Um remake de “Vale Tudo”, a contratação de Eliana para o The Masked Singer, um novo reality show nos moldes do Big Brother, o Estrela da Moradia, com o confinamento de cantores, e a volta dos programas de humor quatro anos em seguida a saída de Marcius Melhem da emissora —sob a arguição de assédio por Dani Calabresa, que ele nega.
Há ainda “Mania de Você”, que substitui “Renascer” em setembro. Escrita por João Emanuel Carneiro, o mesmo responsável de “Avenida Brasil”, a trama é calcada numa rivalidade de personagens que espelha a de Nina e Carminha.
Esses são os destaques da programação que Amauri Soares, diretor da TV Mundo e dos Estúdios Mundo, preparou para disputar a atenção do público com as redes sociais e as plataformas de streaming, que agora também fazem novelas, e comemorar os 60 anos da emissora no próximo ano.
Caloso por quatro décadas nos bastidores da emissora —onde já foi editor-chefe do Jornal Vernáculo, diretor de jornalismo em São Paulo e diretor de programação—, o executivo de 58 anos não nega a pulverização da audiência com a qual teve de mourejar em seu primeiro ano de gestão.
Se no início do milênio uma romance de sucesso se aproximava dos 50 pontos de audiência na Grande São Paulo, na dezena seguinte até hits porquê “Avenida Brasil” não ultrapassaram os 40 pontos e, agora, “Renascer” tem a média de 26, primeiro de fiascos recentes porquê “Travessia”, mas longe do pretérito. O BBB, outro líder de audiência, também acumula baixas.
Os dados são do Kantar Ibope, hoje em disputa com as principais emissoras, que desaprovam as propostas do instituto para mudar os parâmetros de mensuração de audiência.
Mas Soares se diz otimista, consciente de que concorrentes porquê SBT e Record também acumulam baixas e de que a Mundo segue na liderança da audiência —segundo o Kantar Ibope, muro de um terço do consumo de vídeo no país é da TV Mundo e a audiência do via franco é maior do que a soma de todos os serviços de streaming concorrentes.
O executivo, que diz ter aumentado em 20% a produção de teor e ampliado na mesma proporção a quantidade de autores negros contratados, viu ainda o faturamento da emissora com publicidade crescer 18% em seu último balanço, que compreende o primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano pretérito.
Ao receber a reportagem nos estúdios, na zona oeste do Rio de Janeiro, o executivo fez um balanço de sua gestão, apresentou as diretrizes da Mundo para o humor na presença de o politicamente correto, avaliou o propagação do streaming, a performance do BBB e a novidade face da Mundo —mais diversa, por um lado, mas também sem segmento de seus medalhões, hoje sem contrato de exclusividade e brilhando
nas telas da concorrência.
Em um ano de gestão, o que você destaca de positivo e negativo?
De negativo é difícil, porque expandimos a oferta de teor e nos organizamos na geração de gêneros. Criamos núcleos de filmes —vamos lançar um por mês em 2025—, de documentários e de humor, que ganhou uma diretoria pela primeira vez.
Marcius Melhem não era diretor de humor?
Ele era um diretor que fazia projetos de humor, mas nunca foi diretor de gênero, porque humor era ligado à dramaturgia, que era dirigida por Silvio de Abreu.
A produção de humor na Mundo caiu. Vocês atribuem isso à saída de Melhem?
Não posso negar que atrasou o processo. Houve uma interrupção do trabalho e uma dissipação da equipe. Tivemos que debutar de novo. Mas temos uma novidade liderança, um novo time e 18 obras em produção, com a primeira estreia nascente ano, uma sitcom com Regina Casé.
Vocês pretendem recontratar Melhem?
Não sei. Marcius é um grande artista, mas não depende só da minha vontade. Precisamos entender porquê o caso dele vai se concluir.
Os humoristas se dizem amarrados. Qual é a orientação diante do politicamente correto?
Ser democrático. O humor será o nosso gênero mais franco para colaboradores externos. Tem mulheres e homens, brancos e negros, jovens e veteranos. Essa inconstância talvez seja a saída.
Mas o que é permitido e proibido na Mundo?
A Mundo tem um código de princípios e valores no vídeo. Não fazemos imagens pornográficas ou com consumo de droga e violência excessivos. Não reproduzimos comportamentos racistas ou preconceituosos sem um contraponto. Vale não só para humor, mas para dramaturgia, para tudo.
Por falar em dramaturgia, a Mundo está regravando ‘Vale Tudo’?
Estamos preparando o remake, escrito por Manuela Dias e dirigido por Paulo Silvestrini. Entra no ar depois de “Mania de Você”.
Já definiram o elenco?
Secção sim, segmento não. Para Odete Roitman, há uma escalação específica, mas está em negociação. Não posso descrever. Gera especulação e fica plano para quem não é contratado.
Uma vez que a Mundo avalia a ingresso da Netflix nas novelas, com ‘Pedaço de Mim’?
Quanto mais fortalecido for o mercado pátrio, melhor. Conheço toda a equipe desta romance. São ex-colegas de trabalho.
