Dez Momentos Que Fizeram Do Menino Ayrton A Lenda Senna

Dez momentos que fizeram do menino Ayrton a lenda Senna – 01/05/2024 – Esporte

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“Vocês sabem quem ele é, né? Senna, o melhor!”

Adelaide, na Austrália, havia sido palco da última lanço do campeonato de 1993. Ayrton Senna —cuja morte completa 30 anos nesta quarta-feira (1º)— foi o vencedor da corrida, mas Alain Prost, seu rival de longa data, o vencedor. Para festejar o término de uma temporada que encerraria seu contrato com a McLaren, o brasílio tricampeão mundial de F1 decidiu ir ao show da cantora Tina Turner.

Turner avistou Senna e o chamou ao palco. “Você é simplesmente o melhor, melhor do que todo o resto, melhor do que qualquer um, qualquer um que já conheci”, declamaram público e cantora ao piloto, envergonhado.

Naquele momento, o menino Ayrton já era a mito Senna. O garoto criado na região da serra da Cantareira, na zona setentrião da cidade de São Paulo, transformou-se em um ícone, uma transformação que pode ser resumida em alguns momentos.

Ayrton e Mônaco: o início de uma paixão

Sentado na mureta dos boxes da F1 em Monte Carlo, Ayrton fitava a segmento da pista onde se formaria o grid de largada para o Grande Prêmio de Mônaco. Esta seria somente sua sexta corrida na F1, já que estava em seu ano de estreia. Sua posição era a 13ª.

Se hoje a teoria de cimalha nível de pilotagem na chuva remete a Senna, isso começou a ser construído no GP de Mônaco de 1984. O principado amanheceu sob chuva torrencial. Logo na primeira volta, Ayrton ultrapassou quatro carros. Ao término da décima volta, ocupava a sétima posição.

Na ponta do pelotão, Alain Prost, que largou na pole position, e Nigel Mansell davam a sentimento de que seriam os postulantes à vitória. Até que o britânico bateu sua Lotus na subida para a curva do Cassino. A essa profundidade, Ayrton ultrapassara Michele Alboreto, Keke Rosberg e René Arnoux. Com o deserção de Mansell, estava na terceira posição.

À sua frente, portanto, o brasílio tinha Niki Lauda, companheiro de equipe de Prost na McLaren e conhecidamente habilidoso. Na curva Saint Devote, a sapiência de um vencedor mundial sucumbiu à voracidade de um estreante. Senna fez um traçado por fora e o ultrapassou. Sua missão passara a ser, portanto, depreender Prost.

Enquanto alguns pilotos pareciam estar deslizando em gelo fino, a Toleman de Senna era ávida, assertiva e rápida. Pouco mais que dez giros foram necessários para Ayrton depreender Prost, até que o diretor de prova Jacky Ickx encerrasse a corrida por julgar incabíveis as condições da pista. O gaulês foi dito vencedor, e Senna ficou em segundo, celebrando seu primeiro pódio na F1 em sua estreia pelas ruas de Mônaco.

A primeira pole e a primeira vitória na F1

Em seguida sua temporada de estreia na F1, com a Toleman, Ayrton assinou com a Lotus em 1985. A temporada que começou com o GP do Brasil, no hoje extinto rotação de Jacarepaguá, onde o piloto brasílio enfrentou uma lapso elétrica que o tirou da disputa pelo pódio.

Na segunda lanço do ano, o GP de Portugal, em Estoril, seria onde Ayrton lutaria pelos primeiros pontos naquele campeonato. No rotação português, cravou sua primeira pole position na F1, com 0s413 de vantagem em relação a Prost, que teve de largar na segunda posição do grid.

Estoril amanheceu naquele 21 de abril de 1985 sob chuva. Dos 26 pilotos que se classificaram, somente nove terminaram o GP de Portugal. Já na largada, Ayrton abriu uma vantagem significativa e, em poucas voltas, desapareceu na intervalo. Ali ficou evidente que, com a Toleman, a Lotus ou qualquer outro carruagem, o talento era enorme.

A conquista do primeiro título mundial na F1

Em 1988, a McLaren e seus dois pilotos, Ayrton e Prost, eram considerados o “dream team”. O brasílio havia vencido sete dos primeiros 14 GPs, e o gaulês, seis —Gehrard Berger, da Ferrari, triunfara no outro.

Em Suzuka, no Japão, a vitória seria suficiente para Ayrton invadir o campeonato e não ter de prorrogar a guerra com o gaulês para a Austrália, palco da última lanço.

