Os cômodos brancos da galeria MaPa, localizada em São Paulo, foram tomados pela floresta sintético de tecido de Eva Soban. Esculturas de crochê e macramê se espalham pelo solo, teto e paredes, compondo a exposição de arte têxtil que celebra a curso da artista, em exibição até o próximo dia 28.
Inspirada na relação entre os sentimentos humanos e o exterior ao ser, a exibição é uma submersão em um meio envolvente feito de algodão e polipropileno da artista brasileira de origem eslava. Troncos cilíndricos de tecidos e formas irregulares de crochê, emergindo do solo uma vez que estalagmites de cavernas, constroem a atmosfera da exposição.
Organizada por Xenia Bergman, a mostra é um invitação para o labirinto artístico de Eva Soban e a materialização da arte têxtil, também conhecida uma vez que tapeçaria, atividade de inspirações milenares em que há a utilização de tecidos para a formação de esculturas e instalações.
Conforme Soban, a tapeçaria tem origem ligada à geração de tecidos pelo ser humano para sobreviver às intempéries da natureza.
Com o passar dos anos, inúmeras culturas ao volta do mundo, uma vez que a judaica e a mouro, firmam uma produção de tapetes, dando à atividade selo de decoração, aponta Bergman, a organizadora.
No Brasil, a tapeçaria tem sua germinação na dez de 1920, ao lado de outros gêneros do modernismo, uma vez que a arquitetura e o design. O país seguiu o fluxo do mundo e passou a desenvolver uma tapeçaria que ia além do utilitarismo para se tornar arte.
Mas é na dez de 1970, com outros expoentes uma vez que Norberto Nicola e Jacques Douchez, que Eva encontra a tapeçaria e a constrói uma vez que arte. Imprimindo profundidade e abstração às obras, a artista participa de três edições da Trienal de Tapeçaria no Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM, em 1976, 1979 e 1982.
Trazendo esse histórico, Eva recreia seu paraíso de tecido feito de questionamentos, introspecções e desejos sobre o paixão, a natureza e a vida. Ao todo, a exposição na galeria MaPa reúne 12 obras que formam a cena de uma mata e esculturas que falam de paixão e autoconhecimento.
Em “Alquimia”, de 1981, Soban monta uma estátua feita em tecelagem manual para formar a figura de um varão meditando, composta na fibrilha oriundo juta. A obra fez segmento da 3ª Trienal de Arte Têxtil do MAM e contempla idealizações da artista sobre direcção, crença e vida.
Na série “Floresta Negra”, de 2010, Soban traz uma instalação feita de esculturas cilíndricas em crochê na cor preta que evocam árvores de uma mata fechada, na qual os visitantes podem tocar e passar por entre os elementos materiais.
A obra foi feita em seguida uma viagem da artista à Patagônia, onde visitou uma floresta que a fez sentir a dualidade sobre morte e vida em meio à natureza.
Outra série que recria a percepção de natureza de Eva é “Petrificadas”, de 2015, na qual a artista constrói estruturas semelhantes a estalactites e estalagmites, formações minerais encontradas em cavernas, aludindo ao início e término de relações afetivas.
A organizadora aponta a relação entre o tecido e o texto escrito uma vez que uma das inspirações na arte têxtil. Uma das obras de Eva exemplifica essa menção. Na série “Cartas de Paixão”, de 2016, a artista forma esculturas em cordas grossas, em linho, algodão e seda, que se enroscam uma vez que a escrita.
A artista conta que a teoria para a obra surgiu ao tentar ortografar uma missiva saudosista para os netos que haviam viajado para fora do país.
Artista e organizadora fala sobre a influência da materialidade e da autoria na arte em uma veras já composta por questionamentos em relação a projetos feitos por perceptibilidade sintético.
“Quando um artista faz um pouco, há a robustez dele ali materializada, cria-se uma existência, ao contrário de uma reprodução, que só aperta o botão só”, afirma Soban.
Apesar do propósito da exposição ser a reunião das obras da curso da escultora, Soban salienta que a mostra também é uma exibição sobre uma artista em atividade no presente, que proclama a celebração da vida.
“Eu tenho um trabalho contemporâneo. Sou uma pessoa mais velha e não é por isso que meu trabalho é velho. Estou mostrando um trabalho consistente, que tem não só história, mas também força por estar sendo feito hoje”, afirma Eva.
Tal viveza é sentida na paixão com que a artista fala sobre sua obra e o processo de trabalho, definido uma vez que manual e vagaroso. O resultado é visto nas esculturas expostas, que condensam a curso da artista sem dar um ponto final na trama criada por Eva.