A romance tem Juliana Paes porquê protagonista. Uma vez que você encara a saída de talentos da Mundo?
Custava muito dispendioso manter um cume nível de exclusividade. Antes, era sustentável. Nas dinâmicas de hoje —com a concorrência e a disputa pela atenção maiores e um legítimo interesse dos talentos de fazerem outras obras—, esse protótipo não faz sentido para nenhum lado. Hollywood o abandonou há muito tempo.
A Mundo vai manter a exclusividade de alguém?
Às vezes, um ator está escalado para duas ou três produções, logo não faz sentido despovoar a exclusividade. Chay Suede, que estará em ‘Mania de Você’, acabou de renovar por muitos anos, porque tem subida escalabilidade. Pode fazer um mocinho e um vilão, um jovenzinho e um adulto, assim porquê Cauã Reymond, que é muito versátil.
São dois galãs, e estão entre os poucos no ar. Será que não temos uma escassez de galãs e por isso a Mundo quis manter os dois?
Não concordo. Temos Xamã, um talento supernovo, por exemplo, bombando em ‘Renascer’. Trabalhar com mais atores, por não termos um elenco fixo, traz mais inconstância.
A Mundo tem escalado iniciantes para papéis grandes. Em ‘Mania de Você’, temos Gabz, uma estreante, protagonizando uma romance das nove.
A inconstância das histórias traz uma inconstância de personagens, que exigem por sua vez uma inconstância maior de atores. Se um responsável escreve uma personagem jovem, de 20 e poucos anos, negra, preciso escalar essa atriz.
E não há muitas atrizes de 20 e poucos anos negras na Mundo, patente?
A inconstância no vídeo brasiliano demorou para prosseguir. Mas fizemos nosso responsabilidade de lar. Não temos escassez de talentos negros na Mundo. Temos talentos experientes, jovens que se formaram conosco e uma novidade geração nas nossas oficinas.
E autores?
Muitos envelheceram, se aposentaram ou infelizmente morreram, e a gente vagar de 15 a 20 anos para formar um titular. Não temos muitos, mas temos o suficiente e estamos formando outros. São mulheres e homens negros, gente do Setentrião e do Nordeste. As histórias do responsável branco de classe média já foram contadas. Queremos que os novos contem as suas histórias. Vamos ver a uma renovação do gênero.
No vaivém de talentos, temos Eliana. Uma vez que se deu a contratação?
Sabíamos que Ivete Sangalo não continuaria no The Masked Singer e queríamos um grande apresentador. Ouvimos que Eliana, com uma curso impecável, vivia um desgaste com o SBT. Entrei em campo, vi que estava desgastada mesmo e criamos um pacote, que inclui o Saia Justa, um privativo de Natal e um programa de Black Friday.
Os apresentadores estão em extinção, com a saída de nomes centrais de cena, porquê Faustão e Silvio Santos. O que vocês vão fazer?
Mapeamos os apresentadores em nossas afiliadas. Rita Batista veio da TV Bahia para o É de Moradia e agora o Saia Justa. No Encontro, além de Patrícia Poeta, temos Tati Machado e Valéria Almeida. Ana Clara entrou pelo BBB, fez coisas menores e virou titular no Estrela da Moradia.
Vocês buscam novos talentos no Big Brother?
Para atuar, não. Tem essa conversa de estarmos trocando atores experientes por ex-BBBs, mas não é verdade. Em 25 anos, temos um caso, o de Grazi Massafera, e esse caso foi indicado ao Emmy. Jade Picon fez uma romance só, e ela nunca foi só uma ex-BBB. Já tinha uma curso.
Com o Estrela da Moradia, vocês querem fabricar outro BBB? Deve ser uma mina de verba.
É, né? Mas só se der patente. O reality show, que já tinha se mostrado simpático para a TV ocasião —porque é abrangente, quente e ao vivo—, ganhou mais relevância com as redes sociais. Elas retroalimentam o programa. Portanto, pensamos em ativar esse ecossistema no segundo semestre. Isso quando o The Voice estava concluindo sua jornada, porque, na Mundo, não deixamos o programa morrer para tirar do ar.
O BBB tem mais patrocinadores, mas a audiência oscila. O programa está em crise?
De maneira nenhuma, tanto que renovamos o contrato de licenciamento. O BBB é um motor de conversa da internet e amplia o consumo em todo tipo de plataforma, inclusive nas de jornalismo. O pico de muitos portais é com o BBB. Isso é desejado pelas marcas.
Seu primeiro ano de gestão veio no rastro de uma polarização política única, que pode voltar nas eleições municipais. Uma vez que deleitar a todo mundo?
A gente não quer deleitar a todo mundo. Queremos ser relevantes. Você pode gostar ou concordar com uma história ou não, encontrar que em determinado tema a gente avançou muito rápido e em outro demorou demais, mas quero que você reconheça a relevância do teor. É reptante, produzir para uma sociedade polarizada, mas propomos um espaço de conversa. Precisamos tratar temas delicados buscando fabricar tolerância. Queremos ser a rossio pública, sem algoritmos, onde as pessoas se respeitam. A Mundo é para todos.