Triplo homicídio que chocou Brasília 15 anos detrás estreia neste sábado (22). Produção revela vídeos exclusivos e depoimentos inéditos. Adriana Villela em entrevista para série documental “Delito da 113 Sul”, do Globoplay
Orbe/Divulgação
O “Delito da 113 Sul”, que chocou Brasília 15 anos detrás, ganha uma série documental no Globoplay com estreia neste sábado (22). A produção revela fatos inéditos sobre o triplo homicídio no luxuoso apartamento da família Villela, na Asa Sul (relembre mais aquém).
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Em quatro episódios, os jornalistas da TV Orbe Brasília fazem uma releitura das mais de 16 milénio páginas do processo sobre as mortes do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Guilherme Villela, da esposa dele Maria Roble Villela, e da empregada do par, Francisca Promanação da Silva.
Testemunhas, advogados, delegados e promotores responsáveis pelo caso, além de alguns dos condenados – entre eles, a filha do par, Adriana Villela, acusada de ser a mandante do violação – são entrevistados. Adriana apresenta pela primeira vez, com detalhes, sua versão sobre as conclusões da investigação.
Durante a apuração, a equipe encontrou novos elementos e uma testemunha que foram ignorados pela polícia, o que pode ter prejudicado a elucidação do caso.
“O que se destaca é a maneira uma vez que a gente decidiu relatar essa história. Não é um documentário sobre o violação nem sobre a investigação da polícia. Nós fizemos a nossa própria investigação sobre o caso e mostramos ponto a ponto as nossas descobertas ao longo dos quatro episódios”, diz Luiz Avila, diretor de Jornalismo da TV Orbe em Brasília e diretor do documentário.
O triplo homicídio e as dúvidas
Arte explica violação da 113 Sul, com suposto envolvimento da ex-delegada Martha Vargas
O violação ocorreu em 28 de agosto de 2009. No sexto andejar do conjunto C da 113 Sul, quadra sublime de Brasília, foram assassinados:
José Guilherme Villela, 73 anos, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), morto com 38 facadas;
Maria Roble Mendes Villela, 69 anos, advogada, morta com 12 facadas;
A empregada doméstica da família, Francisca Promanação da Silva, 58 anos, morta com 23 facadas.
Os corpos foram achados, já em estado de desagregação, em 31 de agosto de 2009. A perícia demonstrou que as vítimas foram assassinadas em 28 de agosto de 2009, por volta das 19h15.
Três delegacias se envolveram nas investigações. A série documental mostra fragilidades ao longo do trabalho policial que não respondeu a todas as dúvidas sobre a participação dos condenados pela Justiça.
A pressa em concluir as investigações para dar uma resposta à opinião pública é apontada pela resguardo dos acusados uma vez que um dos fatores determinantes para as decisões do Júri. Entre as dúvidas citadas pela resguardo estão questionamentos sobre as provas que a polícia afirma serem técnicas, mas que não conseguem demostrar com certeza a presença de Adriana na cena do violação.
🔎Foram condenados, além de Adriana Villela, a filha do par, outros três homens:
Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do prédio onde o par Villela morava
Paulo Cardoso Santana, sobrinho de Leonardo;
Francisco Mairlon Barros Aguiar
Leonardo e o sobrinho Paulo, inicialmente, afirmaram que invadiram o apartamento do par para roubar joias e dólares. Depois, mudaram o prova e passaram a declarar que o homicídio foi encomendado pela filha das vítimas, Adriana Villela, que teria planejado o violação para permanecer com o patrimônio da família.
As várias versões acabaram levantando dúvidas sobre a credibilidade das confissões. As investigações também foram marcadas por polêmicas, incluindo acusações de tortura por segmento de investigadores, o uso de uma vidente para indicar suspeitos e a prisão de uma delegada por forjar provas.
Paulo Cardoso Santana, um dos condenados, afirmou à ONG Innocence Project que Francisco Mairlon, outro réu, é simples e que sua incriminação foi forjada (veja vídeo mais aquém). A resguardo de Mairlon procura sua indulto e consequente libertação.
Paulo também voltou detrás em suas acusações contra Adriana, que aguarda em liberdade o julgamento de um recurso no Superior Tribunal de Justiça, marcado para iniciar em 11 de março deste ano.
O caminho para tentar expulsar essas dúvidas foi um mergulho feito pelos jornalistas sobre o processo. Ou por outra, eles fizeram novas entrevistas com personagens que ao longo dos depoimentos à polícia ajudaram a edificar as teses vitoriosas do Ministério Público nos tribunais de júri.
“Inicialmente pensamos no documentário para revisitar um caso emblemático 15 anos depois. Conforme fomos avançando na história, observamos que de trajo existem muitas dúvidas, muitos buracos, que muita coisa não é exatamente aquilo que a polícia e o noticiário da estação faziam parecer. O documentário foi passando por uma transformação ao longo da apuração. E tivemos a preocupação de fazer um trabalho sem querer pressionar um lado ou outro. Logo, o documentário promove um diálogo o tempo todo entre a querela e a resguardo. A querela fala, a resguardo rebate e vice-versa”, conta o roteirista Reynaldo Turollo Jr.
“Temos um caso que aconteceu no coração de Brasília e envolveu um ex-ministro do TSE. As confusões da polícia para tentar solucionar o violação acabaram prejudicando o curso da investigação, principalmente quando a primeira delegada do caso acreditou em uma vidente que disse ter se transmitido com os mortos. Ela apontou os supostos autores do triplo homicídio. A delegada Martha Vargas chegou a prender pessoas que não tinham relação nenhuma com o violação”, diz o repórter Gabriel Tibaldo.
Série documental Original ‘Delito da 113 Sul’
Quando: A partir de sábado (22), no Globoplay
Direção: Luiz Avila
Roteiro: Joelson Maia e Reynaldo Turollo Jr
Reportagem: Reynaldo Turollo Jr e Gabriel Tibaldo
Retrato: Marcos Silva
Produção executiva: Fátima Baptista e Clarissa Cavalcanti
Catorze anos depois de um violação brutal em Brasília, celerado confesso muda versão.
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Fonte G1
