Entenda como zebra samir xaud virou a solução na cbf

Entenda como zebra Samir Xaud virou a solução na CBF – 24/05/2025 – Esporte

Esporte

Na tarde da última sexta-feira (23), os jogadores do GAS (Grêmio Atlético Sampaio) eram os únicos ocupantes do prédio da FRF (Federação Roraimense de Futebol). Bicampeões estaduais, eles se aglomeraram nas poltronas do auditório José Gama Xaud, no primeiro marchar, para observar a vídeos do Manaus, contendor que enfrentariam no dia seguinte pela Série D (quarta repartição) do Brasílio.

A novidade sede, inaugurada no prelúdios do ano pretérito no bairro Aparecida, destoa do nível do futebol sítio, um dos mais indigentes do país. O nome do auditório homenageia o cartola que comanda porquê soberano a federação: Zeca Xaud, porquê é espargido. Ele está no poder quase ininterruptamente nos 51 anos da entidade fundada em 1974, salvo em pequenos intervalos. Não há no país cartola tão macróbio quanto ele.

Em cinco décadas, Xaud e o futebol roraimense permaneceram estacionados: ele no incumbência, recebendo mensalmente mesadas da CBF, e os clubes locais na rabeira do país. Roraima foi o último estado a profissionalizar seu futebol, em 1995. No ranking das federações da CBF, ocupou sempre as derradeiras posições. Não teve um time nas Séries A e B do Brasílio.

Em 2001, durante testemunho à CPI da CBF-Nike no Congresso, Xaud desfiou um rosário de queixas, atribuindo a penúria do futebol roraimense à falta de esteio governamental e previu: “Eu tenho para mim que, mais uns três anos, e as federações vão desvanecer. E eu sou sequaz a essa teoria. Hoje, os clubes já assinam contrato, já vão na Mundo, SBT, as federações e a CBF não se metem mais. Isso, para mim, é uma evolução.”

Levou uma descompostura do deputado Jurandil Juarez, que comandava a sessão. “O senhor teve a petulância de não encaminhar documento nenhum para uma CPI. Há cinco anos não apresenta nenhuma documentação à Receita Federalista, e ainda tem a coragem de vir cá e proferir que isso é culpa do governo”.

Em 2014, uma reportagem da Folha mostrou que a profissionalização ainda não existia na prática. Jogadores tinham de recorrer a outros empregos, e os estádios seguiam vazios apesar de ingressos gratuitos.

Há dois anos, em 2023, um já idoso Zeca Xaud –hoje tem 80 anos e problemas de saúde– transmitiu informalmente ao seu rebento Samir a gestão da FRF. No início deste ano, o herdeiro foi eleito para assumir porquê presidente, mas somente a partir de 2027.

Aí apareceu a oportunidade da vida de Samir Xaud, médico de 41 anos, ungido pelas federações estaduais para ser o próximo presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) em seguida a queda de Ednaldo Rodrigues. Xaud rebento é candidato único e, apesar do boicote dos maiores clubes à eleição, será eleito neste domingo (25), pois, pelas regras da CBF, o voto das federações pesa mais e decide a paragem.

Desde logo, dentre tantas perguntas surgidas na estrambótica transição de poder em curso na bilionária confederação responsável pela seleção brasileira e pelos principais campeonatos do país, talvez a mais intrigante seja: por que o escolhido foi Xaud, com pouca experiência na superfície, oriundo de um estado minúsculo no futebol e rebento de um cartola que simboliza o delonga na transporte do esporte?

Embora clubes do estado elogiem os avanços do futebol sítio desde que Samir assumiu a gestão da federação, a resposta não está em Roraima, mas na cultura cartorial com que a CBF é conduzida.

“Rubens Lopes [presidente da Federação do RJ] brinca que nós somos porquê uma escola de samba. Existem vários enredos, todo mundo combate, combate, mas na hora em que se escolhe o enredo, toda a escola de samba canta o mesmo samba”, afirma Evandro Roble, presidente da Federação Pernambucana.

Coligado de Ednaldo, Roble batalhou pela manutenção do ex-presidente, depois quis concordar Reinaldo Carneiro Bastos –da Federação Paulista, que tentou se lançar candidato, sem sucesso– e, por termo, apoiou Xaud.

