'estômago 2' Reinventa Cult E Quer Franquias Brasileiras 30/08/2024

‘Estômago 2’ reinventa cult e quer franquias brasileiras – 30/08/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Já faz quase 20 anos que o cozinheiro Raimundo Nonato conquistou o público e a sátira com seus pratos inventivos dentro da prisão. O filme “Estômago”, de Marcos Jorge, que ultrapassou a boa recepção de uma comédia para se tornar uma espécie de cult vernáculo, ganhou uma prolongação.

“Estômago 2: O Poderoso Chef” venceu quatro kikitos no Festival de Gramado, onde teve a sua estreia, e o prêmio do júri popular. Ainda assim, dividiu a sátira, que em secção se empolgou com a inventividade de inserir a máfia italiana no roteiro e, por outro, não aprovou o tempo subalterno de tela oferecido a Raimundo, vivido por João Miguel, que agora divide o protagonismo do filme com Dom Caroglio, mafioso italiano interpretado por Nicola Siri que chega a prisão.

Similar ao primeiro filme, a prolongação se divide entre duas linhas do tempo. O presente, em que o clima na prisão azeda com a chegada do mafioso, e o pretérito de Dom Caroglio, todo filmado na Itália, que revela uma vez que o criminoso construiu sua reputação de mal-encarado até parar numa prisão brasileira.

Raimundo, chamado de Alecrim pelos companheiros prisioneiros devido ao seu talento culinário, cozinha para o diretor da prisão e para o Etecétera, vivido por Paulo Miklos, agora um dos manda-chuvas do xadrez. Seus pratos elaborados continuam ganhando câmeras lentas de espaguetes de dar chuva na boca pulando sobre frigideiras, em oposição à decadência da prisão.

Alecrim será o rastilho de um conflito entre Etecétera e Dom Caroglio, que disputam o cozinheiro. Assim uma vez que o seu protagonista, Marcos Jorge, o diretor, diz não gostar de servir comida requentada. Para a prolongação de “Estômago”, ele queria “apresentar um prato dissemelhante”.

É dai que veio a teoria de tornar o pretérito de Dom Caroglio e sua aproximação do delito uma vez que uma das linhas narrativas principais do filme. “Os jovens mafiosos de hoje na Itália assistem aos filmes do [Francis Ford] Coppola, Martin Scorsese e à séries uma vez que ‘Gomorra’ para entender uma vez que devem se portar. Esses personagens se constroem também no palco da vida”, diz Jorge.

Assim uma vez que Alecrim no primeiro filme, Dom Caroglio também está em procura de sua identidade —ou melhor, de dar manifesto na vida. Em crise no seu país de origem e fruto da dona de um restaurante brasílico, ele se apaixona pela filha do chefão da máfia lugar, que se apresenta sentado detrás de uma mesa luxuosa, com voz rouca e bem-vestido, em referência satírica à Marlon Frouxo em “O Poderoso Chefão”.

“Eu reivindico para o cinema brasílico um recta que às vezes não nos damos, que é o de não ser realista, mas imaginoso. Surreal, uma vez que o cinema italiano é. Por que o Yorgos Lanthimos pode fazer um filme totalmente surrealista e a gente aceita porque é falado em inglês?”, questiona o diretor, referindo-se à produção de tom bizarro do helênico, “Tipos de Gentileza”.

O filme também é de ação, com cenas de violência, rebelião e até explosões que não ficam devendo a produções estrangeiras. Resultado do aporte italiano no longa, uma coprodução entre Brasil e Itália.

“É uma coprodução de verdade, e não uma vez que a maioria de nossas coproduções, que chamo de ‘esmolafound’, quando os europeus colocam € 50 milénio no filme e levam os direitos europeus. Queríamos um comprometimento da Europa”, diz Jorge.

“Estômago 2” estreia no momento de uma espécie de nostalgia cinematográfica, em que clássicos nacionais ganham continuações e reexibições nos cinemas. Exemplos são o pregão de “Auto da Compadecida 2”, de Guel Arraes e Flávia Lacerda e a série de “Cidade de Deus”, dirigida por Aly Muritiba.

“A série de ‘Cidade de Deus’ é luxuosa também. Estamos conseguindo fazer um cinema da subida qualidade técnica, por que não usar nossas franquias?”, diz Jorge. Segundo ele, o primeiro “Estômago”, quando lançado entre 2007 e 2008, não foi um sucesso inesperado.

“Tínhamos 13 cópias e pouquíssima grana, mas o filme ficou seis meses em papeleta em alguns cinemas, porque o público embarcou na história”, lembra. O longa foi premiado no Festival do Rio daquele ano, e Jorge venceu o prêmio Grande Otelo de melhor direção, contra Walter Salles, que apresentava “Risca de Passe”, e Fernando Meirelles, com “Experiência Sobre a Facciosismo”.

“Estômago”, porém, se tornou cultuado pelas novas gerações depois que entrou na plataforma de streaming da Netflix. “É um sinal do sazão do cinema brasílico, que começa a fazer sequências de seus clássicos”, diz Jorge. “Existem sucessos imediatos, uma vez que ‘Tropa de Escol’, mas outros filmes demoram para amadurecer.”

Folha

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