Devastada Pela água, Roca Sales Vive Entre Migração E Reconstrução

Devastada pela água, Roca Sales vive entre migração e reconstrução

Brasil

O município de Roca Sales (RS) tenta se reconstruir em meio a uma vaga de transmigração de quem não acredita mais na viabilidade da cidade, que fica às margens do Rio Taquari. O Vale do Taquari – região que abrange 36 municípios gaúchos – foi talvez a região mais afetada pelas enchentes que devastaram o estado em maio.

A Sucursal Brasil visitou o município pouco mais de 50 dias posteriormente a maior catástrofe climática do estado e viu casarões completamente abandonados por moradores que temem em voltar a investir nas residências. O município já havia sofrido com uma grande enchente em setembro de 2023 e soma quatro enchentes no pausa de 10 meses.

O policial social Glauco Kummer, de 45 anos, lavava a moto no terraço de uma vivenda que perdeu boa secção do telhado. Ele contou que a chuva subiu 1 metro supra da residência que tem um marchar, com murado de 350 m² em cada piso.

“A outra [enchente] já tinha tapado o telhado, mas essa foi maior e arrancou todo o telhado fora, logo o prejuízo é muito maior. Limpamos a vivenda, mas a expectativa de meu pai voltar é mínima. Cá na frente mora meu tio, que não vai mais mexer na vivenda e já saiu da cidade. Está todo mundo muito aluído”, contou.

Roca Sales (RS), 22/06/2024 - Glauco Kummer em frente a sua casa, após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Roca Sales (RS), 22/06/2024 - Glauco Kummer em frente a sua casa, após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

A chuva cobriu toda a vivenda de Glauco Kummer. Parentes estão deixando a cidade. Foto: Bruno Peres/Sucursal Brasil

Glauco disse que a família tem a vivenda há 42 anos e, antes de setembro do ano pretérito, nunca havia tido uma enchente que invadisse a residência.

Preços elevados

Outro problema enfrentado pelos moradores é o aumento dos preços dos terrenos, das casas e dos aluguéis posteriormente as enchentes. Segundo relato de moradores, o valor dos imóveis subiu entre 50% e 80%. De convenção com a prefeitura, 400 famílias seguem sem moradia.  

A vendedora Júlia Almeida, de 20 anos, pensa em deixar Roca Sales.

“Não tem onde morar. Edificar vivenda que está mais difícil agora porque você não acha locais onde não pega chuva. Aliás, o valor ficou mais custoso. Meus pais moram de aluguel e nossa vivenda está sendo colocada a venda, vamos ter que transpor”, relatou.

Em Roca Sales, quase toda a superfície urbana ficou embaixo d’chuva e a prefeitura defende transferir todo o meio, onde vivem murado de 40% dos 10 milénio habitantes da cidade, para um lugar mais cume. 

O aproximação à cidade, vindo de Porto Prazenteiro, ainda está difícil por culpa do desabamento de uma ponte. Nossa reportagem enfrentou engarrafamento de murado de uma hora para encruzar uma ponte metálica onde só passa um sege por vez.

Reconstrução

Enquanto alguns querem transmigrar, outros moradores vão tentar reconstruir a cidade. A mercador Raquel Lima, de 48 anos, estava limpando a loja para tentar reabri-la na próxima semana. Antes da enchente de setembro, a loja era de bijuteria, depois virou uma loja de sorvete, açaí e lanches.

“Estava começando a me reerguer, estava melhorando. Daí veio de novo essa enchente. Vamos ver agora porque foi bastante gente embora da cidade. Eu não vou desistir. Eu espero que melhore. Eu estou com bastante esperança que vai dar visível, que nós vamos conseguir se reerguer”, afirmou.

Roca Sales (RS), 22/06/2024 - Raquel Lima em frente a sua loja, após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Roca Sales (RS), 22/06/2024 - Raquel Lima em frente a sua loja, após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Raquel Lima preparando sua loja para reabertura. “Não vou desistir”. Foto: Bruno Peres/Sucursal Brasil

Os moradores que conversaram com a Sucursal Brasil elogiaram a economia da cidade, dizendo que ela tem trabalho e oportunidades. O município é sede de indústrias uma vez que a gigante de frigoríficos JBS, a de calçados Cercadura Rio e a de couros Bom Retiro.

O presidente da Câmara de Indústria, Transacção e Serviços de Roca Sales, Cléber Fernando dos Santos, explicou que as indústrias de médio e grande porte conseguiram retomar as atividades, ainda que parcialmente, uns 25 dias posteriormente a enchente. Porém, as pequenas e micro indústrias, comércios e serviços ainda encontram dificuldades.

“Algumas até agora não conseguiram retomar porque muitos tomaram empréstimos ou usaram aquela economia que tinham guardado e investiram posteriormente a enchente de setembro. Eles imaginaram que nunca mais iria ocorrer alguma coisa dessa magnitude”, afirmou.

Cléber diz que esses comerciantes precisam de recursos a fundo perdido porque não conseguem tomar crédito por estarem endividados. “A gente está tendo um êxodo muito grande cá. Outros municípios que não foram atingidos, eles acabam conseguindo atrair o pessoal oferecendo vivenda e trabalho para o pessoal daqui”, explicou.

Prefeitura

A Prefeitura de Roca Sales estima uma perda de receita de 40% neste ano por conta da enchente. O prefeito Amilton Fontana diz que a situação ainda está muito precária, em próprio, o aproximação às comunidades da zona rústico do município, onde ficam os negócios agrícolas e pecuários, que representam murado de 45% da economia lugar.

“A lavra não conseguiu colher, granjas foram totalmente destruídas. A gente tem uma perda muito grande de produção”, disse.

Outra dificuldade é para conseguir elaborar os projetos para solicitar recursos para reconstrução.  

“Estamos recebendo recursos, mas a reconstrução precisa de projetos. Temos uma equipe mínima para fazer os projetos. Não temos estrutura para entregar tudo pronto em 50 dias”, acrescentou o prefeito.

Para Amilton Fontana, a prioridade é a habitação. “Não adianta tu querer arrumar uma rua e tu não ter a vivenda para as pessoas morarem. O que vai segurar as pessoas na cidade é a habitação. Logo nós pedimos menos burocracia para liberar esse recurso”, contou.

Roca Sales (RS), 22/06/2024 - Casas destruídas após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Roca Sales (RS), 22/06/2024 - Casas destruídas após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Roca Sales foi uma das cidades mais atingidas pela enchente que devastou o Rio Grande do Sul. Foto: Bruno Peres/Sucursal Brasil

Ministério das Cidades 

O Ministério das Cidades publicou na última semana as regras para a construção de 2 milénio unidades habitacionais em áreas rurais atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Estão previstas ainda outras 10 milénio unidades para áreas urbanas. 

>> Veja cá a cobertura completa da tragédia no RS

As moradias, dentro do programa Minha Mansão, Minha Vida, serão construídas em municípios em situação de emergência ou estado de calamidade pública, formalmente reconhecidos pelo governo federalista.

Cada vivenda em superfície rústico terá um subvenção de até R$ 86 milénio, podendo chegar a R$ 200 milénio em áreas urbanas.

Fonte EBC

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *