Levantamento do cnj aponta que 30% dos presídios não têm

Falta de recursos e de informações dificulta ação de Secretaria LGBT

Brasil

A luta pela efetivação dos direitos das pessoas LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais, assexuais e outras orientações sexuais) no Brasil é marcada por avanços, retrocessos e inúmeros desafios. Neste sentido, a geração, em janeiro de 2023, de uma secretaria vernáculo encarregada de desenvolver políticas públicas específicas para o enfrentamento ao preconceito e à discriminação e a promoção dos direitos deste segmento da população foi recebida uma vez que uma conquista.

Comandada por uma travesti, a jornalista paraense Symmy Larrat, a pequena equipe da secretaria teve que contornar a falta de recursos para dar conta de suas atribuições (para oriente ano, o orçamento previsto é de pouco mais de R$ 27 milhões). E enfrentou a falta de informações confiáveis sobre a situação da população LGBTQIA+ no país.

Em entrevista exclusiva à Filial Brasil, o coordenador-geral de Comitiva de Parcerias da secretaria, Hiago Mendes, afirmou que a falta de dados confiáveis dificultou a formulação das primeiras políticas públicas, retardando a implementação de ações estratégicas que, segundo ele, avivam a resistência de grupos conservadores. “Há uma enorme resistência por secção da extrema direita em relação às pautas da população LGTBQIA+, sobretudo em relação àquelas que dizem saudação às pessoas trans”, declarou Mendes ao fazer um balanço sobre os programas que a secretaria está implementando, uma vez que o de promoção do tarefa e renda e de esteio financeiro às casas de guarida.

A entrevista integra a série de matérias que a Filial Brasil publica neste Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, nesta sexta-feira (28).

Filial Brasil: Ao assumir a secretaria, em janeiro de 2023, a secretária vernáculo Simmy Larrat acusou a falta de informações públicas confiáveis sobre as especificidades da população LGBTQIA+. Na ocasião, ela dise que isso refletia uma política de apagamento deste segmento populacional. Considerando que a Estratégia Pátrio de Enfrentamento à Violência Contra Pessoas LGBTQIA+, instituída em dezembro de 2023, prevê o monitoramento e a sistematização de indicadores de violência, alguma coisa mudou neste sentido desde portanto? Temos, hoje, dados mais confiáveis?

Hiago Mendes: A falta de dados confiáveis é alguma coisa muito grave e se refletiu em uma dificuldade inicial na formulação de políticas públicas. Desde o início da atual gestão, as ações desenvolvidas pela secretaria têm sido pensadas para tentar sanar as dificuldades na obtenção de dados. No contexto das políticas que a secretaria já lançou, há formulários com os quais procuramos obter informações sobre as pessoas LGBTQIA+. As estratégias nacionais de Enfrentamento à Violência e de Empregabilidade e Geração de Renda, por exemplo, estão voltadas também para estimular a produção desses dados. E temos avançado na fala política para edificar mais informações relativas à população LGBTQIA+ a partir dos registros oficiais da segurança, saúde e assistência social. Em algumas áreas, avançamos mais. Em outras, ainda estamos conversando, mas é inegável que houve um progressão [geral], embora ainda não seja o cenário que consideramos desejável, razoável, de informações fidedignas.

Filial Brasil: O que as informações já obtidas dizem sobre o aproximação da população LGBTQIA+ às políticas pública e sobre a efetivação dos direitos deste grupo de pessoas?

Mendes: Conforme vamos avançando na construção das políticas públicas, há uma melhora na recepção de dados, mas é preciso considerar que, a partir do início de 2023, saímos de uma situação em que, comprovadamente, não havia uma política pública vernáculo para a população LGBTQIA+. Há auditorias do Tribunal de Contas da União apontando isso. Ou por outra, em muitos aspectos, a equipe da secretaria começou a trabalhar não do ponto zero, mas de um ponto negativo, pois serviços que existiam há anos tinham sido desestruturados. Na medida em que programas nacionais uma vez que o Empodera+, o Hospedar+ e o Muito Viver+ estão começando a ser executados, a população LGBTQIA+ vai tendo mais aproximação [ao exercício da] cidadania e aos seus direitos e, simultaneamente, observamos uma melhora na obtenção das informações.

Filial Brasil: Oriente aproximação ainda é precário?

