Mulheres e homens solteiros vestindo biquínis e bermudas desfilam seus corpos sarados em uma ilhéu deserta, batizada de “inferno”. Para irem ao “paraíso”, hotéis luxuosos fora de lá, eles participam de jogos físicos, flertam e precisam dar match com alguém.
Essa é a premissa de Solteiros, Ilhados e Desesperados, reality show de namoro da Coreia do Sul que ganha novos episódios nesta terça (14). O programa conseguiu fazer sucesso e chegar à quarta temporada ao ser lançado pela Netflix e driblar regras de emissoras de TV, que proíbem exibir pessoas de biquíni ou com tatuagens, por exemplo.
Quando estreou, em 2021, o “inferno dos solteiros” causou alvoroço com a proposta. Para o público brasiliano, no entanto, ele passa longe da pegação e das “tretas” de títulos do gênero, porquê De Férias com o Ex, Brincando com Queima ou até o Big Brother. As paqueras rolam na conversa e leva tempo até que os participantes percam a formalidade. O ponto sobranceiro nas três temporadas foi um ósculo na bochecha.
Esses comportamentos refletem uma postura mais conservadora da sociedade coreana quando se trata de relacionamentos, o que respinga no que é exibido na TV. “A transmissão está sujeita a regulamentos de revisão com base em sua universalidade. A produção de programas de namoro explícitos, porquê oriente, não é permitida”, explica Kilhwa Jung, profissional em hallyu (vaga coreana) e pesquisador de teor com 35 anos de curso no mundo televisivo.
Ainda assim, o reality chamou a atenção. A primeira temporada entrou no top 10 global de programas em língua não-inglesa. A segunda edição ficou quatro semanas consecutivas no topo do ranking, com 65 milhões de horas reproduzidas. O terceiro ano trouxe mudanças ao formato, porquê ter duas ilhas, o que levou ao pico de popularidade, atingindo o topo de audiência em 31 países. Outrossim, os hotéis e restaurantes visitados durante o programa viraram pontos turísticos.
Por isso, havia expectativa para a quarta edição. Os criadores de Solteiros, Kim Jae-won e Kim Jung-hyun, prometem enaltecer o clima, e dizem que esta será a temporada “mais quente”, com “romances ardentes e toques ousados”. “É um programa de namoro que realmente evoluiu”, afirmam. O concepção da vez, “apocalipse”, trará novidades, porquê jogos em casais e “dates realísticos” no paraíso.
Para os produtores, um dos principais motivos para o sucesso do programa está na escolha do elenco e no visual dos homens e mulheres. É generalidade escalarem modelos, atletas e até misses. A escolha de pessoas que seguem padrões de formosura do país asiático reflete a preço que a sociedade coreana dá à imagem.
O pesquisador Kilhwa Jung destaca porquê o reality dá ênfase em mostrar homens sem camisa e mulheres de biquíni. “O programa parece estar explorando os desejos secretos dos espectadores. Acho que essa particularidade tira vantagem da psicologia voyeurística.” As relações exibidas, no entanto, não necessariamente refletem a vida cotidiana do coreano médio, ele observa. “No dia a dia, os coreanos geralmente mantêm uma atitude solene e de seriedade.”
Entre os nomes já divulgados desta temporada estão modelos e atores de k-dramas. Segundo os produtores, os novos participantes são mais “ousados e honestos com as próprias emoções”. Eles dizem que um protagonista deve se realçar e citam Lee Kwan-hee, jogador de futebol da última edição que gerou reações mistas ao ser sincero demais e dar em cima de várias garotas. “O envolvente solitário da ilhéu deserta naturalmente desperta emoções”, afirmam os produtores.
A escalação de rostos conhecidos é criticada pelo público coreano. Enfim, o reality virou uma plataforma para os integrantes, que viram influenciadores. Um deles, Dex, até se tornou um dos apresentadores. Ele se juntou a outras quatro celebridades, que reagem aos episódios —e ficam constrangidos e espantados com uma cena mais quente.
A Coreia do Sul tem uma cultura possante de reality shows, que chegam até a ser exportados, caso de The Masked Singer, criado por lá e com versão no Brasil. Os formatos são diversos, porquê o que observa a vida diária dos participantes, de sobrevivência e de jogos de competição. “Solteiros é popular porque não é roteirizado e combina todos esses formatos”, diz Kilhwa Jung.
Com selo da Netflix, que visa o mercado global, o reality de namoro abriu caminho para outros programas sul-coreanos alcançarem sucesso no streaming, porquê A Guerra dos 100 e Guerra Culinária, que ganharam continuações. Os quatro primeiros episódios de Solteiros já estão disponíveis, e os próximos serão disponibilizados semanalmente.
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