“Quem foi que disse que a bandeira não é nossa?”, escreve Abacaxi sob uma de suas fotos no Instagram. Na imagem, é provável ver modelos com camisas, saias e biquínis com as cores do Brasil, agitando a bandeira brasileira e vestindo a coleção Brasil do estilista carioca.
Jean Martins, mais divulgado uma vez que Abacaxi, lançou sua marca, a Piña, no meio do procuração de Jair Bolsonaro, em um momento em que a bandeira do Brasil era considerada um símbolo político do ex-presidente de direita e de seus apoiadores.
“Quando o Bolsonaro assumiu o missão, a gente não via mais a galera vestindo a bandeira do Brasil. Foi isso que ele arrancou da gente”, diz Abacaxi em entrevista à DW no Rio de Janeiro. “Dentro da periferia, a gente não via mais, uma vez que a gente via antes, a galera vestindo a roupa do Brasil.”
É exatamente isso que ele agora quer mudar. Com sua marca, Abacaxi quer restabelecer o significado da bandeira brasileira e suas cores uma vez que um símbolo de identidade pátrio.
Até pouco tempo detrás, a camisa da seleção brasileira era sinônimo de orgulho pátrio, supra de preferências partidárias. Até Bolsonaro entrar em cena e instrumentalizar a bandeira para seus próprios fins. Agora, Abacaxi quer levar o visual do Brasil de volta às favelas cariocas.
No mais tardar depois do ósculo que Madonna deu em uma bailarina trans em seu show histórico no Rio de Janeiro no início deste mês, ficou simples que a bandeira pertence a todos os brasileiros – não só aos apoiadores conservadores do ex-presidente.
Inspirada por Madonna, até mesmo a Marcha do Orgulho Trans de São Paulo está falando sobre um “renascimento” das cores nacionais e está convocando todos os participantes a usarem a bandeira durante o desfile.
Quem usa uma camiseta do Brasil hoje já não é mais maquinalmente categorizado uma vez que militante de direita. Mas isso não se deve exclusivamente à Madonna ou ao indumentária de Bolsonaro não ser mais presidente.
Brazilcore
Muito antes de Madonna, estrelas internacionais, uma vez que Anitta, Lady Gaga e as modelos Hailey Bieber e Emily Ratajkowski, já estavam posando com camisetas do Brasil, disseminando a tendência que é conhecida fora do Brasil uma vez que “brazilcore”.
Depois que a protótipo e influenciadora Hailey Bieber postou uma foto com uma camiseta do Brasil em 2022, mais e mais vídeos de #Brazilcore apareceram no TikTok, nos quais os influenciadores explicam uma vez que combinam roupas e adereços do Brasil.
Não demorou muito para que a edição francesa da bíblia da tendência Vogue nomeasse o brazilcore uma vez que a “principal tendência” do verão. Assim, um visual que há muito era considerado estética das classes mais baixas se tornava socialmente plausível.
Para Abacaxi, esse visual é arte. O jovem estilista de 24 anos tem orgulho de sua identidade e de suas origens. Ele diz ser uma “cria da favela”. Abacaxi vem de Vila Kennedy, bairro da Zona Oeste do Rio que muitos da escol carioca só conhecem das manchetes. Sua biografia no Instagram diz: “De VK para o mundo”.
Ele ganhou o sobrenome de uma amiga, depois de ter comido tanto abacaxi para sarar uma dor de cotovelo, que acabou ganhando uma dor de estômago. Daí vem também o nome de sua marca, Piña, que é uma vez que a fruta é chamada em espanhol.
Abacaxi já se interessava por tendência na escola. Durante as aulas, ele desenhava roupas, da forma mais discreta provável. “Foi com uns 14 anos que comecei a me interessar pela tendência. Eu tinha uma amiga na escola que desenhava muito vestido de prometida. Sempre fui muito agarrada com mulher, uma garoto queer. Comecei a traçar também, comecei a gostar disso. Só que tive que fazer tudo isso meio que escondido, porque era uma garoto discriminada e excluída na escola”, diz.
Aos 15 anos, Abacaxi começou a frequentar festas funk no subúrbio do Rio. “Lá no dança do viaduto de Madureira, eu me apaixonei por tendência, muito. Senti a obrigação de me vestir muito lá. Logo, quando eu saí da igreja, com uns 14 anos, eu me aprofundei na tendência. Nesse período eu comecei querer fazer os meus próprios looks”, lembra o estilista. Ele começou a vender suas roupas em uma loja de roupas de segunda mão em uma favela, a Loja do Abacaxi.
Os visuais para sarau logo se transformaram em sua primeira coleção própria. Com o aumento da demanda, sua prima o ajudou nas costuras. Aos 18 anos, Abacaxi começou a trabalhar uma vez que estilista para uma grife brasileira. Em 2020, durante a pandemia de covid-19, fundou sua marca, e a Loja do Abacaxi se tornou a Piña.
“Em 2014, eu abri um brechó com as roupinhas que eu fazia. Eu pegava roupas de outros brechós, customizava e botava no meu brechó para vender um pouco mais dispendioso”, lembra. “Com o tempo, eu mudei para uma lojinha, e minha prima começou a costurar comigo. Convidei uma blogueira para ser a pequena propaganda da marca. Fiz uma primeira coleçãozinha e vendia na loja.”
“Coragem de mostrar quem somos”
Abacaxi agora quer fazer mais do que “exclusivamente” reivindicar de volta a bandeira brasileira: ele quer trazer reverência à estética das favelas. “Muitas pessoas acham minha semblante vulgar”, diz ele. “É por isso que quero que as pessoas entendam ainda mais que a estética das favelas é arte. Para mim, o que acontece cá é a maior arte.”
“Planos e desejos para o porvir que eu tenho é fazer muita Fashion Week com a Piña, levando a estética para o mundo, porque muitos olham e falam que é vulgar. Mas muitos esquecem que a favela é onde existe a maior das artes”, afirma. “Logo, eu quero que a Piña atinja bastante espaço no mundo da tendência, que a galera comece a respeitar e ver que de indumentária, estética de periferia é arte.”
Os desejos de Abacaxi vão se tornando mais reais a cada dia. Famosos brasileiros uma vez que a cantora Anitta, a coreógrafa Arielle Macedo e a rapper Mc Soffia já estão usando suas criações. Abacaxi agora pode viver de seu trabalho. Mas para ele, o Brazilcore é mais do que exclusivamente uma tendência da tendência. “A estética Brasil para mim é vontade e coragem de mostrar quem somos e de onde somos.”