'duna' E 'garra De Ferro' São Filmaços Para Ver No

‘Duna’ e ‘Garra de Ferro’ são filmaços para ver no cinema – 14/03/2024 – Cinema

Celebridades Cultura

Quem se aventurou a maratonar os filmes da temporada deste ano do Oscar, entregue no último domingo (10), pode ter se surpreendido com a inusual qualidade dessa safra. Nem parece ser o mesmo prêmio que, há pouco, consagrou obras tão genéricas porquê “No Ritmo do Coração”, em 2022, e “Green Book”, em 2019.

Mesmo se olharmos longas esnobados pela premiação, caso de “Garra de Ferro” e “Todos Nós Desconhecidos”, a sensação é a mesma: vivemos um período fértil no cinema. Nem sempre é assim.

Ambientado no mundo da luta livre, “Garra de Ferro” é a antítese de muitos dos filmes sobre esportes, sempre tão carregados de firulas motivacionais e elogios à meritocracia. Cá temos uma anti-história de superação, o caso real de quatro irmãos lutadores e o pai tirano deles. Mais do que uma história sobre maldição, porquê se disse de forma apressada por aí, o filme de Sean Durkin aborda quão destrutivas podem ser as obsessões, um drama na risca do melhor do gênero, porquê “Touro Indomável”.

“Todos Nós Desconhecidos” é outro melodrama referto de testosterona, mas de outra lavra. Andrew Haigh faz cá uma espécie de tratado sobre a solidão primordial do varão gay num enredo insólito sobre um rapaz que reencontra os pais mortos enquanto precisa aprender a se terebrar para se envolver amorosamente com o vizinho do prédio.

Maior lançamento do mês, “Duna: Secção 2” é outra ave rara. O diretor Denis Villeneuve criou uma ópera espacial fantástico —o que os últimos episódios de “Star Wars” poderiam ter sido, caso a Disney não tivesse a mão tão pesada.

Se o objecto é Oscar, dá até para discutir que “Oppenheimer”, o grande vencedor da última cerimônia, não deixa de ser mais uma cinebiografia a dar contornos épicos aos tais grandes homens da história, que Hollywood nutriz. Mas nas mãos de Christopher Nolan, a trajetória do pai da petardo atômica ganhou alguma nuance e virou um megaespetáculo —desses capazes de levar as pessoas a enfrentar filas para ver a explosão nuclear em tela grande.

“Zona de Interesse” é outra obra cuidadosamente pensada para ser vista na sala escura. Os filmes de Jonathan Glazer costumam induzir a um estado de quase transe, e esse não é dissemelhante. Só no cinema para notar a engenharia sonora e o enquadramento que o diretor empregou para filmar a família de um solene nazista que leva uma vida bucólica às sombras do campo de concentração de Auschwitz.

Já “Anatomia de uma Queda”, da francesa Justine Triet, tem um conjunto de qualidades, mas uma peculiar é o seu roteiro inventivo. A cineasta disseca a derrocada de um casório sem disparar julgamentos morais, virtude rara em tempos de filme-textão, sempre pronto a indicar o dedo e deixar pouco espaço para interpretações mais abertas.

“Ficção Americana” foi direto para o streaming no Brasil. Uma pena, já que é o título que melhor traduz o estado das coisas na indústria cultural hoje. A trama aborda um gorado repórter preto que vira best-seller quando, numa piada, resolve apostarem estereótipos da negritude —a violência e a miséria. O resultado do filme pode até ter ficado aquém da ótima premissa, mas vale pelas críticas que dispara a um mundo movido pela culpa dos brancos e pelo oportunismo dos espertalhões do identitarismo.

Ainda na temporada de premiações, “Assassinos da Lua das Flores”, de Martin Scorsese, é prova do vigor perene de um dos maiores cineastas vivos num romance torto nos rincões violentos da América. “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos, é uma celebração barroca aos prazeres da vida —a libido, a comilança, a espontaneidade, tudo o que a geração Z não gosta— encarnada por uma Emma Stone em seu papel mais corajoso.

E o que manifestar de “Barbie”? O opositor de “Oppenheimer” no último verão americano é um blockbuster muito fora da curva. Era esperado que, por ser uma obra encomendada pela Mattel, a obreiro da boneca, sobraria chapa-branquice e haveria pouco espaço para qualquer ousadia autoral. Não foi o caso. Greta Gerwig conseguiu tauxiar no longa uma densidade incomum a filmes comerciais. O sucesso do filme cor-de-rosa —vencedor de bilheteria no ano pretérito— foi um ânimo para um mercado que por anos foi refém da Marvel. O aparente esgotamento das produções de super-heróis, aliás, talvez tenha sido uma das melhores notícias para o cinema e um sinal de que pode possuir vida inteligente no entretenimento.

Tamanha oferta é um invitação para deixar a comodidade do streaming de lado e ir ao cinema —o envolvente por superioridade para curtir um filme. O Brasil conta com murado de 3.400 salas de cinema, segundo o relatório mais recente da Ancine, dependência que regula o setor —mais de 10% delas estão na capital paulista, incluindo espaços porquê o Cinemark Aricanduva, terceiro maior recordista de público no país, detrás do Cinemark Guarulhos e do UCI do multíplice BarraShopping, no Rio.

Em sua 16ª edição, o tradicional ranking O Melhor de São Paulo – Cinema avalia os melhores complexos de São Paulo em categorias porquê projeção, som, conforto, bombonnière, além de elencar os melhores espaços nas cinco regiões da cidade. O júri foi formado por oito jornalistas da Redação da Folha que não abrem mão de ver um filme na tela grande.


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Folha

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