Desde os treinos, Senna se mostrava determinado, e sua McLaren parecia corresponder à sua ânsia pela vitória. Entretanto, um paisagem heróico e um tanto dramático se adicionou à história: o carruagem de Ayrton, que largava na pole position, morreu.

Termo de um sonho? Não. O brasílio se aproveitou da inclinação do rotação de Suzuka e fez a McLaren pegar no tranco. Ao término da primeira volta, o brasílio reconquistou oito das 16 posições que perdera. Mais alguns giros se passaram, e Ayrton se colocou na terceira posição, com Prost e Ivan Capelli adiante.

Os líderes se embaralharam com os retardatários, o suficiente para que Senna ultrapassasse Capelli na 19ª volta. Ayrton voltou sua mira a Prost, que, no 28º dos 51 giros, viu o brasílio gravado no espelho retrovisor. O brasílio ultrapassou o gaulês em manobra na reta dos boxes.

Com os punhos erguidos e com a viseira de seu elmo virente e amarelo levantada, Ayrton comemorava o primeiro de seus três títulos mundiais na F1.

A primeira vitória em mansão

Senna chegou à temporada de 1991 já com dois títulos mundiais, 52 pole positions e 26 vitórias, mas não vencera em mansão.

Naquele ano, a Williams era rival da McLaren, e os pilotos Ricardo Patrese e Nigel Mansell trabalharam para impedir o triunfo de Ayrton no GP do Brasil.

Em seguida ter largado na pole position, o brasílio utilizou a vantagem de seu carruagem nas retas para perfurar vantagem em relação a Mansell, que vinha em segundo. O inglês diminuiu a diferença e tentou aproximar-se do brasílio duas vezes, mas em ambas a Williams erroneamente parou Mansell para fazer o pit stop, o que fazia o inglês retornar à pista com grande desvantagem em relação a Ayrton.

Para piorar a situação, Mansell rodou e quebrou o câmbio de sua Williams, o que fez de Patrese aquele que poderia ameaçar a vitória de Senna. Nesse ponto, no terço final da prova de 71 voltas, o brasílio perdera da primeira à quinta marchas, restando somente a primeira. Mas acontece que Patrese não estava correndo para depreender Ayrton, pois a Williams pensava que a McLaren estava somente gerenciando o ritmo.

Quando a Williams percebeu que havia um pouco de incorrecto, deu o aviso a Patrese, que fez a desvantagem desabar para 5s446 faltando três voltas para o final. Interlagos, que antes sorria, ficou tensa. A atmosfera pesou, e uma garoa fina se transformou em chuva.

Senna resistiu. Com somente a sexta marcha, venceu pela primeira vez em mansão.

O tricampeão mais novo da história

Além das polêmicas que antecederam a temporada, 1991 foi um dos campeonatos mais complexos que Senna enfrentou. Muitos fãs o consideram o melhor do craque.

Ayrton começou o ano vencendo as quatro primeiras corridas, porém, quando a Williams solucionou seu problema de confiabilidade, o motor Renault se mostrou melhor do que o Honda. Isso fez Ayrton aumentar a pressão na McLaren e, principalmente, na fornecedora japonesa de motor, o que pareceu ter funcionado. A McLaren acabou o ano com um saldo de oito vitórias, contra sete triunfos da Williams.

Suzuka, novamente penúltima lanço do campeonato, foi pela terceira vez palco da conquista do título mundial de Ayrton na F1. Naquele 20 de outubro, aos 34 anos de idade, ele se tornou o mais novo tricampeão mundial na história da F1, posição que perderia para Sebastian Vettel em 2012.

A volta dos deuses

Quando Donington Park foi anunciada porquê palco do GP da Europa de 1993, a mídia especializada criticou muito a escolha do autódromo. “Donington é muito estreita, não há pontos de ultrapassagem” foi argumento recorrente.

Naturalmente, a expectativa era uma corrida chata, travada, daquelas que fazem o testemunha cochilar diante da TV. O contrário, porém, aconteceu.

Senna alinhou sua McLaren na quarta posição do grid de largada. Quando as luzes se apagaram, o brasílio partiu para cima de Michael Schumacher, que o espremeu com sua Benetton. Assim, Ayrton posicionou seu carruagem pelo lado de dentro primeira da curva, rapidamente livrando-se do teutónico.

Na curva seguinte, Senna superou o piloto austríaco Karl Wendlinger e colocou Damon Hill em sua mira. A ultrapassagem finalmente ocorreu três curvas depois. Conquistada a segunda posição, faltava a liderança da prova, ocupada por Prost.

O gaulês, piloto da Williams em 1993 e com um carruagem conhecidamente superior à McLaren, tentava perfurar vantagem em relação ao resto do pelotão, até que Senna foi à sua caça.

