A cada quatro anos, quando chegam os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, um desfile de bugigangas arquitetônicas, porquê estádios, arenas, velódromos, além de obras de infraestrutura, são construídos, muitas vezes, a toque de caixa, nas cidades-sede para recepcionar fãs de esportes do mundo todo.
Cada vez que isso ocorre surgem também as questões sobre o legado dos Jogos e o impacto ambiental dessas construções. Que utilidades terão essas estruturas quando terminarem as suas poucas semanas de glória? As respostas vão desde as instalações apodrecidas deixadas por Atenas em 2004 a obras inacabadas no Rio de Janeiro oito anos —e duas Olimpíadas— depois de a cidade receber o megaevento.
Paris, por enquanto, promete ser dissemelhante. A maior segmento das competições será realizada em estruturas existentes, porquê o Stade de France, originalmente construído para a Despensa do Mundo de 1998, ou locais temporários, erguidos em frente a cenários icônicos.
A Torre Eiffel, por exemplo, será o tecido de fundo da estádio de vôlei de praia e do futebol para cegos, a Place de la Concorde abrigará pistas de ciclismo e skate, e a cerimônia de introdução será realizada no rio Sena, depois polêmica sobre a limpeza da chuva, além de provas do triatlo e da maratona aquática.
Ao adotar esse formato, abdicando de uma série de novas estruturas, os organizadores afirmam que vão limitar em até 95% a pegada de carbono gerada por atividades ligadas à construção social. Ou por outra, os locais foram escolhidos devido a suas conexões com o transporte público coletivo, outra forma de ajudar a reduzir as emissões.
A perito em ecologia desportiva Madeleine Orr, professora assistente de Ecologia do Esporte na Universidade de Toronto, no Canadá, e ex-professora da Universidade de Loughborough, no Reino Uno, concorda que essa é uma boa medida para que a Olimpíada possa ser mais sustentáveis em confrontação com edições anteriores. No entanto, aponta que há outros aspectos a se considerar.
“Os locais são somente uma pequena segmento do projecto de sustentabilidade dos Jogos, e devemos também considerar porquê as pessoas viajam para Paris, porquê se deslocarão por lá, onde ficarão hospedadas e o quanto vão consumir”, explica à Folha a perito, que estuda o impacto das alterações climáticas no esporte.
Para ela, os grandes eventos são insustentáveis por natureza. Não existe, de tratado com a professora, uma forma de organizar um megaevento com centenas de milhares de turistas e apelidá-lo de sustentável sem considerar o que ele vai simbolizar para o turismo, o consumo, além dos desperdícios.
“A melhor coisa que poderia ser feita para transformar estes eventos em eventos sustentáveis seria torná-los eventos menores, menos turistas e com uma grande maioria de ingressos para os residentes locais”, diz Madeleine. “Isso reduziria as viagens e o consumo, mas garantiria que os atletas pudessem gozar de um sítio lotado e com muita torcida.”
A opinião da perito está alinhada com um estudo divulgado pela revista Nature, em 2021, no qual os pesquisadores elencam três formas de tornar as Olimpíadas e Paralimpíadas mais sustentáveis.
“Reduzir o tamanho do evento, interpolar cada uma das edições entre as mesmas cidades e implementar padrões independentes de sustentabilidade”, recomendaram os autores do estudo.
Mesmo sem adotar esses critérios da forma porquê são descritos pelo estudo, os organizadores dos Jogos de Paris afirmam que esta edição vai exprimir muro de 1,6 milhão de toneladas de dióxido de carbono, alguma coisa que representaria uma queda em confrontação com a média de 3,5 milhões de toneladas de Londres 2012 e Rio 2016.
Não está evidente, porém, se o polêmico projeto do Núcleo Aquático Olímpico entrará na conta dos franceses.
A única instalação permanente construída para os Jogos corre o risco de justamente levar o rótulo de um “grande desperdício”. O espaço sofreu várias alterações em seu projeto inicial e saltou de um dispêndio estimado há sete anos de 70 milhões de euros (R$ 250 milhões na cotação da era) para 175 milhões (R$ 956 milhões na cotação atual).
A estrutura, no entanto, não vai mais receber as provas olímpicas de natação por ser pequeno demais para um evento porquê os Jogos. A modalidade, agora, será realizada na Redondel La Défense, inaugurado em 2017.
O operação dos organizadores para as emissões é dividido, sobretudo, em viagens, construção e operações, incluindo alojamento para os atletas e visitantes, segurança e refeições.
Também há a promessa de que a eletricidade virá de fontes renováveis sempre que provável. Os menus de insignificante carbono para o público vão oferecer pratos com menos músculos.
De forma inédita, a França proibiu a utilização de plásticos de uso único durante os Jogos. Para substituí-los, serão distribuídos copos reutilizáveis ao público e aos atletas. Patrocinadora solene da Olimpíada, a Coca-Cola distribuirá seus produtos em garrafas de vidro reutilizáveis que serão reaproveitadas depois os Jogos.
“Um grande evento porquê esse pode dar exemplos do que é provável ser feito na nossa sociedade porquê um todo e, inclusive, gerar demanda para negócios alinhados com os princípios da economia rodear”, diz Victoria Almeida, gerente da rede de empresas da Instauração Ellen MacArthur na América Latina.
Um estudo recente da instauração filantrópica mostrou que uma mudança para modelos reutilizáveis pode reduzir em mais de 20% o totalidade de plásticos que vazam para os oceanos anualmente até 2040.
Além dessas medidas, porém, para atingir seu objetivo sustentável, Paris terá de recorrer à indemnização carbônica, o que implica em investir em projetos porquê de reflorestação ou preservação.
“Não se trata de uma estratégia de redução das emissões e a redução das emissões é a tarefa mais urgente”, afirma Madeleine Orr. “Neste caso, dependerá dos projetos de indemnização selecionados: são verificados, permanentes, adicionais e incluem conquista e armazenamento de carbono a longo prazo? Se não, provavelmente não é suficiente”, alerta.
Henrique Pereira, COO e cofundador WayCarbon, acrescenta que deve-se considerar também elementos mais amplos em eventos da magnitude dos Jogos Olímpicos, porquê o aumento de voos e dos demais meios de transporte para passageiros internacionais e o pico de demanda de robustez durante o evento.
“Entender que qualquer evento está inserido em um contexto mais extenso de emissões é fundamental para prometer que não há risco de greenwashing nos compromissos e resultados de descarbonização”, afirma.