O vilão Thanos foi o grande contraditor dos heróis Vingadores nos dois épicos dos Estúdios Marvel, “Vingadores: Guerra Infinita” (2018) e “Vingadores: Ultimato” (2019). Com Josh Brolin uma vez que tradutor do terrorista, o segundo longa fechou a Saga do Infinito, composta por 22 filmes do Universo Cinematográfico Marvel (UCM), acumulando US$ 2,97 bilhões em vendas de ingressos ao volta do planeta.
Os muitos feitos da Marvel uma vez que um dos mais bem-sucedidos estúdios hollywoodianos de todos os tempos são celebrados no livro “O Reinado da Marvel Studios: A História de Uma vez que o UCM se Tornou um dos Maiores Fenômenos Culturais do Nosso Tempo”.
Uma de suas autoras, Joanna Robinson, no entanto, faz questão de ressaltar os aspectos acidentais que contribuíram para o sucesso da empresa —sendo a presença de Thanos um deles.
O vilão deu as caras no cinema na cena pós-crédito de “Vingadores” (2012), uma vez que uma folgança do diretor Joss Whedon.
“Uma das minhas histórias favoritas é que o Joss Whedon sugeriu a ponta do Thanos em ‘Vingadores’ uma vez que uma espécie de presente para os fãs”, conta Robinson. “Logo o Thanos se tornar o vilão mais importante da franquia inteira não estava nos planos. Foi tipo, ‘ah, vamos fazer! Oba, deu notório, logo vamos fazer a Saga do Infinito’”.
Escrito por Robinson em parceria com Dave Gonzales e Gavin Edwards, ‘O Reinado da Marvel Studios’ é o principal retrato da transformação da Marvel de editora de histórias em quadrinhos à borda da falência nos anos 1990 a uma das empresas de maior sucesso da história do cinema.
Apesar de não solene, o livro conta com depoimentos de alguns dos principais artistas, cineastas e produtores que trabalharam na construção do estúdio. Ele vai da aposta em um Robert Downey Jr. em baixa para dar vida ao Varão de Ferro em 2008, à compra da Marvel pela Disney e as investidas em séries para a plataforma de streaming Disney+.
A obra chega às livrarias brasileiras em meio à primeira crise da Marvel. As vendas de ingressos e as críticas já não são mais as mesmas: o recente “As Marvels” custou US$ 275 milhões e fez somente US$ 208 milhões em vendas de ingressos ao volta do mundo.
“As primeiras fases foram muito mais planejadas e esse protótipo deu notório porque eles foram capazes de deixar tudo conectado para que parecesse premeditado”, diz a autora sobre os primeiros 11 anos de sucesso da Marvel. “Eles não são mais tão bons nisso porque estão tentando fazer muitas coisas ao mesmo tempo”.
“O Reinado da Marvel Studios” é focado nesses primeiros 11 anos de sucesso da Marvel uma vez que estúdio de cinema. O livro começa inclusive alguns anos antes, lembrando uma vez que a empresa, quando ainda somente editora de histórias em quadrinhos, chegou perto da falência. Robinson, Gonzales e Edwards também entram na tempo mais recente e controversa do estúdio.
Eles contam no livro uma vez que as investidas do estúdio em séries partiram de demandas da Disney por teor para a plataforma Disney+. E se as imposições da dona da Marvel resultaram em produções não tão muito sucedidas, o guarda-chuva da mansão do Mickey tira algumas preocupações de seus investidores.
“É a Disney, ninguém vai à falência”, resume Gonzales. “Eles têm cruzeiros e parque de diversões para bancá-los, logo [a Marvel] ainda têm muita liberdade. Temos essa teoria de que a Marvel tem que ser a maior bilheteria ou um tanto assim, porque vimos isso sobrevir, mas acho que o livro mostra que o sucesso deles não segmento de uma fórmula”.
Ele acredita que o Universo Cinematográfico Marvel só deixará de viver caso um dia um dos filmes “Vingadores” venha a fracassar. “Se a propriedade intelectual ‘Vingadores’ morrer, logo eles terão um problema real, porque mostraria um desinteresse do público na marca”.
Joanna Robinson e Dave Gonzales também apontam alguns paralelos entre a construção do Universo Cinematográfico Marvel e sua versão original uma vez que editora de histórias em quadrinhos, principalmente em sua relação entre os manda-chuvas da empresa com seus autores —sejam eles quadrinistas ou diretores de cinema.
Se nas HQs a apropriação de créditos de Stan Lee (1922-2018) e o não pagamento de royalties são motivos de críticas à editora até hoje, no cinema não é muito dissemelhante. Recentemente, o roteirista Ed Brubaker, cocriador do personagem Soldado Invernal, um dos protagonistas de “Capitão América 2: O Soldado Invernal” (2014), contou ter recebido mais por sua ponta no filme do que pela concepção do herói.
“A triste verdade é que toda essa indústria joga contra os criadores”, diz Gonzales. “Ela caminha rumo a um cenário mais justo, mesmo que ainda esteja muito distante de qualquer justiça”.
O mesmo vale para os filmes em termos de liberdade criativa. Eles lembram uma vez que Edgar Wright abandonou o primeiro “Varão-Formiga” (2015) depois anos de trabalho no longa e Chloé Zhao fez um dos longas menos inspirados da Marvel, “Eternos” (2021), depois de levar o Oscar de melhor direção por “Nomadland” (2020).
“A Chloé Zhao é um ótimo exemplo de alguém que chegou e tentou fazer um tanto próprio, mas acabou sendo engolida pelo sistema da Marvel”, diz Gonzales.
Para Robinson, o horizonte da Marvel depende do sucesso das duas grandes franquias da editora ainda não exploradas no cinema pela Marvel Studios: o Quarteto Fantástico e os X-Men.
Enquanto um filme dos personagens mutantes ainda não ganhou data de lançamento, o Quarteto ganhará sua novidade versão cinematográfica em julho de 2025. Pedro Pascal será o Sr. Fantástico, Vanessa Kirby a Mulher Invisível, Ebon Moss-Bachrach o Coisa e Joe Quinn o Tocha Humana.
“Eles são bons atores e atores descolados. O trajo deles estarem envolvidos nisso significa que pessoas com integridade artística ainda querem trabalhar com a Marvel”, reflete Robinson. “A Marvel sabe que precisa entregar um tanto próprio com o Quarteto e os X-Men, caso contrário eles vão perder toda a crédito que acumularam com o público”.
Autores: Joanna Robinson, Dave Gonzales, Gavin Edwards. Trad.: Alessandra Bonrruquer. Ed.: Best Business. R$99,71 (532 páginas)