É um envolvente que os críticos, a considerar pela ficha corrida das últimas décadas –todos os presidentes caíram enrolados com prevaricação e malfeitos variados– preferem confrontar à máfia, mas naturalmente não é esse o termo escolhido pelos seus integrantes.

Um cartola influente na transição diz que a CBF segue a lógica de um clube ou de cooperativas, sindicatos ou federações patronais: um envolvente fechado em que ninguém de fora entra nem apita.

Os sócios definiram que, para tentar lustrar a imagem mofada da CBF, convinha escolher alguém da “novidade geração” –etariamente falando. Em reuniões fechadas, pinçaram três nomes: Ricardo Gluck Paul (Pará), Luciano Hocsman (Rio Grande do Sul) e Xaud, todos quarentões num clube repleto de setentões.

A zebra roraimense se impôs na conversa. Iniciado na política –filiado ao MDB, já concorreu a deputado estadual e deputado federalista, sem sucesso–, é definido porquê cortês e lhano ao diálogo.

“É um rostro muito doce, muito atencioso, acho que ele conquistou um espaço ali e funcionou meio porquê um estabilidade”, comenta o ex-senador Romero Jucá, um dos padrinhos da última candidatura, em 2022 –Xaud está porquê primeiro suplente à Câmara dos Deputados.

“Vamos mudar a mentalidade, mas de maneira conjunta, pois foi essa liberdade que o Samir nos propôs, de uma governo descentralizada. Porque infelizmente a governo do Ednaldo era muito centralizada. Mesmo com a ratificação que ele tinha, não era um envolvente saudável, porquê a gente tá vendo agora”, complementa Ronei Freitas, presidente da Federação Goiana.

Nas conversas com os eleitores, Xaud soube explorar um ponto fraco do predecessor e usou porquê mantra termos porquê descentralizar, diálogo, construção coletiva e pacificação.

A inabilidade política foi uma das chaves da queda de Ednaldo, reeleito por unanimidade dois meses detrás e agora rifado pelo mesmo escola eleitoral que o endossara. Centralizador e intrigado, virou escopo de inimigos antigos, criados sobretudo por descumprir acordos.

Figura médio do campo contendor foi Fernando Sarney, rebento do ex-presidente José Sarney e vice da CBF há décadas, que ocupava os assentos da entidade na Conmebol e na Fifa. Ednaldo o desbancou para ocupar ele mesmo as cadeiras.

Fernando esperou um momento de fraqueza para derrubá-lo, junto com aliados de peso, porquê Flávio Zveiter, ex-presidente do STJD e rebento do desembargador Luiz Zveiter, os Feijó (Gustavo e Felipe, pai e rebento), da Federação Alagoana e aliados do deputado Arthur Lira, é uma força crescente na CBF, o IDP (Instituto Brasílio de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa).

Fundado pelo ministro do STF Gilmar Mendes e dirigido por seu rebento, Francisco Mendes, o IDP tem um convênio com a CBF Academy para gerir cursos e indicou boa segmento dos atuais diretores da confederação.

A má gestão e os abusos e desvios revelados em reportagem recente da revista Piauí ajudaram a enfraquecer Ednaldo e minar os apoios que mantinha, até a decisão judicial que o afastou do incumbência e detonou a transição, comandada pelo interventor Fernando Sarney.

Na hora da escolha, o sucessor, a profissão de médico –símbolo e lustre social– e a experiência porquê gestor –dirigiu o principal hospital de Roraima e foi secretário-adjunto de Saúde de Boa Vista– também contribuíram para a solução Xaud, apesar dos problemas que teve nos dois casos: é réu por improbidade administrativa pela primeira e denunciado de ser ausente e acobertar malfeitos na segunda. Ele nega as duas acusações.

“A questão de denúncias, eu particularmente não conheço, com toda sinceridade. Pra mim não chegou zero disso, não sei se isso é fake news”, diz Freitas, da Federação Goiana.

Para ele, a judicialização da gestão Ednaldo manchava a imagem da CBF. “O nome dele já estava muito desgastado, toda hora é uma situação dissemelhante, a gente está cansado, tem uma Despensa do Mundo para encetar. Quando surgiu essa possibilidade, já aglutinamos em torno de um nome que permite resolver. Isso está desmoralizando muito o futebol e a gente também, que é dirigente.”

Folha

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