Mendes: Sim. Oriente aproximação ainda é precário na maior secção do país. As iniciativas que estão em curso pela secretaria visam sanar essa dificuldade da população LGBTQIA+ acessar direitos básicos, uma vez que o recta à saúde, à segurança e a uma vida digna, com trabalho e renda. São estas as pautas que movem nossos esforços ao elaborarmos e executarmos as políticas públicas.

Filial Brasil: Em fevereiro deste ano, o governo federalista instituiu a Estratégia Pátrio de Trabalho Digno, Ensino e Geração de Renda para Pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade social. Os dois comitês responsáveis por concordar a implementação das ações e programas que promovam a empregabilidade só foram instituídos na semana passada, quatro meses depois. Qual o motivo da vagar? Houve outros avanços neste pausa de tempo?

Mendes: A estratégia vernáculo de empregabilidade é o primeiro passo de uma política mais ampla e que envolve uma série de ações governamentais. Ela delineia o caminho que estamos considerando útil seguir e se reflete em outras ações governamentais, dentre as quais o Empodera+, o programa-piloto de geração de trabalho digno e renda para pessoas LGBTQIA+. Ou seja, as ações estão todas articuladas. De forma que, posteriormente o lançamento da Estratégia Pátrio de Trabalho Digno, Ensino e Geração de Renda, trabalhamos para edificar e lançar o [projeto-piloto] Empodera+, que congrega essas ações, incluindo a preparação das pessoas para o mundo do trabalho, com a oferta de bolsas e cursos. Isso demandou um visível tempo, exigindo um período de preparação e de fala política, burocrática.

Filial Brasil: Quantos estados já aderiram ao Empodera+? A secretaria está conversando com outras unidades federativas para que participem do programa? Qual é a expectativa da secretaria quanto a isso?

Mendes: Os governos do Ceará, Espírito Santo, Maranhão e Pará já aderiram. Estamos conversando com o Rio Grande do Sul, articulando para lançar o programa [no estado] uma vez que secção dos esforços de reconstrução posteriormente a tragédia climática que acometeu o estado. Nossa expectativa é que esse programa dê esperança às pessoas LGBTQIA+ que, muitas vezes, vivem excluídas do mercado de trabalho e das oportunidades de tarefa e de geração de renda. Para que elas tenham a oportunidades de ter uma vida digna e de trenar plenamente a cidadania a partir do trabalho e da geração de renda.

Filial Brasil: Há resistências políticas à implementação da Estratégia? Quais as principais dificuldades para implementá-la?

Mendes: Temos uma primeira grande dificuldade, de ordem orçamentária. Temos trabalhado para ampliar o orçamento [da secretaria] a termo de termos condições de atender mais localidades com o programa. E há a resistência política. Creio estar muito nítida a existência de uma enorme resistência por secção da extrema direita em relação às pautas da população LGTBQIA+, sobretudo em relação àquelas que dizem saudação às pessoas trans.

Filial Brasil: Porquê está a realização do Programa Pátrio de Fortalecimento de Casas de Protecção LGBTQIA+? Em maio, ao anunciar o repasse de R$ 1,4 milhão para 12 espaços, a própria secretária Symmy Larrat disse que, embora histórica, a entrega não seria suficiente para solucionar os problemas. Há previsão da liberação de mais recursos para outras entidades? E se sim, a partir de quando?

Mendes: O programa Hospedar+ presta auxílio emergencial a casas de guarida geridas pela sociedade social por todo o Brasil. São casas que acolhem pessoas expulsas de seus núcleos familiares ou sociais e comunitários por conta de suas orientações sexuais ou identidades de gênero. Essas pessoas se veem desamparadas, em uma situação muito complicada e as casas de guarida funcionam uma vez que foco de enfrentamento à violência e à vulnerabilidade social, cumprindo a função de receber e ajudar essas pessoas a superarem essa situação, que é recorrente.

O Hospedar+ foi implementado para atender a um visível número de casas de guarida que [por falta de recursos] estavam em vias de fechar ou de diminuir seus atendimentos. Iniciamos o programa com o orçamento de que dispomos e que consideramos insuficiente, levando em conta a demanda. O número de casas atendidas é insuficiente, mas, neste momento, além de estarmos nos articulando para conseguirmos mais recursos, estamos canalizando nossas energias para executar o processo com as organizações sociais já atendidas, para construirmos uma tecnologia de política pública, de guarida para as pessoas LGBTQIA+.

