Regras da Fifa sobre transferências de jogadores vão contra as leis da União Europeia e os princípios de livre circulação, declarou nesta sexta-feira (4) o tribunal superior da União Europeia. A decisão pode terebrar a porta para os jogadores encontrarem um novo clube mais facilmente posteriormente o término de seus contratos.
As normas sobre transferência de jogadores da Fifa (RSTP, na {sigla} em inglês) dizem que um jogador que termina um contrato antes do prazo “sem justa razão” é responsável por remunerar uma ressarcimento ao clube e, quando o jogador se junta a um novo clube, eles serão conjuntamente responsáveis pelo pagamento da ressarcimento.
O Tribunal de Justiça da União Europeia (CJEU), decidindo sobre o caso do ex-jogador da França Lassana Diarra, afirmou que essas disposições eram ilegais, e espera-se que a decisão ligeiro a Fifa a reformar suas regulamentações de transferência.
“As regras em questão impedem a livre circulação de jogadores de futebol profissionais que desejam desenvolver sua atividade indo trabalhar para um novo clube”, disse o CJEU, com sede no Luxemburgo.
“Essas regras impõem riscos legais consideráveis, riscos financeiros imprevisíveis e potencialmente muito altos, muito porquê riscos esportivos importantes para esses jogadores e clubes que desejam empregá-los, que, juntos, são tais que impedem as transferências internacionais desses jogadores.”
Em 2014, Diarra deixou o Lokomotiv Moscou, da Rússia, um ano antes do término de um contrato de quatro anos. Em reação, o clube levou o caso à Câmara de Solução de Disputas da FIFA (DRC), argumentando que o desportista havia violado as regras quando rompeu seu contrato, sem justa razão, posteriormente um galanteio salarial.
Diarra recebeu uma oferta para se juntar ao clube belga Charleroi, mas o time desistiu depois que a Fifa se recusou a assinar o Certificado Internacional de Transferência (ITC), impedindo o registro do jogador na federação belga.
De convenção com a decisão do CJEU, também é ilícito recusar-se a assinar o ITC.
Em 2015, a Fifa ordenou que Diarra pagasse 10 milhões de euros (R$ 59 milhões, na cotação atual) em danos ao Lokomotiv, levando o ex-jogador do Chelsea, Arsenal e Real Madrid a processar a federação internacional e a federação belga por danos perante um tribunal sítio.
A decisão do CJEU também poderia levar outros jogadores afetados pelas regulamentações da Fifa, porquê Diarra, a buscar danos.
“Todos os jogadores profissionais foram afetados por essas regras ilegais [em vigor desde 2001] e, portanto, agora podem buscar ressarcimento por suas perdas”, disseram os advogados de Diarra, Jean-Louis Dupont e Martin Hissel, em expedido.
AUTORIDADE DA FIFA PODE ESTAR EM QUESTÃO
Dupont disse que todo o sistema de transferências mudaria com a decisão do tribunal.
“A isenção da Fifa acabou, haverá um antes e um depois na governança [do futebol] posteriormente a decisão da UE”, disse Dupont.
Não exatamente, de convenção com a Fifa.
A entidade máxima do futebol disse estar “satisfeita que a legitimidade dos princípios-chave do sistema de transferências tenha sido reconfirmada na decisão de hoje. A decisão somente questiona dois parágrafos de dois artigos do Regulamento da FIFA sobre o Regime e Transferência de Jogadores, que o tribunal pátrio é agora convidado a considerar.”
Seu diretor jurídico e de conformidade, Emilio Garcia, disse que não é o término do sistema de transferências da Fifa.
“É importante esclarecer que a decisão de hoje não muda os princípios fundamentais do sistema de transferências de forma alguma”, disse ele.
“A Fifa tem melhorado continuamente esse sistema há muitos anos –não para seu próprio mercê, mas para o mercê dos jogadores, clubes, ligas e associações membros, para prometer que os jogadores possam treinar, ser desenvolvidos e ter segurança, ao mesmo tempo em que salvaguardam a integridade das competições implementando um robusto quadro regulatório para o sistema de transferências internacionais.”
David Terrier, presidente da FIFPro Europa (entidade que congrega atletas profissionais), disse que estava feliz por Diarra, mas que ele não era a única vítima.
“A verdade é que vamos ver porquê reparar o dano para todos os jogadores que foram vítimas do sistema de transferências”, disse Terrier à Reuters.
TAXAS DE TRANSFERÊNCIA REDUZIDAS?
A decisão poderia resultar em taxas de transferência reduzidas e mais poder econômico para os jogadores, de convenção com Ian Giles, dirigente de antitruste e concorrência da Norton Rose Fulbright.
“É totalmente provável que isso signifique que os jogadores sintam que agora podem quebrar contratos e assinar com novos clubes, sem que o clube vendedor possa retê-los ou exigir taxas de transferência significativas”, disse Giles.
“Mas com o tempo as coisas terão que se estabilizar para permitir que os clubes permaneçam economicamente viáveis. Clubes menores que dependem de taxas de transferência para talentos que desenvolveram podem muito muito ser os perdedores nesse contexto.”
A Associação Europeia de Clubes (ECA), que representa mais de 700 clubes, não estava imediatamente disponível para comentar.
“Essa decisão mexe num dos pilares mais significativos do sistema de transferências e também do sistema lítico da Fifa: a sanção disciplinar. Ela é a base para impedir algumas condutas, porquê, por exemplo, não terminar um contrato de trabalho sem justa razão no meio de uma temporada”, diz Cristiano Caús, jurisconsulto especializado em recta desportivo e sócio do CCLA Advogados.
Caús assinala que a sanção para um clube é o transfer ban —quando o time fica proibido de contratar jogadores—, enquanto para o desportista é a suspensão. “A decisão abre um precedente que, a meu ver, é prejudicial, já que permitiria a atletas e clubes mal-intencionados driblarem os contratos vigentes e iniciarem uma novidade relação sem estarem sujeitos a punições.”
Ainda de convenção com o jurisconsulto, o próximo passo seria a Fifa revisitar seus regulamentos. “Resta agora saber porquê acomodar a decisão de um caso sem prejudicar o futebol porquê um todo”.