Muitos assassinos e criminosos ganham destaque em séries ou documentários sobre seus crimes e julgamentos. São casos famosos que tiveram grande repercussão na era em que ocorreram. Mais um acaba de entrar para o streaming.
Em 2010, um delito que dominou a mídia no Brasil envolvia o ex-goleiro Bruno Fernandes de Souza, réprobo pela morte de sua amante, a padrão Eliza Samudio. Porém, somente um lado da história era relatado. O desportista, considerado ídolo do Flamengo, ganhou os holofotes, enquanto a vítima, até hoje, não teve seu corpo sepultado, pois ele nunca foi encontrado.
Agora, Eliza se torna protagonista do novo documentário da Netflix, “A Vítima Invisível”, que estreou na quinta-feira (26). O filme foca a trajetória de Eliza até o delito a partir do seu ângulo, o que foi considerado o maior repto para a equipe responsável.
“Foi uma perspectiva bastante ousada, porque a vítima não está cá para recontar o lado dela”, diz Adriana Gaspar, produtora executiva do documentário da Boutique Filmes. “A gente precisava trazer o ponto de vista da Eliza à tona.”
A padrão desapareceu com seu rebento de quatro meses em junho de 2010 e o caso ganhou repercussão pátrio. O principal suspeito do homicídio de Eliza era Bruno, pai da petiz, que na era estava nubente e negava o envolvimento com o delito. Em 2013 ele foi considerado culpado por homicídio triplamente qualificado, sequestro e ocultação de defunto.
Mas uma vez que recontar essa história sem ter um desequilíbrio do ponto de vista editorial? O documentário usa arquivos dos depoimentos dos acusados e entrevistas com pessoas que falam sobre Bruno, uma vez que um ex-técnico, além de Dayanne, ex-esposa do goleiro e única absolvida do delito, que falou da intimidade dele sob uma perspectiva feminina. Bruno não foi procurado em nenhum momento. Para os produtores, ele já teve o respaldo da mídia e grande espaço para se tutorar.
Falas em destaque ficam com mãe e pai de Eliza, muito uma vez que de amigas de puerícia, advogadas e jornalistas do jornal Extra e Folha que cobriram o caso.
Além das entrevistas com familiares da vítima, materiais de prensa e fotos, a produção do documentário teve aproximação ao computador pessoal de Eliza, que até portanto estava em um cartório depois ser utilizado no processo. Isso, para Gaspar, foi importante para trazer novos fatos à narrativa, além de saber uma vez que ela enxergava aquele relacionamento e acessar um lado íntimo e incógnito de Eliza. “A gente conseguiu enxergar ela”, diz.
Uma das coisas que pouca gente sabe, mas que tem grande destaque ao longo do documentário, é o sonho de Eliza em ser goleira. “Vítima Invisível” traz fotos da padrão jogando futebol e relatos de uma amiga e companheira de time, Carla Bó, afirmando o quanto ela era boa e que poderia até jogar fora do país.
Foram traçadas semelhanças e diferenças entre a vida de Bruno e Eliza. Ambos vieram de origem humilde, lares disfuncionais e sonhavam com a curso de desportista. Mas, só um pode de veste realizar o sonho. “Fico me perguntando: ‘E se ela fosse um varão?’”, disse Bó.
Cenas uma vez que essa fazem segmento dos esforços da equipe para sensibilizar a audiência com a história de Eliza. “A gente investe tempo para falar sobre desejos, para falar sobre curso, tudo aquilo que é universal e que ela tinha”, diz Gustavo Mello, produtor do documentário. É verosímil ver uma vez que os sonhos dela foram travessados por uma violência brutal.
Segundo Gaspar, houve um grande trabalho e discussões na hora de filtrar as informações contidas no laptop, de modo a respeitar a individualidade e privacidade da vítima, alguma coisa que ela afirma não ter sido feito anos detrás. “O que tinha à era era muito vago, era muito pautado na narrativa do Bruno, já era uma visão muito enviesada da história”, diz.
Eliza foi chamada de maria-chuteira, interesseira e taxada uma vez que alguém que só queria reputação e dar um golpe em Bruno. Foi preciso uma intervalo histórica de 14 anos para estudar criticamente o estigma que a mídia colocou sobre ela.
“Elisa foi muito contemporânea naquela era. Ela usou a mídia uma vez que proteção e na era isso foi visto, foi usado pela própria mídia contra ela”, afirma Mello. Não só programas de televisão e jornais, Eliza também usou aparatos judiciais para denunciar ameaças.
Para além de colocar a padrão no meio, o documentário expõe e critica o mundo do futebol, suas contradições e proteção a jogadores acusados de crimes de violência contra mulheres.
A discussão se mantém mais atual do que nunca, com a prisão por estupro do ex-jogador Robinho, em março de 2024, e a pena de Daniel Alves pelo mesmo delito, também neste ano. O primeiro permanece recluso, o segundo foi liberado sob fiança de 1 milhão de euros.
Bruno teve recta ao semiaberto em 2019 e está em liberdade condicional desde janeiro de 2023. Nesse meio tempo, ele ainda jogou em times uma vez que Rio Branco-AC e Atlético Carioca. “O documentário propõe entender o que acontece nesse universo do futebol, que segue sendo tão machista”, diz Gaspar.
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