Contra Smartphone, Pais Dão A Filhos 'dumbphone' 23/06/2024

Contra smartphone, pais dão a filhos ‘dumbphone’ – 23/06/2024 – Educação

Tecnologia

Cento e cinquenta reais. Esse foi o preço do celular que a advogada Fernanda Estelles Martins comprou recentemente para o seu rebento, de 9 anos. Ela faz segmento de um grupo de pais que estão resgatando os celulares antigos para combater os prejuízos dos smartphones ao tirocínio e à saúde física e mental de crianças e adolescentes.

Aqueles velhos aparelhos que oferecem muito pouco além de fazer e receber ligações, mas eram revolucionários quando surgiram, são agora chamados de “dumbphones” ou “telefones burros”. E, renascidos do ostracismo, ironicamente, começam a ser vistos porquê armas contra os “telefones inteligentes”, os smartphones.

Para combater o vício e outros perigos de um aparelho que coloca tudo e não sei mais o quê nas mãos de crianças e adolescentes, busca-se um outro que não coloca zero além de rádio FM, uma câmera fotográfica precária e um ou outro game muito rudimentar, porquê o famoso e nostálgico “jogo da cobrinha”. Mas, com eles, os pais conseguem manter um conduto de informação com os filhos e ainda economizam –enquanto um smartphone dos mais simples dificilmente sai por menos de R$ 600, há uma série de modelos de “dumbphones” por pouco mais de R$ 100.

Essa opção tem sido sugerida por movimentos de pais que, baseados em pesquisas sobre os prejuízos do uso de smartphones na puerícia e na mocidade, defendem um convénio entre famílias para que crianças e adolescentes não ganhem esses aparelhos até os 14 anos e que só utilizem redes sociais depois os 16 –outra bandeira é que o celular seja precito do envolvente escolar, não só nas aulas porquê também nos recreios.

O “dumbphone” é disposto por esses grupos porquê sugestão para que, quando os pais acharem necessário, crianças e adolescentes tenham um telefone à mão.

No Brasil, o Movimento Desconecta, formado há pouco mais de um mês por famílias de escolas particulares e já com 20 milénio seguidores no Instagram, levanta essas bandeiras.

A inspiração veio de movimentos semelhantes de outros países, porquê o Wait Until 8th (“espere até o 8º ano” para dar o smartphone, a série escolar dos 14 anos), grupo dos EUA com quase 100 milénio seguidores, e o Smartphone Free Childhood (“puerícia livre de smartphones”), da Inglaterra, com mais de 60 milénio pais e mães.

Os “dumbphones” também têm sido resgatados por adultos que buscam um “detox” do excesso de conectividade. Nos Estados Unidos, mesmo jovens, quando percebem que estão sofrendo com efeitos nocivos dos smartphones, porquê a impaciência, se tornaram adeptos dos velhos celulares.

A maioria segue com o smartphone, que acaba sendo importante, mas, em algumas situações, tira o chip desse aparelho moderno para colocá-lo no macróbio. Assim, as pessoas ficam ainda acessíveis e podem fazer ligações, mas não se distraem com redes sociais e toda a parafernália de um smartphone.

O mercado percebeu a tendência e já a aproveita. Até o ano pretérito, esses aparelhos eram responsáveis por exclusivamente 2% das vendas de celulares nos Estados Unidos, de convénio com a informação dada pela Counterpoint Research a reportagens de tecnologia da prensa norte-americana, mas analistas apontam que eles vêm ganhando espaço recentemente.

Há startups sendo criadas para vender esses celulares básicos, e a Nokia, grande trabalhador dos velhos celulares, colocou em seu site o slogan “Dumb phone, smart choise” (“telefone palerma, escolha inteligente”).

Além dos “dumbphones”, os relógios inteligentes para crianças surgem porquê opções ao uso precoce de smartphones. Fazem e recebem ligações em viva-voz, que podem ser controladas por um aplicativo instalado no smartphone dos pais.

Fernanda, apesar de ter concluído de comprar um “dumbphone” para o seu rebento, já é adepta desse tipo de relógio desde o final do ano passada para se legar com o menino. A caçula, de 6 anos, também tem um relógio desse tipo.

O aparelho tem uma série de marcas e modelos, com preços que variam entre uns R$ 100 e uns R$ 400. Há alguns ainda mais baratos, por menos de R$ 100, mas esses não costumam trazer uma das ferramentas que os pais mais valorizam: localização via GPS. Do smartphone, os pais conseguem saber onde estão os relógios dos filhos.

Os equipamentos utilizam chip, e é preciso contratar um projecto de dados com uma operadora, porquê é feito para os celulares. Além de fazer ligações, os relógios permitem troca de mensagens de texto e áudio, por meio de aplicativo no smartphone dos responsáveis. Alguns oferecem uma tecla de emergência que, ao ser acionada, labareda o celular dos pais.

Consegue-se, inclusive, bloquear o aparelho em determinados horários, porquê o da escola –nesse caso, só a relação de emergência funciona.

Fernanda conta que resolveu comprar um relógio desse protótipo para o rebento quando ele começou a ir a festas sozinho, algumas distantes de vivenda. “Por conta da questão da segurança em São Paulo, foi alguma coisa que nos deixou mais tranquilos”, explica.

A depender do lugar a que o rebento vá, agora ele leva também o “dumbphone”. “Esse celular acaba sendo uma redundância, uma forma a mais de ele se legar, se precisar, porque já está muito avezado a nos invocar pelo relógio”, diz.

A advogada acredita que o relógio possa ter uma vantagem em relação ao “dumbphone” na questão da pressão social, mormente quando as crianças vão ficando mais velhas e são levadas a desejar os modelos modernos de smartphones. Uma vez que ter um celular do jogo da cobrinha quando todos os amigos têm um iPhone 15?

“Meu rebento é tranquilo em relação a esse tipo de pressão, mas acredito que isso possa sobrevir, mormente na mocidade”, afirma. “O que me anima é esse movimento coletivo de pais para não dar smartphones aos filhos até os 14 anos. Quanto mais crianças sem celular, menor será essa pressão”, avalia.

Por enquanto, o rebento de Fernanda é o único de sua turma da escola –um escola pessoal de São Paulo– que tem “dumbphone”, mas há outras crianças que usam o relógio inteligente, muito porquê algumas que já ganharam um smartphone.

Fernanda diz que sua maior preocupação são as redes sociais e seus efeitos nocivos à saúde mental. “Eu tenho 39 anos e me pego colocando minha autoestima à prova por culpa das redes sociais, de seus padrões de formosura e do poder de destruir nossa noção do que é real e o que é irreal”, diz.

“Se isso é um problema para adultos, que têm filtros, imagine para crianças e adolescentes, que estão ainda formando os filtros.”

Folha

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *