Defensores De Igualdade Em Disputa Feminina Criticam Coi 08/08/2024

Defensores de igualdade em disputa feminina criticam COI – 08/08/2024 – Esporte

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Seria excesso manifestar que o COI (Comitê Olímpico Internacional) está nas cordas –sentença usada no boxe quando um lutador fica acuado, prestes a ser nocauteado. Mas a controvérsia sobre gênero envolvendo duas boxeadoras nos Jogos de Paris tem feito a entidade levar sopapos de estudiosos do tema e defensores de paridade de condições nas competições femininas.

Os críticos cobram regras claras do ponto de vista biológico para definir quem pode ser considerado elegível a competir na categoria feminina.

O fragor começou quando a lutadora argelina Imane Khelif venceu a italiana Angela Cariani na primeira tempo do torneio de boxe: aos 46 segundos do primeiro assalto, depois de levar um direto no rosto, Cariani abandonou a luta se queixando da força da oponente.

Khelif, assim porquê a taiwanesa Liu Yu-ting, tinham sido impedidas de participar do Mundial amante de Novidade Déli no ano pretérito, organizado pela IBA (Associação Internacional de Boxe). Segundo a entidade, elas não passaram nos testes de elegibilidade para a disputa feminina.

O presidente da IBA, Umar Kremlev, desqualificou as boxeadoras, outro integrante do IBA as chamou de homens, mas as informações sobre os testes a que foram submetidas para embasar sua exclusão são erráticas.

A associação chegou a manifestar que tratou-se de exames de DNA e de testosterona, mas se contradisse num transmitido solene, segundo o qual elas “não foram submetidas a um examinação de testosterona, mas a um teste separado e reconhecido, cujos detalhes permanecem confidenciais”.

A controvérsia atingiu proporções globais, opondo conservadores e progressistas e virando um manancial para desinformação e histerismo nas redes sociais, tudo manteúdo pela disputa política (e geopolítica) entre o COI e a IBA –comandada por um coligado de Vladimir Putin, num momento em que a Rússia vive guerra com o COI depois ter sido banida de Paris-2024 pela invasão à Ucrânia.

Retirada da organização do torneio de boxe em 2019 e expulsa do movimento olímpico em 2023 pelo comitê, a IBA tem um histórico de rolos –o predecessor de Kremlev foi indiciado de liderar o transgressão organizado no Uzbequistão; o presidente anterior a leste foi longínquo por denúncias de prevaricação e má gestão.

O COI, que desde as últimas Olimpíadas organiza por conta própria o torneio de boxe dos Jogos, ignorou as informações da IBA sobre as boxeadoras e as considera mulheres, com base na enunciação de suas certidões de promanação. Alega que ambas disputam competições internacionais de boxe há muitos anos na categoria feminina, incluindo os Jogos de Tóquio-2020.

“As duas coisas podem ser verdadeiras ao mesmo tempo: o COI pode ter estabelecido em banir a IBA e falso em ignorar o sexo biológico —em obséquio do gênero permitido– porquê critério para a competição feminina”, disse à Folha Doriane Lambelet Coleman.

Ela é professora de recta da Universidade Duke, nos Estados Unidos, estudiosa do tema e autora de “On Sex and Gender – A Commonsense Approach” (sobre sexo e gênero, uma abordagem pelo siso geral).

Ex-atleta suíça-americana (foi campeã universitária nos 800 m nos dois países), Coleman reconhece que não há elementos para qualificar as boxeadoras porquê transgênero, mas ressalta evidências de que que elas podem ter sexo genético XY e/ou altos níveis de testosterona, tornando desigual uma disputa na categoria feminina.

la faz menção aos testes da IBA que o COI achou por muito ignorar em nome de uma política de inclusão.

A acadêmica ofídio que o COI tenha regras claras para definir quem pode participar dos torneios femininos nos Jogos. “Oferecido que as diferenças de sexo são a razão pela qual temos competições de sexo separadas, as regras de elegibilidade precisam ser baseadas no sexo, não no gênero permitido ou na identidade de gênero.”

“As regras que implementam leste princípio”, acrescenta Coleman, “precisam ser definidas muito antes das principais competições para que todos estejam cientes do que são”.

Ao lado de Coleman na cobrança está a tcheca naturalizada norte-americana Martina Navratilova, uma das maiores tenistas de todos os tempos. Homossexual casada com uma mulher, ela foi por anos um ícone do movimento gay, mas, assim porquê Coleman, tem sido criticada por ativistas transgênero por ser contrária à participação de mulheres trans ou com saliente índice de testosterona em competições femininas.

Na última semana, Navratilova discutiu, via rede social, com a senadora trans espanhola Carla Antonelli por culpa da controvérsia das boxeadoras. Foi chamada de transfóbica por Antonelli, rebateu a sátira e por termo indicou que iria bloquear a política no X (ex-Twitter).

Junto com Coleman e com a ex-nadadora dos EUA Donna de Varona (duas medalhas de ouro nos Jogos de Tóquio-1964), Navratilova fundou o Women’s Sports Policy Working Group (Grupo de Trabalho sobre Políticas Esportivas Femininas), cuja missão é “declarar e fortalecer o recta permitido de meninas e mulheres a competições esportivas separadas e single-sex”.

O grupo afirma que respeita e encoraja a participação esportiva de pessoas transgênero, desde que essa inclusão não fira os direitos das mulheres a competições justas.

“Apoiamos os direitos dos atletas transgênero de se identificarem porquê acharem adequado e de serem tratados porquê mulheres ou homens ou ‘não binários’ ou ‘de gênero fluido’ sem levar em conta o sexo em outras esferas do esforço humano, onde a biologia não é o mais relevante, porquê a maioria dos empregos, salas de lição, moradia, recta da família, etc.”

No entanto, observa o grupo, “o esporte competitivo é um dos poucos lugares onde as diferenças biológicas de sexo importam. Os homens têm maior força, tamanho, velocidade e volume muscular. Os homens têm corações, pulmões, mãos, pés e crânios maiores. As mulheres têm mais gordura corporal e ela é distribuída de forma dissemelhante da gordura corporal dos homens”.

“Essas enormes diferenças sexuais resultam em vantagens de desempenho para os homens em quase todos os esportes. Nos esportes, o sexo importa. É o determinante de desempenho mais poderoso e é por isso que a segregação formal de sexo é onipresente em todo o esporte.”

O médico endocrinologista australiano David Handelsman, da Universidade de Sydney, profissional em andrologia e responsável de artigos científicos que buscam traçar critérios científicos/biológicos para definir a participação separada por sexo em competições esportivas, compartilha da visão do grupo, apesar de não fazer secção dele.

“O problema parece ser a ignorância pública em relação a DSDs [ou distúrbio de desenvolvimento sexual, que faz mulheres produzirem hormônios masculinos] e XY e por que atletas assim não deveriam competir contra mulheres [biológicas], por uma questão de justiça”, disse Handelsman à Folha.

Basicamente, defende o andrologista, transgênero ou pessoas com disfunções hormonais que aumentam o nível de testosterona não devem ser autorizados a competir em eventos femininos. Suas pesquisas demonstraram que a testosterona circulante é determinante das vantagens físicas masculinas que ditam as diferenças sexuais no desempenho esportivo.

“O COI se desonrou repetidamente em questões intersexuais e transgênero. É um caso de reductio ad absurdum [redução ao absurdo]”, afirma o médico, citando a sentença latina para uma hipótese que termina desmoralizada por sua própria premissa.

Handelsman critica os “especialistas” instantâneos na mídia” e diz que a maioria dos que “sabem do que estão falando [ele inclui Coleman nesse time] considera o histórico do COI nessa espaço irremediavelmente equivocado e injusto com a vasta maioria das atletas femininas”.

Indagado sobre porquê ter certeza de que Imane Khelif e Liu Yu-ting poderiam ser transgêneros ou DSDs, ele respondeu: “A privacidade provavelmente torna impossível ter certeza, mas a única tradução plausível é que são DSDs de qualquer tipo”.

Outros especialistas, porquê a brasileira Katia Rubio, professora da Faculdade de Instrução da USP, discordam da urgência de parâmetros científicos. Ela coloca em incerteza os testes que fixam tais regras por proteger que o determinante biológico hoje já não define o que é varão ou mulher.

“A identidade passa pela questão social. Tem de entrar nessa balança os argumentos sociais e psicológicos. No entanto, a discussão segue no contextura biológico e, infelizmente, quem dá as cartas nesse contexto é a medicina, o que é um contraditório”, afirmou.

Pelo fortalecimento de tal visão na sociedade contemporânea, o COI deixou de realizar testes de sexo para definir quem pode participar das competições femininas e leva em conta a informação do passaporte. O comitê informou, porém, que os organizadores do torneio de boxe dos Jogos têm meios “para prometer a imparcialidade da competição”.

O COI disse ter sido avisado pela IBA em 2023 sobre a situação das boxeadoras, mas observou que os testes realizados “não são legítimos”. Para o COI, a argelina e a taiwanesa “foram vítimas de uma decisão repentina e arbitrária da IBA, (…) mormente considerando que disputavam competições de cocuruto nível há muitos anos”.

Em entrevista coletiva, o presidente do COI, Thomas Bach, declarou que as atletas não são transgêneros nem se enquadram em casos de DSDs e disse que a entidade não pode se pautar por comentários de redes sociais.

Pressionado, o COI tem dito que não pode mudar as regras durante uma competição, mas o porta-voz do comitê, Mark Adams, sugeriu que o incidente das boxeadoras pode provocar alterações para os Jogos de Los Angeles-2028.

“Não é uma questão preto no branco, e nós do COI estaríamos muito interessados em ouvir um consenso sobre isso e seríamos os primeiros a agir sobre isso caso um entendimento geral fosse obtido.”

Folha

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