Dr Com Demori: Carlos Nobre Alerta Para Risco De Colapso

DR com Demori: Carlos Nobre alerta para risco de colapso ambiental

Brasil

O planeta está muito próximo de ultrapassar os chamados “pontos de não retorno”. É o alerta do investigador e climatologista Carlos Transcendente em entrevista ao jornalista Leandro Demori.  

Carlos Transcendente fez secção da equipe internacional de cientistas que recebeu o Prêmio Nobel da Tranquilidade em 2007 pelos importantes alertas sobre o transe do clima extremo.

De entendimento com o climatologista, a ciência estabelece mais de 25 pontos que, se alcançados, tornam a Terreno praticamente inabitável.

“Estão batendo recordes de ondas de calor em todo o mundo, inclusive no Brasil. Logo, esse é um enorme risco. Nós já vimos o que é o planeta chegando a 1,5 graus, bateu todos os recordes dos eventos extremos. E, portanto, aí, se a gente continuar com a temperatura aumentando, se ela chegar em 2050 a 2,5 graus, nós vamos explodir um monte desses pontos de não retorno”, explica.


São Paulo (SP), 17/02/2025 -O cientista, Carlos Nobre, é o convidado do programa DR com Demori, na Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Foto: Pri Cestari/Agência Brasil
São Paulo (SP), 17/02/2025 -O cientista, Carlos Nobre, é o convidado do programa DR com Demori, na Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Foto: Pri Cestari/Agência Brasil

Carlos Transcendente é o convidado do programa DR com Demori desta terça-feira- Pri Cestari/Dependência Brasil

Transcendente cita porquê um ponto de não retorno o branqueamento dos recifes de corais, fenômeno que já vem acontecendo nos oceanos. Segundo o investigador, se a temperatura do planeta passar de 2 graus de aquecimento, praticamente 100% das espécies de recifes de corais vão vanescer. “Os recifes de corais mantêm 25% da biodiversidade oceânica. Isso tudo vai vanescer”, alerta.

Outro ponto de não retorno, segundo Carlos Transcendente, são os impactos na Amazônia, caso a temperatura da Terreno chegue a 2,5 graus de aquecimento em 2050. Ele explica que perderíamos de 50% a 70% da floresta, tornando a Amazônia um ecossistema super degradado. A consequência disso seria a liberação de 250 bilhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera.

O terceiro ponto de não retorno que ele cita está relacionado aos solos permanentemente congelados da Sibéria, do setentrião do Canadá e do setentrião do Alasca, os chamados “permafrost”. Segundo ele, existe uma enorme quantidade de gás carbônico e metano, 30 vezes mais poderoso que o gás carbônico, armazenada nessas regiões.  “Se a temperatura passar de 2, chegar a 2,5 (graus de aquecimento), nós vamos perder a maior secção do solo glacial. Vai descongelar e vai liberar mais de 250 bilhões de toneladas de metano e de gás carbônico. Soma só esses dois pontos de não retorno, Amazônia e permafrost, nós vamos jogar mais de 500 bilhões de toneladas (na atmosfera)”, conclui.

Transcendente ressaltou ainda que a única chance de sobrevivermos porquê espécie é evitar o aumento do aquecimento global. “Se a gente chegar em 2050 com 2,5 graus (de aquecimento), dispara esses pontos de não retorno. Já não tem mais muito o que o ser humano possa fazer.  Mesmo que a gente consiga reduzir muito e zerar as emissões, ainda assim, esses pontos de não retorno vão tornar o planeta praticamente inabitável e vão atingir, em 2100, no próximo século, a sexta extinção de espécie”, enfatiza.  

Diante desse cenário alarmante, Transcendente criticou a falta de compromisso político global com a redução das emissões de carbono. Ele ressaltou que as metas estabelecidas pelo Congraçamento de Paris não estão sendo cumpridas pela maioria dos países, e que a recente subida de líderes negacionistas agrava ainda mais a situação. O caso dos Estados Unidos foi citado porquê preocupante, com um governo priorizando a exploração de combustíveis fósseis e desconsiderando alertas científicos.

Transição energética

Quando questionado sobre estratégias para mitigar os impactos da crise climática, o investigador enfatizou a premência de uma transição urgente para energias renováveis, o término do desmatamento e a subtracção drástica das emissões de gases do efeito estufa. “Sem incerteza nós precisamos do pacote completo, mas, historicamente, a queima de combustíveis fósseis, petróleo, carvão e gás procedente, responde por mais de 75% das emissões”, explica. Transcendente lembrou que o Brasil é o país que tem mais condições de zerar as emissões de gases nocivos na atmosfera, pois possui diversas fontes de energias renováveis – hidrelétrica, solar e eólica.

Sobre as discussões na COP 30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que acontecerá em novembro na cidade de Belém, no Pará, Carlos Transcendente criticou o agronegócio, que classificou porquê o setor que mais rejeita os alertas em relação às mudanças climáticas.

“Quando a gente olha setores econômicos, quais são os mais negacionistas das mudanças climáticas? Não é o setor do combustível fóssil. Eles querem uma transição lenta, mas não são negacionistas. É o setor do agronegócio, em todo o mundo. Estados Unidos, Brasil, Argentina, países europeus, é uma coisa difícil de entender, porque eles já estão sendo muito prejudicados com os eventos extremos. Logo, é muito importante que a COP30 não seja, obviamente, do petróleo, e muito menos também a COP do pessoal do agronegócio, que não quer reduzir, que quer continuar expandindo as áreas de pecuária, de lavoura, tudo”, enfatizou.

o entanto, Transcendente disse estar otimista com a conferência no Brasil.  “Todos os países que forem ali vão ter que assinar:  vamos zerar as emissões muito antes de 2050, 2040. Logo, esse é o papel que o Brasil tem. (…) Vamos transformar a COP30 na mais desafiadora, a mais importante, vamos zerar as emissões no sumo em 2040”, concluiu.

O programa DR com Demori vai ao ar toda terça-feira, às 23h, na TV Brasil, app TV Brasil Play e no Youtube. Também é transmitido pelas rádios Vernáculo FM e MEC

Fonte EBC

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