Estádio Da Mogiana, Em Campinas (sp), Vai A Leilão

Estádio da Mogiana, em Campinas (SP), vai a leilão – 07/10/2024 – Esporte

Esporte

O coordenador administrativo Celso Franco de Oliveira Fruto, 61, ainda lembra da camisa tricolor usada pelo pai, Celso uma vez que ele, guardada no armário. Foi com o véu azul, vermelho e amarelo que o zagueirão se impôs aos atacantes adversários no gramado daquele que foi indigitado uma vez que um dos mais importantes estádios de futebol do interno do país na dezena de 1940, o campo da Mogiana, em Campinas (SP).

Construído pela Companhia Mogiana de Estradas de Ferro para o time de futebol dos funcionários da empresa, o Esporte Clube Mogiana, o estádio Dr. Horácio Antônio da Costa, hoje com ares de desamparo, vai a leilão nesta terça-feira (8).

O lance mínimo, de R$ 28,6 milhões, contempla os 26,5 milénio m² do terreno, com toda a sua degradada estrutura, inclusive a quadra de piso ladrilhado onde a Mogiana foi vencedor campineiro de basquete.

Inaugurado em 14 de junho de 1940, o estádio foi considerado um dos mais modernos do país, comparado ao Pacaembu, em São Paulo, e a São Januário, no Rio de Janeiro.

O historiador José Moraes dos Santos Neto conta que ele chegou a ser sondado para receber jogos da Despensa do Mundo de 1950. “Era realmente muito bonito”, diz.

O equipamento, no bairro Jardim Guanabara, rebatizado uma vez que Cerecamp (Núcleo Esportivo e Recreativo de Campinas Dr. Horácio Antônio da Costa), pertence ao governo estadual desde a dezena de 1970. Foi interditado em janeiro do ano pretérito por justificação das más condições estruturais, segundo a Secretaria de Esportes do Estado.

Para justificar a venda do multíplice esportivo, que encontra-se ocioso, a Secretaria de Gestão e Governo Do dedo cita um decreto que define diretrizes e ações para modernização da gestão pública estadual.

“Um dos eixos deste projecto é expansão do investimento por meio da demência onerosa”, afirma o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), dizendo que irá otimizar recursos públicos “para promover o desenvolvimento urbano, econômico e de políticas públicas na região”.

Porquê o lugar é tombado em duas instâncias, pelo Condepacc (Juízo de Resguardo do Patrimônio Histórico Cultural de Campinas), municipal, e pelo Condephaat (Juízo de Resguardo do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), estadual, o porvir comprador terá uma série de restrições para mexer no lugar.

Será necessário preservar o campo de futebol e as duas arquibancadas, do qual ferro usado para a construção é de trilhos de trem da antiga empresa férrea.

O processo do Condepacc, publicado em 2019, alerta que futuros projetos devem levar em consideração que originalmente os vestiários eram cobertos com telha francesa, entre outros.

Um vídeo gravado com drone e publicado pela empresa de leilão contratada pelo governo para fazer a venda, mostra o gramado ainda virente, mas com marcas de terrão, e as duas traves.

Para apaixonados pela história do futebol, tão importante quanto manter a estrutura física em pé é não deixar morrer o legado do lugar construído pela companhia férrea com ajuda de funcionários para o time da empresa nascido em 1933 (há registros de que a esfera já rolava entre os trabalhadores desde 1906).

Tijolos e ferros eram levados de trem até a estação Guanabra, que fica próxima. “Há uma imagem de um vagão com materiais próximo da arquibancada da universal”, afirma Celso Franco, pesquisador da história do clube.

O placar mecânico, diz, atendia tanto aos jogos de futebol quanto aos de basquete. As torres de luz eram uma modernidade para a quadra, principalmente no interno. Nas arquibancadas cabiam 10 milénio pessoas.

O nome Horácio Antônio Costa é uma homenagem ao engenheiro que foi um dos incentivadores da construção do estádio e que ganhou um busto lá.

