A encefalopatia traumática crônica, também conhecida porquê demência pugilística, não atinge exclusivamente lutadores ou esportistas. Pessoas que sofrem qualquer tipo de traumatismo na cabeça podem desenvolver a doença.
O alerta é do neurologista Renato Anghinah.
“O esporte sempre traz luz a esse tipo de problema, mas a gente também o vê na extensão social e militar”, diz. “Em crianças com menos de um ano, nós temos associada ainda a ‘shaking head sindromy’, que é aquela chacoalhada na cabeça. Às vezes, a moçoilo está chorando muito e a pessoa pega e dá aquela chacoalhada possante e isso pode fomentar lesões, inclusive agudas, com hemorragia”, acrescenta.
No caso de mulheres, de contrato com o neurologista, a encefalopatia traumática crônica é frequentemente observada em vítimas que sofrem repetidas pancadas na cabeça, porquê socos, além de golpes, sacudidas e outras situações que fazem com que o cérebro se mova bruscamente dentro da caixa craniana.
“Eu tenho casos assim inclusive no consultório, porquê uma paciente que apanhava do marido e não tinha coragem de colocá-lo para fora por pavor de ser morta. Os filhos dela sempre assistiram as agressões, até que o mais velho cresceu, do ponto de vista físico, para colocar o pai para fora. Quando a trouxeram para tratamento, o diagnóstico foi encefalopatia traumática”, conta Renato Anghinah.
Além dos casos envolvendo violência doméstica, o países que tem atividade beligerante mais frequente, porquê os Estados Unidos, países do Oriente Médio ou que estão em guerra, porquê a Ucrânia e a Rússia, têm registros mais frequentes da doença. “Os soldados podem ter traumatismo direto, mas também por ondas de choque causadas pelas bombas, quando eles são catapultados e o cérebro chacoalha dentro do crânio”, afirma.
O diagnóstico definitivo da encefalopatia traumática crônica, todavia, só é verosímil de ser feito quando o cérebro é investigado depois a morte, o que dificulta o início correto de seu tratamento.
O ex-boxeador Adilson “Maguila” Rodrigues, por exemplo, recebeu inicialmente um diagnóstico falso, e passou a ser tratado porquê se tivesse Alzheimer. “Certamente ele perdeu uma oportunidade de ter uma qualidade de vida melhor antes”, lembra o médico, que atendeu o lutador durante os últimos anos.
Quando eles tiveram o primeiro encontro, há tapume de dez anos, o pugilista já estava desenganado da vida. “Na quadra, ele só se alimentava por uma sonda direto no estômago”, conta. “Duas semanas depois que o tratamento foi revertido, ele voltou a fazer ingestão pela boca. Quando saiu do hospital, a primeira coisa que ele queria manducar era uma feijoada.”
O neurologista afirma que, nos primeiros contatos com o pugilista, logo percebeu que seu diagnóstico de Alzheimer poderia estar falso devido à memória dele. De contrato com o médico, os dois tiveram um longo bate-papo e Maguila contou histórias relativamente recentes, o que não condiz com pacientes que sofrem de Alzheimer.
“A evolução da encefalopatia crônica é dissemelhante do Alzheimer. Às vezes, a pessoa vai perdendo a memória globalmente, mas não é tão seletiva, porquê no Alzheimer”, explica. “Portanto, quando a gente se depara com pessoas com 5, 10 anos de diagnóstico, com sintomas de perda de memória, com histórico de traumas repetidos, e que ainda é capaz de ter um contato muito pleno com seu entorno, a gente passa a suspeitar que é encefalopatia traumática crônica, porquê foi o caso do Maguila.”
Porquê se trata de uma doença que não tem um tratamento específico ou forma de impedir sua progressão, os pacientes recebem cuidados para amenizar os sintomas.
Nos últimos dois meses, o quadro médico de Maguila piorou e os cuidados para desapoquentar os sintomas não faziam mais efeito. De contrato com seu médico, ele teve uma piora que é esperada para a doença. “Ele teve algumas dificuldades a mais, até para expressar, mas estava falando relativamente muito”, lembra Renato.
“Depois, aconteceu o que também é geral nesses casos, em que o paciente vai ficando mais debilitado, mais sujeito a ter infecções, a ingestão já não é tão boa e pode aspirar e provocar uma pneumonia aspirativa. Portanto, esses eventos, em sequência, eventualmente, podem levar a um termo catastrófico.”