Exposição Em São Paulo Recria Esconderijo De Anne Frank

Exposição em São Paulo recria esconderijo de Anne Frank – 17/08/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Em cima da cadeira, há um grande urso de pelúcia. Sobre a escrivaninha, livros, canetas e um quotidiano destapado. Nas paredes, uma profusão de pôsteres com estrelas do cinema. É um quarto parecido com o de tantos outros pré-adolescentes. A diferença é que num cômodo uma vez que leste viveu Anne Frank, uma das figuras mais emblemáticas do século 20.

De origem judaica, a jovem foi assassinada aos 15 anos em um campo de concentração, tornando-se um dos símbolos do Imolação. Para tentar salvar sua família, Otto Frank, pai da jovem, construiu um esconderijo nos fundos de uma fábrica, em Amsterdã. O imóvel onde ela passou os dois últimos anos de vida ganha agora uma reprodução na Unibes Cultural, na zona oeste de São Paulo.

Intitulada “Anne Frank: Deixem-nos Ser”, a exposição mostra em detalhes o incluso secreto, reconstruído tendo uma vez que base ilustrações, fotografias e vegetais cedidas pela Anne Frank House, museu de Amsterdã devotado à jovem.

Objetos corriqueiros, uma vez que xícaras, panelas e brinquedos, conferem uma atmosfera de normalidade ao lugar, mas o envolvente claustrofóbico não deixa o visitante olvidar de que está dentro de um esconderijo.

Apesar do cenário oposto, a juvenil conseguiu encontrar inspiração para grafar um quotidiano sobre sua rotina e seus anseios. Único sobrevivente da família, Otto encontrou o manuscrito depois que a guerra terminou e decidiu publicá-lo sob o título “Quotidiano de Anne Frank”.

O livro vendeu muro de 30 milhões de exemplares, foi traduzido em mais de 60 países e ganhou versões para o cinema, o teatro e os quadrinhos. Ao caminhar pela exposição, o visitante ouve trechos do quotidiano, reproduzidos nas caixas de som.

O nome da mostra, aliás, foi retirado da obra. “Deixe-me ser eu mesma, portanto eu estarei feliz”, escreve Anne, em uma das passagens. Os curadores decidiram conjugar a frase no plural para incluir outros grupos que são fim de vexame.

“É mais do que um título. É uma voz que clama para que as pessoas possam ser aquilo que elas são”, diz Carlos Reiss, curador da mostra e coordenador-geral do Museu do Imolação de Curitiba. “Além do combate ao ódio, às injustiças e aos preconceitos, é um clamor pelo recta à individualidade e à multiplicidade.”

Ele diz que a exposição procura estabelecer diálogos com problemas sociais contemporâneos, uma vez que o racismo e a homofobia. Por isso, há na mostra obras de artistas contemporâneos. “A gente não quer falar de discussões que estão do outro lado do mundo, e sim de assuntos que estão na nossa frente.”

Um desses assuntos é o racismo, em evidência na estátua “No Meu Firmamento Ainda Brilham Estrelas”, de Flávio Cerqueira. Na obra, é verosímil ver uma rapariga negra segurando para o supino um livro referto de perfurações, uma vez que se ele tivesse sido alvejado por tiros.

As populações indígenas também estão presentes, por meio de uma retrato da série “Marcados”, de Claudia Andujar. A obra foi feita nos anos 1980, quando a fotógrafa acompanhou o trabalho que médicos realizaram na terreno yanomami.

A escolha da artista se justifica também por sua biografia. Nascida na Suíça e filha de pai judeu, ela sobreviveu ao extermínio promovido pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Embora tratem de grupos marginalizados, as obras não necessariamente abordam de forma direta a violência. Exemplo disso é um bordado de Leonilson, artista que fazia obras sobre sua vivência enquanto um varão gay que vivia com HIV.

“É uma obra que explora discussões sobre lugares de afeto, sonhos e paixão, temas que são grandes questões sociais”, diz Reiss. “Leonilson também percebia a segregação por fazer segmento de uma minoria.”

Para o curador, Anne Frank virou símbolo da perseguição aos judeus por ter conseguido romper a desumanização a que eles foram submetidos pelo nazismo. “Ela talvez tenha sido uma das primeiras personagens históricas a conseguir furar esse bloqueio da massificação e dar um rosto para milhões de pessoas perseguidas e assassinadas.”

Idealizadora da mostra, Priscilla Parodi acrescenta que o objetivo da mostra é dar vazão ao libido de liberdade expresso por Anne em seu quotidiano. “Propomos uma experiência artística que sensibilize as pessoas para uma sociedade mais inclusiva”, diz ela, que é diretora da Inspirar-te, ONG que usa a arte para promover transformação social. “Estamos convidando os visitantes a se unirem à voz de Anne Frank e a gritarem: ‘Deixem-nos ser.’”

Folha

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *