Exposição homenageia a ativista laudelina de campos mello 04/05/2025

Exposição homenageia a ativista Laudelina de Campos Mello – 04/05/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Nomeada heroína da pátria em 2023, Laudelina de Campos Mello foi uma das mais importantes militantes pelos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil. Nascida em Poços de Caldas, Minas Gerais, em 1904, a ativista tem sua história contada por meio da arte na exposição “Honra e Luta”, em edital no Instituto Moreira Salles, o IMS, na cidade natal da homenageada.

Laudelina foi responsável por produzir as primeiras associações de trabalhadoras domésticas do país, em Santos e Campinas, em 1936 e 1961, respectivamente. Organizou eventos sociais e manifestações e integrou a Frente Negra Brasileira, uma das primeiras organizações que lutava pelos direitos das pessoas negras.

Reflexões sobre o lugar do trabalho doméstico na sociedade brasileira são o fio condutor da mostra, que reúne episódios da vida da ativista e as obras de 41 artistas negros de gerações diferentes —com um século separando a obra mais antiga, de 1920, de uma das mais recentes, de 2025.

A representação de mulheres negras na televisão, frequentemente restrita a papéis de empregadas, a valia do aproximação à cultura e ao lazer, o recta ao sota e ao desvelo com a própria saúde, são alguns dos temas que aparecem ao longo da mostra.

A partir da arte, a exposição procura dar visibilidade à luta de Laudelina, uma líder que via na precariedade das condições de trabalho as desigualdades herdadas do período da escravidão, afirmam as organizadoras Raquel Barreto e Renata Sampaio.

“Na pesquisa ficou muito evidente que uma segmento da produção artística brasileira de autoria negra é composta por pessoas que tematizam o trabalho doméstico. Muitos desses artistas são, ou foram, trabalhadores domésticos, e muitos têm familiares, mães, avós, tias que eram trabalhadoras domésticas”, afirma Barreto.

Apesar dos avanços, a categoria ainda carrega inúmeros problemas, porquê o cimo índice de informalidade e a persistência de relações racistas entre empregados e empregadores, que negligenciam direitos dos funcionários. Mulheres negras são maioria em funções porquê faxineiras, cozinheiras e babás e recebem menos pelo trabalho. Elas ganharam 86,1% do proveito das brancas na mesma função, entre 2012 e 2022, segundo levantamento do Cedra, o Meio de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais.

Abordar as condições de trabalho impostas às domésticas e tratar da legado de desigualdade vinda do período colonial sem fazer da exposição um espaço de dor para pessoas negras foi um dos desafios do processo curatorial. “É uma risco delicada, mas a nossa preocupação é que, ao tratar da violência colonial, a gente não cometa outra violência apresentando o tema”, afirma Barreto.

Neta de escravizados, Laudelina começou a trabalhar ainda muchacho, aos sete anos. Sem aproximação ao estudo formal, ela iniciou a militância por direitos para a população negra ainda na mocidade, aos 16 anos, quando fundou o Clube 13 de Maio, que oferecia atividades culturais aos jovens negros, impedidos de frequentar espaços de lazer.

Em Santos, ela acolheu mulheres idosas ou com problemas de saúde que, sem trabalho, iam parar nas ruas, sem lar ou qualquer suporte.

A luta por reconhecimento enquanto categoria profissional, que começou no início do século 20, deu seus primeiros frutos em 1972, quando a profissão foi regulamentada com uma lei que previa recta à carteira assinada, aproximação à previdência social e férias remuneradas. Mas unicamente em 2013 a categoria alcançou avanços mais significativos com a aprovação da PEC das Domésticas, que estende às trabalhadoras direitos porquê jornada de 44 horas semanais e aproximação ao FGTS.

Além da militância política, a ativista também atuou porquê agente cultural. Ela promovia bailes, organizava piqueniques e fundou uma escola de dança voltada a jovens negras. Laudelina morreu em 1991, em Campinas, e deixou sua lar em testamento para ser a sede do sindicato da categoria na cidade.

“A militância da Laudelina passa pelo recta ao aproximação. Chegada à cultura, à diversão, ao recta de estar junto com os seus, a autoestima, a sociabilidade”, afirma Sampaio.

Sua trajetória foi documentada pela pesquisadora Elisabete Pinto, autora do livro “Etnicidade, Gênero e Instrução: Trajetória de Vida de Laudelina de Campos Mello”. Ela conviveu com a ativista durante seus últimos anos de vida e organizou em sua dissertação de mestrado, que foi posteriormente transformada em livro, com as vivências e conquistas das associações das trabalhadoras domésticas.

“Em 1936 ela passa a viver uma vida pública, no meio de homens brancos, no momento em que as mulheres estavam na vida privada e não lutando politicamente”, afirma a pesquisadora e professora da Universidade Federalista da Bahia.

“Através da arte, você passa uma visão de mundo. Você pode passar uma visão autoritária, excludente, mas você pode ter uma arte também que possa simbolizar a população. Quando vemos sua trajetória, ela está voltada para a arte, porque os pretos não tinham esse aproximação”, diz a pesquisadora.

Elisabete observa que, apesar dos avanços conquistados, ainda hoje muitos negros e moradores da periferia continuam afastados de espaços culturais porquê o teatro e o cinema.

A exposição tem ingresso gratuita e fica em edital até 14 de setembro de 2025. Em seguida oriente período, a mostra seguirá para o IMS de São Paulo, onde deve ser ensejo ao público em 2026.

Folha

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *