhas da tomada de movimento pelo envolvente. Foi maluco”, afirma ele.

O cineasta quer encaminhar novos filmes da série “Planeta dos Macacos”, que devem chegar em breve. Lançada em 1968, a franquia é uma das mais longevas da história. Se depender da anelo da Disney, há ainda muita macacada por vir.

Folha

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