Escolas De Samba Do Rio Vão Mostrar Enredos 2025 Na

Escolas de samba do Rio vão mostrar enredos 2025 na Cidade do Samba

Brasil

Em mais uma novidade para o carnaval de 2025, o público vai poder participar da apresentação dos enredos das escolas de samba do Grupo Privativo, considerado a escol do carnaval carioca. O evento organizado pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) chamado de Noite dos Enredos, será no dia 30 de agosto, a partir das 20h na Cidade do Samba, na região portuária da capital fluminense, onde estão localizados os barracões das agremiações. A ingressão é um quilo de maná não perecível.

A proposta é narrar os enredos das 12 escolas de samba, de uma forma muito carnavalizada e uma vez que serão abordados nos desfiles do próximo ano no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Todas as agremiações já definiram os seus temas que, para 2025, estão com muita variedade. As apresentações para as escolas mostrar suas mensagens e explicar os enredos por meio da dança, do teatro ou do próprio samba terão um tempo definido.

Sambódromo da Marquês de Sapucaí - 12/02/2024
Viradouro - Foto: Alex Ferro/Riotur
Sambódromo da Marquês de Sapucaí - 12/02/2024
Viradouro - Foto: Alex Ferro/Riotur

Sambódromo da Marquês de Sapucaí – 12/02/2024 Viradouro – Foto: Alex Ferro/Riotur

“Para que a gente tenha uma notícia dos enredos uma vez que um todo. Isso vai gerar um entendimento maior das pessoas sobre o que as escolas estão levando para avenida, uma expectativa maior do que cada escola pode levar para a avenida. Além da gente poder explicar cada um enredo sem ter os sambas de trajo prontos para esta apresentação, uma vez que a gente ainda está em um momento de disputa de samba [nas sedes da escola para escolher o que vai representar a agremiação]. É uma oportunidade única que as escolas têm. O vértice de tudo é a presença do povo do samba, dos sambistas na Cidade do Samba para dar nascente start da risco cronológica dos enredos de todas as escolas juntas na Cidade do Samba mais uma vez”, analisou para a Filial Brasil, o presidente da Liesa, Gabriel David.

Cacique de Ramos

A programação do evento prevê ainda uma apresentação do Cacique de Ramos, tradicional conjunto da zona da Leopoldina, com a sua famosa roda de samba, de onde saíram, entre outros, talentos uma vez que Zeca Pagodinho, Jovelina Pérola Negra, Almir Guineto e Arlindo Cruz.

O jornalista, pesquisador, roteirista, responsável de livros uma vez que Três poetas do samba-enredo, e comentarista de carnaval das escolas de samba, Leonardo Bruno, afirmou que o enredo é o ponto de partida para a preparação de qualquer desfile de escola de samba.

Rio de Janeiro - Homenagem da Mangueira ao bloco Cacique de Ramos no primeiro dia de apresentações do Grupo Especial das Escolas de Samba do Rio, na Sapucaí (Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil)
Rio de Janeiro - Homenagem da Mangueira ao bloco Cacique de Ramos no primeiro dia de apresentações do Grupo Especial das Escolas de Samba do Rio, na Sapucaí (Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil)

 Conjunto Cacique de Ramos, homenageado pela Mangueira, na Sapucaí –  Foto: Cristina Indio do Brasil/Filial Brasil

“A primeira coisa que se define numa escola de samba, quando se pensa no carnaval do ano seguinte, é o enredo e é a partir dele, que todos os outros setores da escola vão inaugurar a trabalhar. É a partir desse enredo que os compositores vão pensar na elaboração do samba enredo. Que o carnavalesco vai inaugurar a gerar fantasias e alegorias, que a própria bateria vai inaugurar a pensar se tem alguma sonoridade que pode inspirar as suas paradinhas, por exemplo a sonoridade de uma outra cidade ou de um outro estado que possa enriquecer a apresentação daquela bateria na avenida. Ali começa o trabalho para o ano seguinte”, disse à Filial Brasil.

“Mais importante que isso, essa é a história que a escola vai narrar na avenida. Vale lembrar que essa forma de narrar histórias é tipicamente brasileira. É uma invenção nossa. Só no Brasil se conta uma história através de alegorias, fantasias, samba enredo, bateria, percentagem de frente, lado e lado sege, lado e lado sege, logo essa forma de narrar uma história é tipicamente brasileira”, acrescentou.

Na visão de Leonardo Bruno, é justamente essa história que vai impulsionar a escola na avenida. “Certamente os componentes ficam muito mais empolgados e muito mais estimulados para desfilar quando contam uma história de alguma coisa que eles querem expor, por isso, que nos últimos anos os enredos têm feito muita diferença no carnaval do Rio de Janeiro. De dez anos para cá, a gente tem visto um movimento muito importante entre os carnavalescos de contarem histórias que falem das nossas raízes, da negritude que enfim de contas criou as escolas de samba, que falem das próprias histórias das escolas de samba. A escolha do enredo é um momento fundamental para uma escola de samba e ela já começa a mandar o que a gente vai ver na avenida no ano seguinte”, pontuou.