Um pormenor importante: chovia, uma clara vantagem para o brasílio. Prost patinou na reta Starkey, em descida, e Ayrton não perdeu tempo. Aproveitou o erro do gaulês para se aproximar e o ultrapassou. Os ex-colegas de equipe chegaram a se enfrentar entre as voltas 35 e 38, mas Senna se mostrou superior.

Ayrton mostrou que o problema não era Donington Park em si. A pista simplesmente exigia que, caso o piloto quisesse se realçar, precisaria ser assertivo e preciso.

O rei de Mônaco

Ayrton Senna descreveu sua relação porquê o rotação de Mônaco, em entrevista ao jornal L’Equipe, porquê “mais do que uma história de paixão, uma paixão”.

A paixão nasceu em 1984 e rendeu a primeira vitória em 1987. A calorosa história de paixão teve ainda cinco triunfos seguidos: 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993.

Em 1993, Ayrton bateu o recorde de cinco vitórias de Graham Hill no GP de Mônaco. Damon, rebento de Graham, cruzou a traço de chegada em segundo lugar e, na apertada sala de prelo, virou-se para Ayrton e disse: “Se meu pai ainda estivesse vivo, ele certamente o parabenizaria! Você é o rei de Mônaco”.

Aquela foi a última vez que Senna correu na F1 pelas ruas de Monte Carlo.

Senna salva Érik Comas

Em agosto de 1992, o circo da F1 se encaminhava para uma de suas pistas mais perigosas, a de Spa-Francorchamps, na Bélgica.

Durante os treinos, o gaulês Érik Comas, da Ligier, batera na curva Blanchmont, de modo que seu carruagem ficou atravessado na pista. Desacordado, Comas não conseguia desligar seu carruagem a término de evitar um pior acidente.

Quando alcançou aquele ponto do longo rotação, Senna parou a McLaren e correu para ajudar o gaulês. Ele viu que Comas ainda pressionava inconscientemente o pedal do acelerador e, portanto, desligou o motor da Ligier.

Vinte e três anos depois, no que seria o natalício de 55 anos de Ayrton, Comas participou de vídeo em que relembrou a ajuda que recebeu do brasílio. “Ele desligou a ignição do carruagem, evitando assim uma explosão. Neste momento, Ayrton Senna salvou minha vida.”

‘Se você não for detrás de um espaço que existe, você não é mais um piloto de corrida’

A frase foi proferida por Senna em uma entrevista concedida a Jackie Stewart, tricampeão mundial de F1.

A conversa tensa tinha porquê tecido de fundo um incidente ocorrido em 1990, em Suzuka. Ayrton, que cravara a pole position, julgava incorrecto ter de alinhar no lado da pista onde teria menos aderência, argumentando que o segundo lugar, no caso Prost, obteria vantagem.

Inconformado com a polêmica decisão dos comissários, Senna não cedeu a posição ao gaulês na primeira curva do rotação, o que gerou uma colisão entre as McLarens.

Na entrevista, Sir. Jackie Stewart argumenta que a postura de Ayrton foi antidesportiva. Por conta de ter corrido em uma F1 altamente mortífero, o tricampeão escocês alertou aos perigos do esporte a motor.

Senna o escutava e parecia entender a questão da falta de segurança, mas, diante do que se passou em Suzuka em 1990, escolheu as referidas palavras: “Se você não for detrás de um espaço que existe, você não é mais um piloto de corrida”.

Um legado perpetuado

“Parecia o Papai Noel quando ele chegava. A família inteira fazia a sarau. Ele saía pegando todas as crianças, botando nas costas, jogando para cima, era a maior bagunça!”, recordou Lalalli Senna, sobrinha de Ayrton, em entrevista à Folha.

A artista que criou o busto do Senna no setor A do autódromo de Interlagos tinha somente oito anos quando seu tio morreu, mas assegura que a memória está fresca. “Eu me lembro dele muito muito porque, na verdade, ele era um tio muito marcante.”

Ayrton era publicado por ter um jeito descrito porquê “muito família”. O paulista gostava de viajar para a praia com seus familiares.

“Ele não estava sempre cá, mas, quando estava, era muito intenso”, disse Lalalli. Segundo ela, Ayrton era do tipo que prestava atenção e naturalmente se importava com o próximo, um pouco visto de maneira concreta no incidente com Comas na Bélgica.

Mais um momento que ajudou a transformar o menino Ayrton na mito Senna, “simplesmente o melhor”, porquê observaram Tina Turner e tantos outros.

Folha

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