Didi Ganha Musical E Quer Voltar à Tv 14/05/2024

Didi ganha musical e quer voltar à TV – 14/05/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Renato Aragão se mistura a Didi Mocó durante a entrevista. Enquanto fala do músico “Adorável Trapalhão”, que reconta sua vida no teatro VillaLobos, em São Paulo, o humorista solta piadas e trejeitos que compõem a persona inconfundível da comédia brasileira.

“Pensei ‘ufa, até que enfim’”, diz ele, dando risada, sobre quando soube que viraria tema de espetáculo. “Fico todo eriçado em falar no músico. Conta coisinha por coisinha. De quando me formei em recta, da minha filha, de quando decidi que não queria ser jurisperito, mas um palhaço.”

O ator conversa sentado ao lado de sua mulher, Lilian Aragão, de 56 anos, que faz as vezes de sua assessora. A entrevista dura 25 minutos, dos quais Renato fala pouco, com a voz fraca e certa lentidão. Aos 89 anos, ele perdeu o vigor de outrora.

O resto do tempo é preenchido por comentários do ator Rafael Aragão, que, apesar do nome, não tem parentesco com ele e interpreta o humorista no músico, e pelas intervenções de Lilian, que vez ou outra toma a frente da conversa. “Paixão, só a gente está falando. A entrevista é com você”, lembra ela depois dos quatro primeiros minutos da conversa.

Lilian não hesita em parar a entrevista para comentar as respostas de Renato, uma vez que quando ouve ele calcular o estado da comédia.

“Está mais contida. Na televisão você vê passando romance, jornal, mas não tem programa de humor”, diz o ator. Questionado se acha isso ruim ou não, Renato pensa, mas não consegue concluir. “Você queria que tivesse mais programas”, diz Lilian. “Pois é”, ele concorda.

Essa dinâmica do parelha é encenada de forma caricata, mas fidedigna, no palco do VillaLobos. Vivida pela atriz Paulão do Vra, Lilian aparece no início do primeiro ato, sobre a juventude de Renato no Ceará, porque não suporta permanecer relegada à coxia. De tanta impaciência, a personagem cruza os limites do tempo e do espaço para saber a futura sogra e cunhados. Na vida real, o parelha só se conheceu anos depois daquilo —Renato se casou antes com Marta Rangel, mãe de seus primeiros quatro filhos.

A Lilian fictícia ressurge depois para tagarelar sobre seu consórcio com o humorista, em 1991. Conta a história praticamente sozinha, sem deixar o personagem de Renato falar, fazendo o público rir.

A Lilian de verdade não se incomoda. “É uma leitura que os artistas fizeram. O diretor exagerou, mas sou assim mesmo. Senti uma vez que uma homenagem”, ela diz, por telefone. “O Renato é tímido. Interrompo ele porque ele me diz ‘conversa para eu não ter que falar’. Eu respondo ‘as pessoas não querem ouvir eu falando, querem você’. Daí a gente combina que um começa e o outro termina. É cumplicidade.”

Mas sua postura incomoda admiradores do humorista. “Lilian ridicularizou a figura do Renato, que envelheceu mal para caralho, fazendo coisas ridículas no TikTok”, diz Vitor Lustosa, roteirista, produtor ou diretor de 16 filmes de Os Trapalhões, grupo responsável por edificar Renato à notabilidade nos anos 1980.

Lustosa critica as dezenas de vídeos nos quais o humorista aparece fazendo dancinhas, muitos ao lado da mulher. As redes sociais dele são controladas por ela. “Lilian tirou a origem humana dele, fez ele virar uma persona non grata. Renato se sente protegido, mas aquilo é um grande teatro.”

Quem pensa parecido é Rafael Spaca, redactor do livro “Os Trapalhões: Modo de Ser, de Pensar e Se Expressar”. “O Renato é odiado por muita gente porque Lilian o assessora muito mal”, afirma. “Ela tem totalidade domínio dele. Monopoliza tudo sem saber uma vez que funciona o meio artístico.”

Lilian rebate. “Renato me deu oportunidade de aprender a trabalhar com publicidade, cinema, televisão e assessoria de prelo.” Apesar de expressar que o ator é assessorado por uma escritório, é ela quem avalia a maioria dos pedidos de entrevistas. “Mas ele sabe de tudo, acompanha tudo [que envolve sua carreira]. Não consigo fazer zero sem o Renato, e ele não faz zero sem mim.”

O exegeta de sistemas Diego Munhoz, que criou no YouTube o conduto Calendário dos Trapalhões, recebeu em 2015 um invitação de Lilian para saber Renato pessoalmente. O encontro, ele diz, fez tombar por terreno a teoria que o humorista fosse raso ou arrogante, uma vez que ouvia de muita gente.

O fã também gostou de Lilian. Diz ter descoberta a mulher incrível —”faz você sentir que a conhece desde a puerícia”—, mas acredita que ela pode ter prejudicado a curso do humorista nos últimos anos.

A dramaturga Marilia Toledo, que escreveu o roteiro do músico, recorreu a Lilian para pesquisar a vida do ator. “Havia detalhes que ela pediu para mudar [no texto], e o Renato respondia ‘não, foi assim mesmo’. Coisas que ela não sabia, ou não se lembrava. Mas Lilian é muito tranquila. Tem essa particularidade de interromper o Renato, mas não de forma invasiva. Ela comprou a teoria da personagem, morreu de rir.”

Spaca, o redactor, gravou uma série documental que deve falar de polêmicas de Os Trapalhões, uma vez que o racismo sofrido por Mussum, a suposta bissexualidade de Zacarias e sobre Renato ter embolsado muito mais verba que os outros porque trabalhava uma vez que produtor, além de ator. A produção ainda não foi lançada.

Renato, que já havia sido entrevistado por Spaca no pretérito, não quis dar depoimentos para o documentário. Spaca diz que Lilian ameaçou ir à Justiça contra ele quando soube da série, por pânico da produção substanciar a teoria de que o marido fosse um varão pouco generoso no pretérito.

Lilian se recusa a falar do objecto. “Isso não faz segmento da nossa vida. A gente não vive isso.”

Dos quatro Trapalhões, só estão vivos Renato Aragão e Manfried Sant’Anna, o Dedé Santana, que se sagrou uma vez que um dos maiores escadas da nossa comédia recente, e formava com Didi uma dupla infalível. Os dois ainda se tratam uma vez que irmãos, Dedé diz, com carinho e uns puxões de ouvido.

“Fui na mansão do Renato há uns meses e tivemos uma recontro. Falei ‘para com essa coisa de só fazer dancinha, porra, só fica recluso em mansão, você vai permanecer velho’”, afirma Dedé.

“Não sei se [essa reclusão] tem a ver com a Lilian. Ela orienta muito ele mesmo, diz ‘não fala isso, faz isso e aquilo’. Pode ser para cuidar dele, por razão da idade, talvez ela tenha razão”, ele segue. “Mas parece que o Renato me ouviu. Disse que a estreia do músico foi um sucesso.”

E foi mesmo, com sessões cheias de fãs nostálgicos. O próprio Dedé é segmento importante da trama, interpretado pelo ator Enrico Verta.

Mas o ex-Trapalhões não presenciou a comoção. Ele não foi consultado durante a produção da peça nem convidado para ver o espetáculo. Nega ter ficado triste, porém. “Eu vibro pelo sucesso do Renato. Devo muito a ele.”

Questionada, Lilian diz ter ficado muito brava com a produção do espetáculo ao desenredar que Dedé não havia sido chamado —os kits com convites não ficaram prontos e ninguém a avisou, ela justifica. O ator ainda será levado a uma das sessões uma vez que convidado próprio, ela acrescenta, muito uma vez que os familiares de Zacarias e Mussum, mortos em 1990 e 1994. O espetáculo segue em papeleta até o termo do mês e, depois, deve satisfazer uma temporada no Rio de Janeiro.

Spaca, o documentarista que é desafeto de Lilian, já teve certa proximidade com Dedé, mas a relação azedou. Ele chateou o humorista ao declarar em podcasts que Renato e sua mulher pagam o projecto de saúde de Dedé uma vez que forma de chantagear o ator. “A Lilian não gosta dele. Ela já atrasou alguns pagamentos do projecto para o lembrar de que ele está na mão dela.”

Dedé nega, e diz que o projecto de saúde foi oferecido a ele de bom grado por Renato depois ele ser exonerado da Orbe, há dez anos. Acrescenta ainda que, se houve tardada no pagamento, foi porque o parelha tem muito com o que se preocupar. Lilian, por sua vez, diz gostar muito do ex-parceiro do marido.

A par ou não das polêmicas, Renato Aragão está genuinamente feliz. Começa a chorar mal entra no palco do músico de sua vida, numa participação que dura muro de cinco minutos, saudado de pé.

Diz que agora é trabalho na cabeça e que tem vários projetos encaminhados. Até aceitaria voltar à Orbe, apesar de ter ficado chateado com a emissora por não receber invitação para o Muchacho Esperança do ano pretérito, programa que ele ajudou a fundar. O ator foi exonerado do conduto em 2020 depois um contrato de 44 anos.

“Senti um pouco de tristeza. Mas a vida é assim mesmo, vai passando e de repente começa tudo de novo.”

Em nota, a Orbe afirma que “tem enorme gratidão e assombro por Renato Aragão”. “O show da campanha, no entanto, tem diferentes desenhos artísticos a cada ano. Em algumas edições não houve a participação do Renato, o que não significa que ele não estará presente neste ano ou nos seguintes, neste ou em outros projetos.”

Mas Renato só voltaria à Orbe para fazer um tipo dissemelhante de televisão, ele diz. Hoje muita gente questiona o humor satírico e pastelão de Os Trapalhões, alegando que certas piadas eram preconceituosas e ofensivas. “O que eu fiz está feito. Não adianta consertar. Tem que ter zelo, mas nunca ofendi ninguém.”

Apesar disso, a comédia, para ele, sempre foi e sempre será uma forma de tratamento. “Se a pessoa está com tristeza ou com pânico, e vê humor na televisão, ela melhora. A vida precisa de humor.”

Folha

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