Crítica: Os Rejeitados é Boa Comédia Melancólica De Natal

Crítica: Os Rejeitados é boa comédia melancólica de Natal – 10/01/2024 – Ilustrada

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“Os Rejeitados” é uma história de Natal, o que é um tanto inusitado para alguém uma vez que Alexander Payne. O diretor criou uma curso rindo de personagens minúsculos, a exemplo de filmes cáusticos uma vez que “Eleição”, de 1999, e “Sideways — Entre Umas e Outras”, de 2004. Ou seja, seu estilo em zero se relaciona com a lógica de conforto que domina as histórias das festas de término de ano.

Ao mesmo tempo, é exatamente por razão de seu método que o cineasta parece ideal a essa comédia, sobre três pessoas obrigadas a passar a era juntas em um escola interno vazio. Esse repto também é mais confortável do que parece —habituado a filmar pessoas que se isolam em suas manias e defeitos, Payne agora usa deste mesmo pretexto para unir três figuras do tipo.

O conforto transparece nas premiações. Depois de anos de elencos indicados, o diretor se aproxima do próximo Oscar com um filme predilecto em duas categorias de atuação. As boas chances de Paul Giamatti e Da’Vine Joy Randolph, independente dos resultados, mostram que “Os Rejeitados” é no fundo muito legalizado —e com razão.

Segmento do seu charme está em uma vez que a história estabelece os três protagonistas, cada um em uma posição dissemelhante. Giamatti vive Paul, professor veterano bastante rígido que é escolhido para supervisionar os alunos deixados pelos pais no escola durante as festas.

Paul é visto por todos uma vez que uma figura excêntrica, desde o comportamento irascível —referto de termos polidos para insultar todos— até o estrabismo, com o olho funcional que muda de tempos em tempos. Ele ainda fede a peixe, mas o que não ajuda é o tratamento cruel com seus alunos.

Entre os poucos estudantes sob sua supervisão para as festas há Angus, que está na classe de Paul e de última hora vê frustrada a sua viagem com a mãe. O jovem é outra figura arisca, mas logo entendemos que sua pessoa difícil é consequência de qualquer problema com o pai.

O terceiro elemento é Mary, papel de Joy Randolph, gerente da cozinha do internato que escolhe permanecer no lugar para viver o luto da perda do fruto. O garoto, que estudava lá, morreu na Guerra do Vietnã e foi enterrado na escola pouco antes do recesso de término de ano. Por isso, ela é tratada com intervalo pelos outros —mas a cozinheira até prefere, visto o quão pentelhos são os alunos.

O trio já vive uma situação desconfortável de convívio quando o casualidade os obriga a estreitar os laços. Um pai, de repente, resolve resgatar o seu fruto do escola, e convida todos os outros alunos para sua morada. O único que não consegue autorização da família para viajar é Angus, e aí ele, Paul e Mary se veem sozinhos no lugar para o Natal.

A história logo se guia pelos embates e a lenta aproximação dos três. Em próprio Angus e Paul, que se detestam, mas descobrem ter muito em geral ao longo dos dias. Nessa hora ajuda um acidente na quadra em reforma do lugar, que os obriga a se tornarem cúmplices um do outro.

A premissa de “Os Rejeitados” se inspira na do francesismo “Merlusse”, filme de 1935 de Marcel Pagnol, mas a base do longa é Hal Ashby, mito da Hollywood dos anos 1970 que sempre foi um setentrião para Payne. O diretor cá refaz, do seu jeito, “A Última Missão”, de 1973 —também sobre três pessoas, todos militares, que se aproximam a contragosto em um momento quebradiço.

A recordação de Ashby se impõe sobretudo em questão de imagem, que muitas vezes parece um longa perdido dos anos 1970. A retrato do dinamarquês Eigil Bryld recria a estética granulada do filme analógico, e se apela com frequência a dissoluções de cenas —muito usadas em produções daquela era.

Há muita nostalgia nessa proposta, mas nela também se aspira aos ritmos lentos de Ashby, que gostava de esticar cenas. Payne é rígido demais na montagem para repetir o beabá de seu herói, e “Os Rejeitados” existe na lógica do incisão, com poucos momentos reais de respiro. Porquê um professor diz logo na lhaneza, o texto cá vem primeiro, e a música depois se adequa a ele.

Mas só o interesse do diretor por essa abordagem já ajuda o longa a se livrar das eventuais amarrações do roteiro, permitindo que se concentre nos personagens. O que é uma baita de uma vantagem, se considerar que a sua força está nos protagonistas e uma vez que eles vão formando uma conexão. O elenco, ótimo, também se dá muito com o maior espaço.

É por esse caminho que Payne deixa o saudosismo de lado e orienta a história das feridas daquelas pessoas, que vivem em torno de suas dores. Tudo isso revelado aos poucos entre os personagens, em detalhes que escapam entre uma ofensa ou outra. Porquê todas as comédias de Natal, “Os Rejeitados” navega por uma bela melancolia coletiva nas festas.

Folha

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