Na capital paulista, o movimento social Mães da Sé lançou hoje (30), Dia Internacional da Pessoa Desaparecida, a campanha T-Search, o #OutfitDaVisibilidade, para sensibilizar a população, o Poder Público e as autoridades policiais quanto aos casos de desaparecimento. O nome da iniciativa e a hashtag utilizam as expressões em inglês “t-shirt”, que mistura o significado de camiseta e procura, e “outfit”, traduzida uma vez que combinação de roupas. A teoria é que os rostos das pessoas desaparecidas estampem camisetas que poderão ser compradas (tsearch.com.br) por qualquer um e facilitem a circulação e elucidação dos casos.
A ação é feita em parceria com o coletivo Weber Shandwick e as peças de roupa foram confeccionadas na Galeria do Rock, ponto famoso de São Paulo por vender artigos uma vez que camisetas de bandas do gênero músico. Participam da campanha personalidades influentes, uma vez que Luana Piovani, Xuxa, Caco Ciocler, Luiza Possi, Bela Gil e Vitor Belfort, cuja mana desapareceu em 2004 e até hoje não foi localizada.
No Brasil, 183 pessoas desaparecem todos os dias, em média, conforme levantou o Fórum Brasiliano de Segurança Pública (FBSP). Há predominância de homens (62,8%) e negros (54,3%). Aliás, crianças e adolescentes entre 12 e 17 anos representam murado de 30% dos desaparecidos.
O Movimento Mães da Sé (Associação Brasileira de Procura e Resguardo à Párvulo Desaparecida) é uma entidade sem fins lucrativos. A cada 15 dias, as integrantes se reúnem nas escadarias da Catedral da Sé, realizando uma sintoma silenciosa com fotos e cartazes de seus filhos desaparecidos.
“Somos irmanadas pela dor, a dor da perda, pela esperança de encontrar uma resposta. O desaparecimento é, infelizmente, uma razão invisível aos olhos da sociedade e das autoridades “, declarou, em seu oração, Ivanise Esperidião, presidente da organização, fundada em 1996 e que já encontrou 5,5 milénio pessoas.
Luta e luto
Era 19 de setembro de 2013. Marta Forte Branco Torres estava empregada, desempenhava um trabalho quebradiço, o de cuidar de crianças. Morava na capital paulista, enquanto uma de suas filhas, Eliene, de 36 anos, desapareceu, no município de Juquitiba (SP), na volta da igreja para sua moradia.
Eliene vivia com o marido e dois filhos. Segundo Marta, era uma mulher “formosa, uma senhora” e não tinha nunca sinalizado que pretendia fugir ou alguma coisa semelhante, mormente porque amava muito suas crianças. Um pouco que fica em destapado até hoje é a incerteza sobre a participação de seu genro no sumiço da filha, pois ele a agredia dentro de moradia. “Ela desapareceu um dia antes de assinar a separação”, conta Marta, que não suportou mais trabalhar com crianças, por ter adoecido em diversas dimensões, e hoje é modista.
“Os policiais diziam: ela deve ter se cansado do marido e volta”, acrescenta, evidenciando uma reação bastante geral nos casos de desaparecimento, que é a minimização do problema, tanto por segmento de conhecidos uma vez que de autoridades que têm o obrigação de investigar o que de vestuário ocorreu. “Já dormi e acordei muitas vezes cá na Rossio da Sé.”
Hilda Moisés da Conceição, de Desterro na Paraíba, veio a passeio a São Paulo para tentar espairecer, depois de completado um mês da morte do marido, e, por casualidade, andava pela Rossio da Sé quando viu a mobilização da campanha T-Search. A conexão com seu rebento Edvaldo Ferreira de Vasconcelos, de 39 anos, foi cortada em 11 de dezembro de 2011. Ele vivia na capital paulista e viajou a São Miguel dos Campos, em Alagoas, com o primo. Portanto, sumiu.
“Ele disse que meu rebento abriu a porta do sege e saiu correndo para o meio do canavial. É esse objecto até hoje”, narra ela.
