Danny boyle reforça humanismo em sequência de 'extermínio' 18/06/2025

Danny Boyle reforça humanismo em sequência de ‘Extermínio’ – 18/06/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Embora não tenham se pretérito os 28 anos sugeridos pelo título original, as mais de duas décadas entre o clássico “Extermínio”, de 2002, e seu retorno distópico foram marcadas por uma pandemia que aproximou o mundo real do universo criado por Danny Boyle.

Entre coincidências e situações verídicas que fortaleceram o projeto, “Extermínio: A Evolução” reforça o que tornou a empreitada original tão reconhecida: o humanismo presente em frente e detrás das câmeras.

Em meio às hordas de infectados que invadem os cinemas nesta quinta-feira (19), o jovem Spike, papel do estreante Alfie Williams, tenta mostrar resiliência aos pais. Habituado a uma Inglaterra em quarentena —e agora estranha à internet e à virilidade elétrica—, ele teme pela saúde da mãe, Ilsa, vivida por Jodie Manducar, enquanto procura sobreviver às provações do pai, Jamie, personagem de Aaron Taylor-Johnson.

Ao desvendar que a trato de Ilsa pode estar além da ilhéu onde vive, o garoto ultrapassa a jerarquia lugar e secção em direção ao incógnito. Apesar da graduação épica desse pós-apocalipse, que promete ser o início de uma trilogia, a conexão entre os sobreviventes se mantém no meio.

Diante da falência de aspectos modernos, o filme caracteriza uma comunidade que retornou a alguns costumes da Idade Média. Brasões monárquicos estampam bandeiras imponentes e arcos e flechas se inscrevem no vestuário masculino. Postos de madeira se espalham pelas fronteiras e a população passa as noites entre danças e bebedeiras.

Isoladas do resto do mundo —no universo de Boyle, os britânicos são os únicos condenados à quarentena junto ao vírus da raiva, que converte homens em infectados—, as relações parecem ter regredido a um proporção anterior de pureza, quase ingênuo. Apesar da ameaço febril, a liberdade entre os personagens supera até mesmo aquela que tivemos durante o auge da Covid-19.

“Se tivéssemos feito esse filme logo depois o original, acredito que eu e Danny teríamos um repertório restringido. Não teríamos pretérito pela pandemia ou testemunhado o Brexit [a retirada do Reino Unido da União Europeia], por exemplo. Embora algumas inspirações tenham sido inconscientes, nossa teoria seria completamente dissemelhante”, afirma o roteirista Alex Garland, que colaborou com o diretor em “Extermínio” e diversos projetos.

Aos fatores que oxigenaram a produção, ele também adiciona o acréscimo recente de políticas populistas, que costumam recorrer para a aproximação entre governantes e o seu povo. No processo, a tendência é que a manutenção do que separa os dois grupos se revele um objetivo inicial.

Em “A Evolução”, o tema é pincelado a partir de alegorias religiosas. Refletida em rituais, máscaras e superstições, a mitologia na vila de Spike exerce notório controle. A discussão, todavia, deve ser levada a fundo nos próximos capítulos. Neste primeiro, é mais importante que a simbologia resgate outra face humana: a capacidade de gerar histórias e imagens.

“Lembro de uma pergunta que respondi certa vez: ‘Será que os robôs vão confiar em Jesus?’. Por que eles acreditariam? É uma teoria que pode parecer completamente irracional e ridícula, portanto eles não seriam capazes. Por que os humanos acreditam em Jesus? Eu acho que eles acreditam por conta dos filmes”, diz Boyle ao proteger que a perceptibilidade sintético nunca substituirá a originalidade.

Garland, por outro lado, já é mais pessimista. Numa indústria tomada por algoritmos para evitar fracassos de bilheteria, ele coloca o caso de Edward Snowden e a subida das big techs porquê prenúncios de possíveis catástrofes que foram completamente ignorados.

Talvez por esse receio os bastidores da produção —que também encena uma veras assolada por cérebros homogeneizados e apodrecidos— tenham substituído tecnologias comuns aos sets de filmagem.

Se o longa original usou câmeras digitais de baixa definição, a novidade aposta teve cenas filmadas com iPhone —com recta a um truque que Boyle apelidou de “efeito Matrix pobre”. O celular permite a gravação em espaços muito fechados, ou mesmo se aproxima de rostos e seres rastejantes para realçar expressões e maquiagens. Tudo mira o artesanato e os dramas por trás do termo de mundo.

“Zero disso importaria se o fator humano não estivesse no meio do filme. Creio que essa humanidade ainda existe”, afirma Boyle. Em paralelo aos ritos coletivos do longa, ele questiona o repórter sobre seu palato por futebol. O cineasta britânico parece se decepcionar com a resposta.

“O que será que a IA pode fazer com o esporte? Sinto que existe ali uma sabedoria civilizada, originário das competições esportivas, que cria uma sensação coletiva fenomenal”, diz ele. “Talvez o cinema seja assim também.”

Folha

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