Para o jornalista, responsável do livro Onze Mulheres Incríveis do Carnaval Carioca – Porta bandeiras e comentarista de carnaval, Aydano André Motta, se os desfiles das escolas de samba pudessem ser comparados a uma construção de uma moradia ou de um prédio, poderia expor que o enredo é a pedra fundamental dessa construção. “Ele é o ponto de partida, é a base, o firmamento, onde todo resto será construído. Um bom enredo garante um bom samba, que vai prometer uma boa concepção de desfile. Em indemnização um mau enredo terá que ser consertado pelo samba e pelas alegorias e fantasias, ou seja, tudo começa falso”, disse Aydano à reportagem da Filial Brasil.

Sambódromo da Marquês de Sapucaí - 12/02/2024
Viradouro - Foto: Alex Ferro/Riotur
Sambódromo da Marquês de Sapucaí - 12/02/2024
Viradouro - Foto: Alex Ferro/Riotur

Sambódromo da Marquês de Sapucaí – 12/02/2024 Viradouro – Foto: Alex Ferro/Riotur

De entendimento com o jornalista, historicamente as escolas de samba sempre falaram dos seus ancestrais, do povo preto que construiu o samba e o carnaval com personagens que são invisibilizados na história brasileira. Na visão dele, esse comportamento se intensificou a partir dos anos 1960 com a chegada do cenógrafo, professor, produtor e apresentador de televisão Fernando Pamplona, considerado um rabi entre tantos carnavalescos e dos artistas da Escola Vernáculo de Belas Artes e do Theatro Municipal, ao Salgueiro.

“Foi um primeiro momento, tanto que o Salgueiro é vencedor com um enredo sobre o Quilombo dos Palmares. Depois, várias outras escolas foram detrás e contaram um sem-número de histórias, de personagens e de fatos que a História solene do Brasil narrada pelos brancos, apropriada pelos colonizadores, tentou invisibilizar”, afirmou.

Aydano André Motta também destacou que nos últimos anos esse movimento se intensificou muito. “Tanto que nós chegamos ao ponto mais cume, ao auge da qualidade narrativa do carnaval. A gente está vivendo nascente momento. São enredos engajados, que exaltam o povo preto, sua religiosidade, sua arte, seus personagens, suas conquistas e denunciam as tragédias das quais essa parcela da população é vítima”, destacou.

Para o jornalista, esse tipo de narrativa garante às escolas de samba qualidade dos desfiles, porque os sambistas, seus componentes se sentem mais à vontade. “Quando tem uma boa história para narrar, uma história que tem a ver com eles e identificação. Por isso a gente tem que festejar muito a qualidade narrativa das escolas de samba do Rio de Janeiro”, observou.

Enredos

Aydano deu exemplos de enredos para o carnaval de 2025 que seguem nascente caminho. Entre os considerados por ele uma vez que grandes destaques, estão o da Beija-Flor, que vai falar de Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, mais publicado uma vez que Laíla, que morreu de covid em junho de 2021.

Sambódromo da Marquês de Sapucaí - 12/02/2024
Viradouro - Foto: Marco Terranova/Riotur
Sambódromo da Marquês de Sapucaí - 12/02/2024
Viradouro - Foto: Marco Terranova/Riotur

Sambódromo da Marquês de Sapucaí – 12/02/2024 Viradouro – Foto: Marco Terranova/Riotur – Marco Terranova/Riotur

Durante vários anos, Laíla esteve na coordenação de carnaval da azul e branco de Nilópolis, além de ter desempenhado várias funções em outras escolas de samba do grupo privativo. “Um dos grandes sambistas de todos os tempos e que tinha uma religiosidade muito possante [Laila era do candomblé e sempre era visto com várias guias de santo penduradas no pescoço. Na sua sala no barracão da escola tinha sempre um altar com várias imagens de santos e orixás]”, informou o jornalista.

Ainda há outros enredos, que para Aydano André Motta, merecem destaque no carnaval do ano que vem são uma vez que Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos, assinado pelo carnavalesco da Viradouro Tarcísio Zanon, fundamentado em uma entidade afro-indígena.

“O da Mangueira vai falar do povo bantu e da Pequena África, o Paraíso do Tuiuti, que vai narrar a história de Xica Manincongo, uma escravizada trans que viveu cá no Brasil no período da escravidão. A [Unidos da] Tijuca vai falar de Logun Edé, um orixá. A Portela vai falar de Mílton Promanação. São alguns poucos exemplos. Tem muitas narrativas e muitas histórias muito bonitas, que vão ser contadas agora em 2025 na Sapucaí. É a garantia de um desfile de qualidade porque enredo bom dá samba bom e dá desfile bom”, completou.

Fonte EBC

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