Eleições: Como Paredões De Som Substituíram Os Showmícios 01/10/2024

Eleições: Como paredões de som substituíram os showmícios – 01/10/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

A rua abarrotada de gente que vai, vestindo uma cor só, caminhando em ritmo entusiasmado. Mãos e braços balançando de lá para cá, adereços e bandeirinhas, e o povo pulando ao som de músicas alegres que se escutam a quilômetros de intervalo.

A descrição faz pensar em conjunto de Carnaval ou micareta, mas o evento tem outro nome —arrastão de eleição, uma prática que, graças a potentes veículos sonorizados conhecidos uma vez que paredões, tem se propagado no interno do Brasil nos últimos anos em quadra de campanha eleitoral.

“Eleição é quando podemos manifestar que somos valorizados, é quando o paredão é o carro-chefe, porque ele vira um atrativo do evento”, afirma Lillyan Candido, empresária de Caruaru, em Pernambuco, que comanda com o marido o Paredão da Uva —o nome vem da atividade do par no ramo de hortifruti.

O Paredão da Uva é uma estrutura que, tal qual uma parede traste, vai rebocada a um cavalo mecânico —a secção frontal de um caminhão. Esse muro de som tem muro de seis metros de profundeza e conta com mais de 50 alto-falantes, além de luminosos e baterias.

Durante um arrastão de campanha política, o paredão cruza as principais vias da cidade, puxando uma estirão de centenas de eleitores uniformizados com as cores do partido. Candidatos a vereador optam por paredões menores, enquanto candidatos a prefeito até disputam espaço na agenda de paredões uma vez que o Uva.

“Cá em Pernambuco a gente roda todo o estado e já tivemos procura de Piauí, Maranhão, Bahia, mas a gente avisa aos candidatos sobre a questão da intervalo, porque todo dia a gente está em uma cidade dissemelhante,” afirma Candido.

Ela diz que faz seu trabalho sem ver a quem. Leva o paredão para o arrastão o político que agendar a data. “Sempre deixo evidente aos candidatos que não temos partido e para mim é satisfatório botar o paredão para tocar tanto para um lado quanto para o outro.”

Em média, um arrastão dura seis horas, entre concentração, estirão e dissipação. O trabalho de Candido começa cedo. “Chegamos muito antes na cidade, preparamos iluminação, pego o pen drive com as músicas que vamos tocar, fazemos o alinhamento do som”, ela conta.

O valor do serviço varia segundo o tamanho do paredão, a intervalo percorrida no traslado de uma cidade a outra e a urgência de hospedagem para a equipe. No caso do Paredão Uva, o time é formado por três funcionários além do par —Sergio, marido de Lillyan, é quem dirige a máquina.

“Eu cuido do som”, diz a dona do Paredão da Uva. “Temos solução técnica que explica o funcionamento do paredão, pagamos taxas do Corpo de Bombeiros, é tudo organizado. Há quatro anos, a gente estava tocando em uma cidade e denunciaram nosso paredão por conta de rivalidade política, aí ele foi apreendido porque faltavam documentos.”

Proprietário da Carreta Exibida, um dos maiores paredões do Brasil, Atila Campos também mantém em dia a documentação e a manutenção do seu sistema de som mastodôntico. São mais de 300 alto-falantes e um sumptuosidade rebuscado de alimento de força elétrica, somando quase meio milhão de reais de estrutura.

Em quadra de eleições, os serviços da Carreta Exibida saem por no mínimo R$ 5 milénio. “É uma vez que uma escola de samba”, diz Campos. “Ela tem que botar um sege simbólico bonito e grande na avenida, mas isso não quer manifestar que ela vai ser a campeã.”

Também uma vez que escolas de samba, a sonorização automotiva é uma tradição antiga no país. Em acervos de jornais, é provável encontrar registros de “buzinas musicais” que datam do início do século 20.

“Antigamente tinha muito sege de som”, afirma Campos, empresário do ramo têxtil também em Caruaru. “Depois, foram passando para os showmícios, com cantores. O paredão surgiu por volta de 2005 e 2006, e ganhou mais força na campanha depois que acabaram os showmícios.”

Comícios com apresentações de artistas de música são proibidos no Brasil desde 2006. O veto pôs termo a uma prática que transformava atos políticos em shows gratuitos. Hoje, a lei permite que trios elétricos e carros de som sejam utilizados durante caminhadas, carreatas e comícios.

“Seja o som pequeno, seja em carretas, o som automotivo é autônomo, traste e muito prático —ele chega e em meia hora está tudo pronto para tocar, e se você monta um palco é alguma coisa que está ali fixo, tem uma limitação, requer mais trabalho”, diz Renan Lopes, profissional em som automotivo no Brasil.

A economia do paredão também toca artistas que, impedidos de se apresentar em comícios, lançam músicas feitas mormente para a ocasião. A Filarmónica Lambasaia, por exemplo, ganhou o topo das paradas nas eleições de 2022 com “Acabou”, um lambadão cuja letra repete à exaustão seu título e que voltou a tocar nos arrastões levante ano.

Músico e empresário da filarmónica Chica Baiana, Eivinho Phaphirô teve a teoria de preparar um álbum inteiramente devotado às eleições, tão logo acabou o Carnaval. “Entrei em contato com alguns compositores e eles me enviaram algumas músicas. Foi muito rápido”, ele diz.

No CD “Músicas pra Política 2024”, o vocalista Pelágico canta canções uma vez que “Meu Prefeito Estourado”, “Nós Venceremos” e “Vereador Mentiroso”. A levada é parecida com a do Chiclete com Banana, e as letras são genéricas, sem referência a um ou outro nome. “Acredito que o pessoal gosta dessas músicas na campanha porque é um ritmo eletrizante, né? O pessoal gosta de pular”, diz Phaphirô.

Estação de eleição também é a hora em que os próprios donos de paredão fazem política. A legislação sobre som automotivo é um multíplice enredado no Brasil, onde leis municipais, estaduais e federais não dão conta de um fenômeno cada vez mais popular.

“Onde a gente chega, as pessoas conhecem o Paredão da Uva, sabem que a gente veste a camisa”, diz Candido. “Mas é só nesse momento de política quando dizem que precisam de paredão, quando dão o valor ao paredão. Fora isso, nos olham uma vez que marginais.”

Folha

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