“[O primo] É minha família, né. Portanto, fico sem resposta”, emenda, depois longa pausa e um suspiro. “Meu rebento não era louco, só bebia. Se aconteceu isso… Só iam eles dois. Aí, a única versão é a do rapaz, primo dele. Eu pergunto a Deus. Ele continua contando a mesma história.”
O irmão de Edvaldo, Eberaldo, comenta que registraram boletim de ocorrência, mas que foi em livro, não em sistema informatizado, embora o ano fosse 2011.
“O CPF dele está ativo. Se foi morto, ninguém achou. Toda eleição, eu levo o título dele e mando olhar para ver se ele votou. Nunca votou. Nem nunca fez compra em lugar nenhum”, afirma Hilda.
Ao estar diante da outra filha da paraibana, Maria do Socorro Ferreira de Vasconcelos, também se pode constatar uma vez que a falta de explicações desorienta e, em certos casos, reorienta as pessoas próximas do sumido ou desaparecida. “Ele não tinha problema com a família. Por que não achou o caminho de novo? Mas a esperança está viva. Devido ao vício, pode ter virado morador de rua. Depois disso, a gente começa a ver a situação de morador de rua com outros olhos. Até logo, eu olhava, tinha dó, mas terror também, porque não sabe o motivo de estar ali. Agora comecei a olhar mais para ele.”
Tecnologias e dedicação
Presente no lançamento, o cabo Cândido, da SOS Desaparecidos, da Polícia Militar de Santa Catarina, é um dos três profissionais que compõem a equipe e entregam tudo de si. Em entrevista à Dependência Brasil, ele ressaltou que a forma uma vez que desenvolvem os trabalhos no dia a dia foi sendo aprimorada com o tempo. Um exemplo disso foi se reposicionar e permanecer a postos na rodoviária sítio, por perceber que estar ali aumenta a chance de acharem alguém oferecido uma vez que sumido.
“Tudo isso ajuda na efetividade. Erramos bastante nesse caminho e com os erros a gente aprendeu”, afirma Cândido.
O policial ressaltou, ainda, que o grupo especializado mantém parceria com o Ministério Público do Rio de Janeiro, que utiliza muito o Sistema Pátrio de Localização e Identificação de Desaparecidos (Sinalid), fundamental para intercepção de dados. Há também, na conjugação de táticas, a consulta de bases de dados do setor público, uma vez que as de agências de ocupação.
“Em um dos casos, a família do sumido comentou somente depois de dois meses que ele havia dito, no dia em que sumiu, à mãe que aquela seria a última vez em que ela o veria. Ela também tardou a expor que tinha chegada ao email do jovem”, exemplifica.
“[A área de desaparecidos] É o único lugar em que a gente encontra uma pessoa morta e a mãe fica feliz. É muito pesado. As pessoas não têm noção do que é o desaparecimento. Por isso que quem trabalha lá é muito hipotecado. O pessoal acha que vai para o setor e vai permanecer tranquilo. Não é assim. É muita trouxa de trabalho e só fica quem realmente se identifica e se empenha”, diz o cabo.
Familiares de classes mais altas, pontua o cabo, muitas vezes querem evitar divulgação por acharem que atrairia holofotes. “A gente fala: ‘Olha, desaparecimento não é violação, pode ter realizado alguma coisa com a pessoa e, mesmo assim, às vezes não autorizam a vulgarizar”, diz.
Outra colaboração preciosa para a equipe é o Ministério Público do Trabalho. “A gente sempre fica ligada na lista de pessoas em trabalho servo. É um leque de situações que você tem que entupir. A tecnologia ajuda muito, principalmente a câmera de reconhecimento facial. Toda pessoa que desaparece a gente coloca no cadastro da câmera, em evidente perímetro. Quando ela cruza, a câmera identifica, mesmo que tenha sido há duas semanas detrás.”
Em sua rápida fala ao microfone, a comandante Elza Paulina da Guarda Social Metropolitana (GCM) pontuou que, em um mês de funcionamento das câmeras de reconhecimento facial do sistema Smart Sampa identificaram 11 desaparecidos. A comandante já foi secretária municipal de Segurança Urbana.