Responsável do livro “Fora dos trilhos: a História do EC Mogiana”, Celso conta que, na inauguração da iluminação do estádio, em 1946, Baltazar, o Cabecinha de Ouro, uma vez que era chamado um dos mais importantes jogadores da história do Corinthians por ser um exímio cabeceador, marcou os três gols alvinegros na vitória por 3 a 1 sobre o Tricolor Ferroviário.

“Jogaram Fluminense, Botafogo, Palmeiras, Corinthians e São Paulo, entre tantos outros grandes do país, e até times internacionais, uma vez que Libertad e Sol de América, ambos do Paraguai”, diz Celso.

Guarani e Ponte Preta disputaram ali dez dérbis —cada um venceu cinco partidas.

O estádio foi palco do primeiro jogo noturno do futebol campineiro, entre Mogiana e Corinthians, em 1946, e para o primeiro dérbi noturno entre Guarani e Ponte Preta, em 1948, lembra o jornalista Gustavo Maia Magnusson, 27, que mantém um ducto no YouTube sobre o clube.

“O estádio é um lugar mágico e encantador, com particularidades únicas em sua estrutura que nos transportam de volta ao pretérito”, diz.

Craques do futebol brasílio jogaram no estádio, uma vez que Leônidas da Silva, bombeiro da Despensa do Mundo de 1938, Domingos da Guia, Jair Rosa Pinto, Dino Sani e Bellini.

O Tricolor Ferroviário disputou divisões intermediárias do futebol paulista e encerrou suas atividades no termo da dezena de 1960, no amadorismo.

O estádio passou a ser usado pelo liga amadora da cidade, foi a vivenda do Jornal (time namorado) e do Campinas, clube montado pelos ex-atacantes Careca e Edmar nos anos 1990. Mais recentemente, o Red Bull Brasil mandou seus jogos no estádio do Jardim Guanabara.

Questionada sobre a possibilidade de tornar o Cerecamp em patrimônio municipal, a Prefeitura de Campinas nega o interesse e afirma que há outras opções de lazer no entorno, explicação semelhante dada pela Secretaria de Esportes do Estado.

“Ele [o estádio] representa a memória ferroviária da cidade”, diz o historiador Neto. “Realmente é triste a falta de perspectiva da valorização da memória histórica.”

DIRETRIZES DE PRESERVAÇÃO DO CERECAMP

Condephaat (processo de tombamento nº 65338/2011; solução de tombamento SC nº 07, de 24/2/2002)

  1. Campo de futebol
  2. Arquibancada mediano
  3. Arquibancada sudoeste
  4. Moradia do gestor

Condepacc (Processo de Tombamento nº 02/2013; decisão do Colegiado pelo tombamento em 07/11/2019; publicação da decisão no Quotidiano Solene do Município de 6/12/2019

  1. Preservar a guarita da ingressão principal do Esporte Clube Mogiana, com todos os elementos que a compõem
  2. Preservar os guichês da bilheteria, as três aberturas e cinco metros do muro em seguida a última lhaneza, no sentido av. Barão de Itapura
  3. Preservar o escorço da lajedo, em pedra portuguesa, no limite do muro citado no item 2
  4. Preservar a arquibancada oeste, com seus elementos decorativos, no que tange à construção inicial (anos 1930)
  5. Preservar o campo de futebol
  6. Preservar a pista de atletismo em volta do campo de futebol
  7. Preservar as quatro torres de iluminação
  8. Preservar a Quadra de basquete/vôlei, com suas arquibancadas, tribuna e pisos
  9. Preservar o mirone, lugar da tribuna da prensa
  10. Preservar os vestiários em suas fachadas, volumetria, elementos internos e cobertura — em relação à cobertura, futuros projetos devem levar em consideração que originalmente os vestiários eram cobertos com telha francesa
  11. Preservar a enfermaria em suas fachadas, volumetria e cobertura
  12. Preservar o lugar do campo de bocha e do bar

Nascente: Prefeitura de Campinas

Folha

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