Em roraima de xaud, time empresta técnico a rival

Em Roraima de Xaud, time empresta técnico a rival – 29/05/2025 – Esporte

Esporte

“Chiquinho, Chiquinho, Chiquinho”, gritava a torcida do GAS (Grêmio Atlético Sampaio) ao final do jogo no estádio Canarinho, em Boa Vista, apesar da guia do time da vivenda por 2 a 1 para o Manaus, no último sábado (24), pela Série D do Brasílio.

Mais surpreendente que ver uma torcida gritar o nome do seu técnico mesmo na guia é saber a origem dele: Chiquinho é na verdade treinador do São Raimundo, rival do GAS no futebol roraimense. Os times se enfrentaram na decisão do estadual do ano pretérito, com o GAS vencendo por 3 a 2.

Acontece que o GAS –único representante de Roraima, estado do novo presidente da CBF, Samir Xaud, em qualquer categoria do principal campeonato vernáculo– está mal das pernas na quarta e última subdivisão: em seguida seis rodadas, é o penúltimo do Grupo A1.

O clube portanto pediu ajuda ao opositor São Raimundo, que está de recesso, sem disputar nenhum torneio.

“O presidente do GAS me telefonou logo em seguida um jogo deles lá no Acre [derrota por 4 a 1 para o Independência] perguntando se eu liberava o Chiquinho. Falei com o Chiquinho e, por não estar trabalhando agora, ele achou bom. Justamente pra tentar erguer o GAS nessa competição para ranquear mais a federação, entendeu?”, contou Sérgio Caranguejo, presidente do São Raimundo.

Se o GAS fracassar no torneio, Roraima pode tombar no Ranking das Federações da CBF (é o 24º entre 27) e perder a única vaga na Série D; se for muito, o estado pode até depreender uma segunda vaga, sonho de todos os dez clubes federados. Daí o empréstimo de Chiquinho.

“Foi um convénio entre as duas diretorias, para unir forças. Uma parceria para renhir não só pelo GAS, mas pelo futebol de Roraima. Fico muito feliz que minha teoria tenha sido aceita pelo Sérgio Caranguejo e outros diretores do São Raimundo”, festeja o presidente do GAS, Jander Cavalcante.

É uma vez que se, guardadas as proporções, num recesso qualquer do Palmeiras, o clube emprestasse Abel Ferreira ao Corinthians ou ao São Paulo para que o opositor tentasse melhorar num torneio –e, ao final dele, Abel voltasse normalmente ao Palestra Itália. Porque faz secção do convénio que, ao final da Série D, Chiquinho volte para o seu clube de sempre, o São Raimundo.

Se por um lado o empréstimo soa exótico, é preciso manifestar também que o emprestado justifica a proeza. Chiquinho não é um técnico qualquer. É uma mito no futebol roraimense e, por que não manifestar, uma avis rara no futebol vernáculo. Está há 14 anos ininterruptos liderando o Mundão, uma vez que o São Raimundo é chamado pelos torcedores.

É provavelmente o técnico mais longevo do futebol brasiliano –donde se constata que, apesar do desempenho tímido em campo, Roraima acumula superlativos fora dele, uma vez que Zeca Xaud, pai de Samir e presidente da federação lugar, com quase 50 anos de cartolagem, é o dirigente há mais tempo oficialmente avante de uma entidade do tipo no país.

Depois do empréstimo, Chiquinho voltará porque essa é o libido/exigência da maior domínio do clube. “Ele só vai deixar de treinar o São Raimundo se um dia eu trespassar. Enquanto eu for presidente ele será o treinador”, promete Sérgio Caranguejo, que também é policial social e assumiu o comando em 2011. Antes, foi técnico da equipe, e teve Chiquinho uma vez que jogador.

Num sintoma das dificuldades do futebol lugar, o São Raimundo, embora o maior vencedor estadual (12 títulos), costuma permanecer meses sem jogar. Só deve voltar a campo agora em 2026, pelo Roraimense.

Na primeira partida sob o comando de Chiquinho, o GAS conseguiu sua primeira vitória, 4 a 1 sobre o Humaitá, do Acre. Na segunda, apesar da guia para o Manaus, jogou melhor no primeiro tempo e agradou a torcida, a ponto de ser festejado mesmo na guia. E uma vez que o técnico se sentiu ao ouvir seu nome gritado pela torcida ex-futura rival, que por ora é a sua?

“É bom, porque eles conseguiram ver o que a gente pensa, da intensidade que a gente quer no futebol”, responde Chiquinho, 56, depois de uma gargalhada. “Mas eu preciso de um pouco mais de tempo para esses atletas fazerem o que eu quero, da forma que eu penso: muita intensidade quando a gente estiver com a esfera. Sempre, sempre. Eu não abro mão disso.”

Foi com esse estilo que, no São Raimundo, Chiquinho alcançou feitos notáveis recentemente, uma vez que fustigar o Cuiabá (portanto na Série A) pela Despensa do Brasil 2023 e, neste ano, superar o Remo na Despensa Verdejante e quase varar o Grêmio pela Despensa do Brasil (1 a 1 no tempo normal, com os gaúchos vencendo nos pênaltis).

“Se enfrentamos equipes financeiramente e tecnicamente superiores, temos que ocasionar desconforto. O que é o desconforto? Fazer com que eles corram pra trás, que eles tenham dificuldades”, receita Chiquinho. “Eles vão sempre ser favoritos. A partir do momento em que a gente coloca pra percorrer pra trás, coloca intensidade, a gente razão desconforto. E aí as vitórias vão vir.”

Folha

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