Crítica: Xógum Faz Um Game Of Thrones Na História Do

Crítica: Xógum faz um Game of Thrones na história do Japão – 27/02/2024 – Ilustrada

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Hoje, com o mundo ao alcance dos nossos dedos pela tela do celular, é fácil preterir que houve um tempo em que quase tudo era ignoto.

Quando o piloto inglês John Blackthorne, papel de Cosmo Jarvis, partiu de Roterdã, em 1598, em um dos cinco navios holandeses incumbidos de cruzar o traiçoeiro estreito de Magalhães, adentrar o oceano Pacífico e confirmar a existência e a localização do Japão, o ignoto representava risco, mas também possibilidade.

Os espanhóis guardavam o sigilo de uma vez que vencer a passagem pelo extremo sul das Américas e os portugueses dominavam o transacção de produtos da Ásia. A frota holandesa pretendia, com segredos roubados dos ibéricos, chegar ao Japão para estabelecer uma parceria mercantil direta, rompendo a predominância dos jesuítas lusos.

Quase dois anos depois da partida, quando começa “Xógum: A Gloriosa Saga do Japão”, os 12 marujos remanescentes a bordo do Erasmus, única embarcação sobrevivente da missão, já não acreditavam tanto em possibilidades ou mesmo na chance de uma morte digna. É quando se deparam com o Japão.

A chegada dos estrangeiros se dá em um momento de instabilidade política. O estabilidade fino mantido entre os cinco lordes, os bushôs, do Recomendação de Regentes que governa o Japão durante a puerícia do herdeiro está prestes a desmoronar.

Toranaga, vivido por Hiroyuki Sanada, um dos bushôs, vê em Blackthorne —logo denominado de Anjin, “piloto”— a ameaço do ignoto, mas também suas possibilidades. Porquê protestante, o inglês tem os portugueses e católicos uma vez que inimigos.

Progénito de uma linhagem de homens poderosos, Toranaga resiste à teoria de um dia também se tornar o xógum, um general de tropa que comanda de trajo a pátria sob um imperador simbólico.

Da sua segmento, Anjin sabe que o interesse de Toranaga por sua história é a única e temporária garantia que tem de permanecer vivo.

Para mediar a relação entre os dois, num papel de confidente, conselheira e tradutora, entra Toda Mariko, interpretada por Anna Sawai, uma católica de instintos fortes e uma linhagem em desgraça, que precisa provar que seu valor e lealdade correspondem à crédito que Toranaga nela deposita.

“Xógum”, que estreia nesta terça simultaneamente na Disney+ e na Star+, é a história do encontro entre dois desconhecidos e sua parceria vital à orla de uma guerra social que definirá o século e a história do Japão.

Nos dois primeiros episódios, que vão ao ar juntos e foram exibidos à prelo na semana passada, o ritmo de exposição de informações é implacável: nomes, lugares, cargos, aliados, inimigos passam voando, demandando a atenção completa do testemunha. Lembra outras sagas televisivas, uma vez que “Game of Thrones”, mas sem tantos seios desnudos.

A velocidade da narrativa não se dá sem razão: a história é adaptada do best-seller “Xógum”, de James Clavell, um catatau de mais de milénio páginas lançado em 1975, inspirado na história real do navegador inglês William Adams, que morreu uma vez que um samurai ocidental em 1620.

Felizmente, o tratamento visual oferecido à série torna a tarefa de manter os olhos nela fácil, não só pela bela retrato, uma vez que pelo zelo minucioso aparente em todos os níveis —a produção contou com três supervisores de gestos, responsáveis por prometer que os atores todos se movessem e manuseassem objetos de maneira correta para a cultura e o período.

A missão de dar à adaptação ares de autenticidade e fidelidade, encampada desde a raiz pelos cocriadores Justin Marks —indicado ao Oscar no ano pretérito pelo roteiro de “Top Gun: Maverick”— e Rachel Kondo, vem emendar os erros da primeira versão televisiva da saga.

Uma minissérie de 1980, estrelada pelo galã Richard Chamberlain e com narração de Orson Welles (sim, aquele), carrega o valor de ser a primeira produção americana filmada inteiramente no Japão.

Por outro lado, apesar de relatar com o lendário Toshiro Mifune (“Os Sete Samurais”) no papel de Toranaga, a série nem sequer legendava as falas das personagens japonesas: seus pensamentos são mantidos inteiramente a intervalo do testemunha, reforçando uma visão preconceituosa de um povo exótico e indecifrável.

A ver se os demais episódios desta novidade versão dão conta de dirigir o volume de personagens e a velocidade narrativa de maneira satisfatória. Mas essa é a perdão do ignoto.

Folha

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