Famosa por apresentações empolgantes, a Dave Matthews Band é o grande nome do Best of Blues and Rock Festival, que terá shows nos dois próximos finais de semana no Ibirapuera, na redondel externa do auditório do parque. O grupo americano fecha duas noites na programação, nos próximos sábado (7) e domingo (8), com ingressos quase esgotados.
No outro final de semana, o Best of Blues tem uma vez que headliners os veteranos Alice Cooper, no sábado (14), e Deep Purple, no domingo (15). Mesmo diante desses roqueiros que começaram a dar as caras ainda no final dos anos 1960, Dave Matthews ostenta uma grande experiência em festivais brasileiros.
Formado em 1991, o grupo visitante o país pela sétima vez, e o currículo em grandes eventos impressiona —Free Jazz (1998), Rock in Rio (2001), SWU Festival (2010), Summer Break Festival (2013) e, novamente, Rock in Rio, em 2019. No totalidade, são 14 shows na bagagem antes de subir ao palco no Ibirapuera. Dave Matthews, de 58 anos, considera os festivais uma vez que chances de lucrar um novo público.
“Muitas pessoas talvez não acompanhem de perto nosso trabalho. Nossa filarmónica não é enxurro de hits que tocaram nas rádios. Não temos uma ‘Fat Bottomed Girls’ ou uma ‘Stairway to Heaven’. Queremos impressionar esse pessoal”, diz Matthews, contando em seguida um macróbio truque. “Houve uma estação em que eu até colocava alguns covers na apresentação, para que todo mundo ali reconhecesse alguma coisa mais familiar.”
Apesar da reputação de filarmónica que precisa ser vista ao vivo para perceber toda a sua força, a curso fonográfica da Dave Matthews Band é gigante. O grupo tem o recorde de lançar sete álbuns consecutivos que alcançaram o topo da paragem americana. O mais recente, “Walk Around the Moon”, chegou ao quinto lugar.
Matthews conta que o processo para gravar foi totalmente dissemelhante do habitual. “O disco começou a ser feito durante a pandemia, cada um trancado na sua moradia. O sumo de liberdade era permanecer no jardim. Uma vez que nós não estávamos juntos, precisei deliberar muitas coisas. Sabor de discutir bastante os arranjos, mas isso ficou mais complicado.”
O cantor e compositor admite que às vezes ele nem sentia que estava fazendo um álbum. “Ortografar e tocar era tudo o que a gente podia fazer naquele momento. Ler um livro pela manhã, tocar um pouco à tarde e debutar a ingerir”, diz, rindo. “Evidente que não era exatamente assim, mas tem um pouco de verdade nisso.”
Quando percebeu que estava com algumas canções que o agradavam, ele procurou o baterista Carter Beauford, que, ao lado do baixista Stefan Lessard, é integrante da filarmónica desde o início, há 35 anos. “Por muito tempo trocamos mensagens o dia todo, os dedos quase quebrando. Quando eu fui para o estúdio com Carter, tínhamos avançado muito.”
Matthews não tem uma opinião definitiva sobre o processo. “Talvez tenha faltado aquela espontaneidade que você consegue experimentando mais, com a filarmónica toda. Ali éramos só nós dois para chegar a um consenso. Carter é criativo e muito eficiente, tudo ficou mais curto, num processo mais rápido. Evidente que com todos juntos poderia permanecer mais vibrante, um som mais explosivo, mas eu gostei de testar um pouco desse trabalho mais, sei lá, organizado.”
Ele conta que muitas canções de “Walk Around the Moon” foram escritas já dentro do estúdio. “Para algumas, tinha unicamente alguns rascunhos da letra. Eu permanecia com um microfone de voz ligado e outro na minha guitarra. Já ia gravando aquilo que eu estava criando naquele momento.”
Ativista ferrenho de causas sociais e ambientais, em várias letras ele alfineta os governantes mundiais. “Não quero ser um pastor, não quero expor o que as pessoas devem fazer, mas creio que agora é preciso furar os olhos para a ganância, a miséria de poder e a ignorância, que são verdadeiros inimigos do nosso horizonte.”
Matthews recorda que, durante a pandemia, estava trabalhando numa melodia que entrou nesse álbum de rocks e algumas baladas. O nome é “Madman’s Eyes”. “Eu vi na TV que cantores na Itália estavam se apresentando nas sacadas de seus apartamentos, em recitais para seus vizinhos. Num momento que parecia sem esperanças, isso era o que a gente podia fazer. As pessoas precisam procurar umas às outras, ajudar a sanar os outros.”
Depois décadas cantando em eventos de escora às campanhas dos candidatos democratas, ele se preocupa com a segunda gestão do republicano Donald Trump. “Nos Estados Unidos, há um literato da violência, até para usá-la na procura por liberdade. Não é o caminho para um mundo mais hospitaleiro. As pessoas precisam de abraços.”