Porquê disso antes, muito do que estamos fazendo são iniciativas pioneiras [no país]. Logo, quando não estamos desenvolvendo novas políticas públicas, estamos intensificando algumas que já existiam. Qualquer que seja o caso, somos desafiados a trabalhar com uma taxa que não tem uma política vernáculo consolidada, uma lei consolidada, uma vez que é o caso da assistência social; da paridade racial; da política de mulheres. No Brasil, a taxa LGBTQIA+ ainda não conta com oriente peso. Logo, todo esforço de construção que estamos fazendo é nesse sentido.

Logo, ao iniciar o programa Hospedar+ com esse número de casas, estamos, em verdade, construindo uma novidade política pública com reflexos a longo e médio prazo, e não exclusivamente emergencial. Daí porque, neste momento, estamos concentrados em solidificar esse trabalho para só portanto pensarmos em uma expansão.

Filial Brasil: Porquê se dá a questão da transversalidade da taxa LGBTQIA+ na Esplanada dos Ministérios? Outras pastas além do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania a acolhem, incluindo oriente olhar a seus próprios programas?

Mendes: Todos os programas desenvolvidos no contexto da Secretaria Pátrio dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ passam por uma fala política entre os diversos ministérios. Lidamos com uma taxa que atravessa a todas as camadas da política pública. Esta semana, por exemplo, ocorreu, no Itamaraty, um seminário sobre políticas LGBTQIA+ e política externa. O evento foi fruto desta fala. Também temos uma relação muito importante com o Ministério do Trabalho e Serviço [MTE]. Temos um trânsito muito bom na Esplanada dos Ministérios que, de modo universal, tem sido bastante receptiva à taxa LGBT. Lógico que isso varia de concórdia com os programas e as ações em que estamos jogando mais peso em determinado momento.

Filial Brasil: Porquê estão os preparativos para a 4ª Conferência Pátrio dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, prevista para ocorrer em outubro de 2025, em Brasília?

Mendes: A próxima conferência vernáculo promete marcar o retorno da participação social ao processo de construção das políticas públicas, movimento que é uma tônica da atual gestão federalista e que é muito importante para a população LGBTQIA+. Nossa expectativa é fazer uma grande conferência, recebendo tanto movimentos políticos e sociais organizados, quanto a sociedade em universal.

A última conferência ocorreu em 2016. É muito importante voltarmos a recontar com esse espaço de participação social para que a sociedade possa apresentar suas demandas aos governantes.

Estamos no período de convocatória das conferências estaduais municipais – etapas que antecedem o evento vernáculo – e acho importante frisarmos que essas etapas são fundamentais para a realização da conferência vernáculo. Por isso, temos oferecido esteio aos estados e municípios, para que realizem suas conferências.

Filial Brasil: Fica aí, portanto, um invitação para qualquer pessoa interessada no tema participar das pré-conferências.

Mendes: Sim. A participação neste processo é ensejo, observada a questão dos regimentos, do recta a votos e de representação. É importante que a população conheça e se engaje com a taxa LGBTQIA+. Muitas vezes, nos imputam temas que zero tem a ver com aquilo que estamos discutindo porque nos interessa de vestimenta. O que nos importa é o enfrentamento à violência, a empregabilidade e geração de renda, o pleno aproximação a direitos, o manobra de nossa cidadania. Daí a valia de toda a sociedade saber também o que o governo federalista está realmente propondo e fazendo para as pessoas LGBTQIA+, compreendendo a política para além de uma agenda de ódio.

Filial Brasil: Há alguma coisa mais que o senhor queira alongar?

Mendes: Só enfatizar que o serviço que é oferecido pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o Disque Direitos Humanos, o Disque 100, é uma importante manancial de informações sobre as violações aos direitos humanos e sobre as violências que a população LGBTQIA+ sofre. Logo é muito importante a divulgação desse serviço, do Disque 100. Ele serve não só para que as pessoas denunciem violações a seus direitos, mas também para que o governo tome conhecimento, possa tomar providências e obter as informações sobre as violações mais frequentes.

Fonte EBC

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