Uma programação que trará a roqueira Patti Smith, mas também a integral dos 15 quartetos de cordas de Shostakovich; que terá os violões do Duo Assad e a pianista chinesa Yuja Wang; que incluirá o violinista russo Maxim Vengerov e a cantora Alaíde Costa; e grupos uma vez que West-Eastern Divan Ensemble, Concertgebouw Chamber Orchestra, Les Arts Florissants e NYO Jazz.
É logo que se anuncia a temporada 2025 da Cultura Artística, a primeira a ser realizada em seguida a reinauguração do teatro em agosto pretérito.
Desde logo, a pujança da música clássica da cidade, antes soberana em locais maiores, uma vez que Sala São Paulo, Theatro Municipal e Theatro São Pedro, tem se deslocado para a impecável acústica do hall para 750 espectadores.
De indumento, em pouquíssimo tempo de uso, a sala de concertos no bairro da Consolação tem pretérito com vitória por variadíssimas experiências sonoras, o que já a faz figurar entre as melhores do país, podendo ser comparada com a tradicional Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro.
A temporada que chega amplia o escopo sonoro e —sem perda alguma para a música clássica— se abre para incorporar atrações de jazz, MPB e até do pop rock.
Uma temporada de concertos em universal se faz ao integrar o “quem” —os artistas, solistas, grupos, maestros— com o “quê” —o repertório, as escolhas integradas de obras, autores e estilos. Mas, no caso de um novo espaço na cidade, cabe também perguntar pelo “quando”, isto é, saber em que horários as diversas séries de concertos serão oferecidas.
As atrações clássicas estão divididas em quatro séries de assinaturas, cada uma em um horário específico. São eles —domingos às 17h30, e segundas, quartas e quintas-feiras, às 20h30.
Já a chamada Série Amarela, com jazz, música popular brasileira e afins, terá sempre eventos em dias únicos. Há, enfim, espetáculos vendidos separadamente, uma vez que o show de Patti Smith em 30 de janeiro, o Festival Shostakovich, de 23 a 29 de junho, e os concertos matinais, aos domingos.
A incumbência do Quarteto Jerusalém, o Festival Shostakovich será um dos mais importantes eventos do ano músico paulistano. Em cinco concertos, o grupo passará pela integral dos 15 quartetos de cordas de Shostakovich, com três obras diferentes a cada apresentação. A maratona porá a Sala Cultura Artística ao lado das icônicas Wigmore Hall, em Londres, e Tonhalle, em Zurique, onde o evento também ocorrerá.
Amantes do piano poderão ver o russo Grigory Sokolov, a chinesa Yuja Wang e o norueguês Leif Ove Andsnes. Aliás, a programação traz o italiano Alessio Bax ao lado de um grupo de instrumentistas de cordas para realizar quatro diferentes programas ao longo da semana, permutando estilos e formações instrumentais.
Violinistas uma vez que Michael Barenboim e Antje Weithaas também estarão presentes ao longo da programação, mas o concerto de Maxim Vengerov, em que serão interpretadas as obras de Clara Schumann e Rober Schumann, Brahms e Prokofiev parece um momento imperdível.
A música antiga comparecerá com Les Arts Florissants, e a contemporânea com Third Coast Percussion Group, enquanto cantores estelares uma vez que a mezzosoprano letã Elīna Garanča, a
soprano americana Nadine Sierra e o tenor mexicano Rolando Villazón atrairão os aficionados do mundo lírico. Villazón fará um interessantíssimo programa latino com o harpista Xavier de Maistre.
Também se destaca o recital de cello e piano dos irmãos Sheku Kanneh-Mason e Isata Kanneh-Mason, com Mendelssohn, Schumann e Nadia Boulanger.
A presença do Duo Assad em maio tenta recompensar o término da série de violão da Cultura Artística. Durante quase uma dez a série foi uma das mais importantes dedicadas ao instrumento, não só do Brasil, mas da América Latina. Artistas consagrados, jovens virtuoses, vencedores de concursos e referências da música brasileira tiveram uma vez que nunca um espaço que é escasso para um instrumento que, apesar de ser muito presente em nossa cultura, tem repertório e peculiaridades ainda pouco conhecidas do público habitual de concertos.
A mesma série trará as cantoras de jazz Stacey Kent, Samara Joy, e Luciana Souza com a NYO Jazz, big band integrada por jovens de destaque. Tudo isso dialogará com a sofisticada arte cancionista, e já clássica, de José Miguel Wisnik interpretado pela veterana Alaíde Costa, e tendo o próprio Wisnik ao piano.