Entenda As Origens Da Atual Crise De Segurança Do Equador

Entenda as origens da atual crise de segurança do Equador

Brasil

O Equador voltou ao noticiário mundial devido a mais uma vaga de violência protagonizada pelo narcotráfico. Ao menos desde 2021, o país é sacudido por rebeliões, motins e enfrentamentos entre facções do delito organizado e das forças de segurança. Para entender as origens dessa crise na segurança pública do país sul-americano, a Dependência Brasil entrevistou dois especialistas em América Latina.   

Os professores ouvidos concordam que a violência no Equador tem origem na pobreza da população, que oferece copioso mão de obra para o tráfico, na demanda de drogas dos Estados Unidos e da Europa, principais centros consumidores do planeta, e nas mudanças na dinâmica do tráfico internacional de drogas, em peculiar, relacionadas ao papel da Colômbia, vizinha do Equador.  

Nildo Ouriques  - Impactos da vitória de Milei nas eleições argentinas. - Foto: Arquivo Pessoal
Nildo Ouriques  - Impactos da vitória de Milei nas eleições argentinas. - Foto: Arquivo Pessoal

Nildo Ouriques aponta a pobreza porquê um dos motivos da crise no Equador – Registo pessoal

O presidente do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA) da Universidade Federalista de Santa Catarina (UFSC), professor Nildo Ouriques, destaca o papel que as políticas sobre drogas na Europa e nos Estados Unidos desempenham nos países da América Latina, que são afetados pelo plebeu valor dos seus principais produtos de exportação.  

“O consumo de cocaína na Europa e nos Estados Unidos é gigantesco e não há política lá que possa minimizar isso. Isso coloca uma demanda sobre os países latino-americanos que estão submetidos à deterioração dos termos de troca e o único resultado que não cai no mercado mundial é a cocaína. O petróleo cai, a banana cai, o cacau cai, tudo cai, menos a coca”, destacou.  

Nildo Ouriques acrescenta que a piora do mercado de trabalho, tanto no Equador quanto nos demais países latino-americanos, facilitou o trabalho do tráfico internacional. “Nunca antes no desenvolvimento numulário da América Latina a situação do trabalho foi tão aviltada, de tal maneira que o invitação para o delito é gigantesco. É um tropa industrial de suplente inexaurível e que leva toda a juventude”, destacou.  

Papel da Colômbia 

Entenda as origens da atual crise de segurança do Equador . Na foto o professor Roberto Menezes. Foto: Roberto Menezes/Arquivo Pessoal
Entenda as origens da atual crise de segurança do Equador . Na foto o professor Roberto Menezes. Foto: Roberto Menezes/Arquivo Pessoal

Para Roberto Menezes, crise causada pelo narcotráfico prenúncio a soberania do Estado  – Roberto Menezes/Registo Pessoal

A crise de segurança causada pelo narcotráfico prenúncio a soberania do Estado equatoriano, segundo o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (Unb), Roberto Goulart Menezes, coordenador do Núcleo de Estudos Latino-americanos.  

O perito considera que o desmantelamento dos cartéis de Medellin e Cali, na Colômbia, ao longo dos anos 1990, gerou uma ramificação do narcotráfico para outros países da América Latina. “Esse combate ao delito organizado e aos cartéis na Colômbia fez o tráfico ramificar seus negócios e segmento dos seus negócios foi para o Equador”, afirmou. 

O professor Nildo Ouriques acrescentou que o tratado de sossego firmado na Colômbia com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em 2016, contribuiu para a situação atual do Equador.  

“A criminalidade no Equador tem íntima relação com a Colômbia. Quem regulava as fronteiras com o narco eram as Farc. As Farc regulavam áreas inteiras e administrava isso com mão duríssima. Quando as Farc saíram, os cartéis do México e os equatoriais se associaram livremente”, comentou.  

Dolarização e neoliberalismo  

Para Ouriques, a dolarização da economia equatoriana, realizada no ano 2000, facilita o trabalho do tráfico de drogas. “O narco cria empresas de frontaria e empresas reais onde eles mandam esse quantia para fora aos bilhões. A economia dolarizada com uma conta de capitais ensejo cria a capacidade de botar o quantia para fora do país com facilidade”, explicou. 

Para Goulart Menezes, a dolarização não tem tanta valia assim porque, apesar de facilitar a lavagem de quantia, o narcotráfico sempre arruma formas de lavar o quantia e evadi-lo para além das fronteiras nacionais.  

“Não vejo essa relação tão direta [entre dolarização da economia e avanço do narcotráfico]. Por outro lado, as políticas neoliberais que levaram a dolarização no ano de 2000 seguem muito fortes no Equador e debilitaram as estruturas estatais de forma universal”, ponderou.  

A principal organização indígena do Equador, a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), culpou as políticas neoliberais adotadas no país porquê a raiz da atual crise de segurança.  

Atuação de Noboa  

A resposta do presidente equatoriano, Daniel Noboa, ao preceituar estado de emergência e dar amplos poderes para as Forças Armadas combater o delito é vista porquê pouco eficiente pelos especialistas. Para Roberto Goulart Menezes, Noboa está pensando na sua sucessão, uma vez que ele tem um procuração tampão de exclusivamente 18 meses.  

“Esse tipo de medida tende a se esgotar muito rapidamente porque é emergencial e a situação mais a fundo do Equador tem a ver com o empobrecimento do país, tem a ver com essa ramificação do delito organizado. Essa estratégia já está fadada ao fracasso, que é a estratégia de guerra às drogas”, afirmou.  

Menezes avalia que a estratégia de Noboa parece repetir a atuação do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, réu de violar direitos humanos com a justificativa de combater o delito organizado, o que tem lhe rendido altos índices de popularidade. 

“Ele tem missiva branca para cometer todo tipo de arbitrariedade em nome do estado de exceção pra combater o delito organizado. Esse tipo de estratégia não é novo, mas o roupa é que pode aumentar o banho de sangue e o próprio governo dele pode ser tragado diante do aumento da instabilidade”, finalizou.  

Por outro lado, Nildo Ouriques destaca que a capacidade do narcotráfico de peitar as Forças Armadas é imensa. “Essa teoria de colocar Forças Armadas para combater o narcotráfico surgiu em primeiro lugar no México. O narco corrompe todo mundo. Tem um poder do quantia gigantesco. O narco chega com uma grana que é infinita”, ponderou.  

Fonte EBC

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