Corretor de imóveis, Thiago Derrico percorre quase três horas de Pindamonhangaba ao Morumbi para que a filha, Valentina, 12, possa frequentar a lição do Estúdio Broadway, especializado em teatro músico.
“Ela tem lição toda quinta, e no sábado tem um experiência extra. Desde pequena ela diz que vai dançar na Broadway”, conta o pai, que vende casas no interno e em Miami (EUA). “Fazemos isso por ser cá, porque a gente sabe que ela vai colher bons frutos. Ter o nome da Fernanda abre portas, ela tem uma vontade incrível”, completa a mãe, Júlia Pyles, enquanto segura o pequeno Dom no pescoço.
Fernanda, no caso, é Fernanda Chamma, um dos nomes mais respeitados no meio, que há dez anos comanda a própria escola, o Estúdio Broadway, pertinho do estádio do São Paulo.
No hall, o impaciente vaivém de alunos numa manhã de sábado é normal. “Hoje temos uma turma que está fazendo aulas abertas. Tem também as aulas regulares de sábado e, em outra sala, estamos preparando uma turma para um intercâmbio com a Disney e a Universal”, diz Fernanda.
Na escola, os alunos têm aulas de quina, versão e variados estilos de dança, porquê jazz e sapateado, sempre inspiradas no estilo americano. “Uma vez que tenho formação de bailarina, posso expressar, o sapateado brasiliano muitas vezes não se encaixa no americano. É outra técnica, outro ritmo com os pés”, conta.
No estúdio, os alunos se dividem em dois grupos, os que frequentam a escola normalmente e a company, com os principais destaques, que já se preparam para audições, incluindo crianças.
“A escola circula muito por todas as produtoras, logo eu sei com antecedência o que vai ter, principalmente, na traço kids e teens. Portanto primícias a trabalhar a técnica da obra cá.”
Para Fernanda, na hora da audição, a postura e o lado de ator valem mais do que qualquer outra coisa, “mesmo aos dez anos de idade.” Manuella, 10, que integra a company, se prepara para atuar em uma adaptação de “Escola do Rock”, que será encenada dentro do Festival de Dança de Joinville, um dos principais do mundo.
“Ela está na escola desde os seis anos e já fazia balé antes. Cá ela aprimora mais música”, conta a mãe Priscilla Yokoi, que sabe muito os sacrifícios que a dança impõe —foi primeira solista da São Paulo Companhia de Dança e diretora artística da escola de dança do Theatro Municipal.
“É porquê ser pai de jogador de futebol”, brinca Thiago. “Mas a gente não vai lucrar igual a jogador depois”, completa Júlia.
Já o Teen Broadway, no Sumarezinho, um dos pioneiros do estilo, foi teen só no início, para suprir uma deficiência do mercado à era da geração. Hoje, oferece cursos em teatro músico e dança para crianças e adultos —e teens.
“Comecei fazendo cursos de férias no Teen Broadway e me aproximei do teatro músico”, diz Laura Castro, protagonista de “Meninas Malvadas – O Músico”. “Depois, fiz cursos regulares no Estúdio Broadway, que foi quando comecei a trabalhar de indumento com a Fernanda Chamma. Foi uma escola que fez diferença na minha formação”, lembra.
Na região meão da cidade, a conceituada Escola de Atores Wolf Maya oferece curso profissionalizante de atuação em teatro e TV, que dura três anos com duas aulas semanais em dois turnos.
No ano pretérito, porém, o espaço retomou o curso livre focado em musicais, com oito meses de duração e três aulas semanais, com quina, dança e versão —também na unidade do Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca. A primeira turma se forma em maio e ensaia um músico no teatro Nair Belo (que integra o espaço).
Depois da volta com o curso para adultos (a partir dos 15 anos, na verdade), a escola percebeu uma demanda e abriu inscrições para um módulo kids (até 14 anos).
O espaço foi fundado em 2001, um ano em seguida a adaptação músico de “O Ósculo da Mulher-Aranha”, dirigida por Wolf Maya. “Wolf foi o precursor do movimento Broadway. Mas nessa era não havia muitos atores que cantavam e dançavam. Ou faziam muito uma coisa ou outra”, lembra Hudson Glauber, diretor artístico. “Por isso a Cláudia Raia já era diva.”
Ele conta que começou o curso de teatro músico, chamado “making músico”, por volta de 2004, 2005, com Fernanda Chamma entre as primeiras professoras. “Fomos até a pandemia e depois paramos”, conta Glauber, que celebra a volta do curso em 2024, com professores porquê Kléber Montanheiro, premiado com “Tatuagem”.
Outro espaço tradicional nas artes cênicas, o Célia Helena Núcleo de Artes abriu inscrições para um curso de teatro músico para iniciantes, orientado pela atriz e cantora Tassia Cabanas. Serão duas turmas, uma na unidade do Pacaembu e outra no Itaim Bibi. De curta duração, o curso propõe um mergulho na arte que une teatro, dança e quina, com exercícios solos, em duetos ou em grupos.
Já a dupla Diego Montez e Gabi Camisotti lançou o projeto Cena 1, buscando oferecer gratuitamente expertise para pessoas fora do eixo. “Criamos um time de professores, todos atuantes do mercado, colegas meus e da Gabi, com uma grande rede de base. É um projeto sem incentivo, sem patrocínio”, conta Montez.
A cada temporada, selecionam 16 alunos de diferentes cantos do país, que mandam vídeos e fazem entrevistas no processo de escolha. O curso, para pessoas de 16 a 32 anos, é ministrado em São Paulo. “Dos nossos 64 aprovados em quatro anos, 61 já trabalharam em grandes produções.”
Conheça os cursos
Estúdio Broadway
Av. Jorge João Saad, 1.018, Morumbi, região sul, @estudiobroadway. R$ 600/mês
Escola Wolf Maya
Shop. Frei Caneca – r. Frei Caneca, 569, Consolação, região meão. Site: wolfmaya.com.br
+ RJ: Freeway Center – Av. das Américas, 2.000, Barra da Tijuca. R$ 612/mês
Teen Broadway
R. Heitor Penteado, 850, Sumarezinho, região oeste. Site: teenbroadway.com.br. A partir de R$ 554,3/mês
Célia Helena Núcleo de Artes
Av. São Gabriel, 462, Itaim Bibi, região oeste. Site: celiahelena.com.br
R. Armando Penteado, 311, Pacaembu, região meão. A partir de R$ 490/mês
Projeto Cena 1
Estúdio 7.8 – R. Consolação, 1.581, Consolação, região meão. Gratuito. @projetocena1