Crianças No Haiti Relatam Adesão A Gangues Por Fome E

Crianças no Haiti relatam adesão a gangues por fome e medo, diz ONG

Brasil

“Às vezes fico com muita míngua; é minha única saída”, revelou jovem de exclusivamente 13 anos recrutado por gangue no Haiti. Além da míngua, o terror de represálias é outra arma usada para recrutar crianças e adolescentes para as organizações criminosas que controlam mais de 80% da capital, Porto Príncipe. 

A organização não governamental (ONG) Anistia Internacional publicou, nesta quarta-feira (25), relatório sobre violações contra a puerícia no país caribenho. A investigação, realizada entre maio e outubro de 2024, entrevistou 112 pessoas, sendo 51 entrevistas presenciais com menores de 18 anos. 

Os 14 garotos e garotas [recrutados por gangues] disseram que não tinham escolha e que a sua participação se devia predominantemente à míngua ou ao terror. A prática generalizada de recrutamento e utilização de crianças por gangues criminosas no Haiti é proibida pelo recta internacional e vernáculo”, destacou a Anistia.

A ONG alerta que o recrutamento generalizado está “formando uma novidade geração de membros nas dezenas de gangues criminosas que operam na dimensão metropolitana de Porto Príncipe e periferia”.

O Haiti vive “uma das crises alimentares mais graves do mundo” com quase metade da população (4,3 milhões de 11,7 milhões de habitantes) vivendo em situação de “míngua aguda”, segundo o Programa Mundial de Vitualhas (PMA).

O Fundo das Nações Unidas para a Puerícia (Unicef) alertou que cresceu em 70% o número de crianças recrutadas pelas gangues do Haiti em um ano, representando quase metade dos membros das gangues que operam no país.


SENSITIVE MATERIAL. THIS IMAGE MAY OFFEND OR DISTURB  A man walks near a body while a military vehicle patrols after the government declared a state of emergency amid violence, in Port-au-Prince, Haiti, March 4, 2024. REUTERS/Ralph Tedy Erol
SENSITIVE MATERIAL. THIS IMAGE MAY OFFEND OR DISTURB  A man walks near a body while a military vehicle patrols after the government declared a state of emergency amid violence, in Port-au-Prince, Haiti, March 4, 2024. REUTERS/Ralph Tedy Erol

Material sensível – varão caminha próximo a corpo enquanto veículo militar vigia as ruas da capital em seguida o governo declarar estado de emergência devido à violência em Porto Príncipe (março de 2024) – REUTERS/Ralph Tedy Erol

Violência sexual

A organização ainda documentou diversos relatos de violência sexual, estupro ou negócio sexual promovidos pelas gangues. “Em 10 casos, as meninas foram vítimas de estupro coletivo e, em 9 casos, sequestradas. Além do mais, a equipe de pesquisa entrevistou duas meninas que foram estupradas em centros de guarida”, informa o relatório.

Uma das garotas entrevistas pela Anistia Internacional voltava da escola quando foi sequestrada e estuprada por grupos armados. “Eu sou uma moça, por que isso aconteceu comigo?”, questionou a jovem.

A falta de assistência social, psicológica e de uma polícia estruturada piora o drama vivido pelas crianças haitianas. “Não há polícia. A única mando na dimensão são os membros de gangues criminosas”, explicou outra moça sequestrada e estuprada.

A proibição do monstro até em casos de estupro leva muitas garotas que engravidam por violência sexual a buscar métodos inseguros para interromper a gravidez. Por isso, a organização recomenda “legalizar o monstro seguro”.

Comunidade internacional

Além de uma série de recomendações ao governo do Haiti, a Anistia Internacional pede que as organizações multilaterais, porquê a Organização dos Estados Americanos (OEA), além de países da região, contribuam para proteger a puerícia haitiana.

“A comunidade internacional não pode continuar a fazer promessas vazias e expressar preocupação oca sobre a situação no Haiti. O país necessita de assistência técnica e financeira imediata e sustentada para proteger as crianças”, afirmou.

A entidade pede ainda que a República Dominicana e os Estados Unidos parem de expulsar e deportar haitianos que fogem da violência do país argumentando que se tratam de refugiados e, por isso, tem direitos especiais segundo as normas internacionais.

Outra recomendação da Anistia é para os países da região reforçarem o controle da venda ilícito de armas que chegam aos montes ao Haiti, “principalmente por segmento dos Estados Unidos”.

Entenda

Desde o homicídio do presidente Jovenel Moïse, em julho de 2021, a crise de segurança do Haiti vem se agravando com ampliação do poder das gangues que controlam regiões inteiras do país. 


Jovenel Moise durante entrevista coletiva em Porto Príncipe
Jovenel Moise durante entrevista coletiva em Porto Príncipe

Presidente assassinado Jovenel Moise – REUTERS/Andres Martinez Casares/direitos reservados

Em outubro de 2023, o Juízo de Segurança da ONU aprovou a Solução 2.699, autorizando o envio de uma força internacional para ajudar a Polícia Vernáculo do Haiti. Até logo, exclusivamente agentes de segurança do Quênia foram enviados para facilitar a polícia haitiana.

Em abril de 2024, a invasão do aeroporto internacional por gangues e a libertação de 4 milénio presos da penitenciária da capital agravou a crise, levando à repúdio do logo primeiro ministro Ariel Henry. Um governo de transição assumiu o poder, prometendo convocar eleições para levante 2025 pela primeira vez em nove anos.

Neocolonialismo

Para perito consultado pela Escritório Brasil, a tragédia social, política e econômica que o Haiti vive é, em segmento, consequência das relações neocoloniais que a comunidade internacional, liderada pelas potências europeias e estadunidense, forjaram com o pequeno país do Caribe.  

Essa avaliação é do haitiano e doutor em antropologia social Handerson Joseph, uma das principais referências, no Brasil, em estudos sobre o Caribe e imigrações.

Para ele, essa situação é fruto de uma longa história de cercos internacionais que começou com a independência do país, em 1804, quando os haitianos derrotaram os impérios inglês, espanhol e galicismo e consolidaram a 1ª revolução de ex-escravizados vitoriosa da história da humanidade.

Fonte EBC

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