A comemoração foi tripla quando o resultado do Concurso Público Vernáculo Unificado (CNU) foi divulgado. Francisco de Assis, Daiana dos Santos, a esposa, e Elisângela de Assis, a mana, foram aprovados para vagas na Instauração Vernáculo dos Povos Indígenas (Funai). Os irmãos são da etnia Pankararu, e Daiana é da etnia Atikum-Umã..
“A felicidade na família foi grande. Os três aprovados nas vagas imediatas para o órgão que nos assiste. Queremos a restruturação da Funai, a gente luta no movimento há muito tempo”, disse Francisco.
De contrato com a própria Funai, é a primeira vez que um concurso para o órgão é realizado com suplente de vagas para indígenas. Do totalidade das 502 vagas ofertadas, 30% devem ser preenchidas por candidatos indígenas. O objetivo é prometer maior pluralidade e inclusão, além de fortalecer o órgão. Segundo a Funai, 9.339 indígenas se inscreveram para as provas que ocorreram no dia 18 de agosto de 2024.
Francisco ficou em primeiro lugar para indigenista especializado – engenheiro agrônomo. Ele está finalizando o doutorado e atualmente trabalha uma vez que extensionista rústico no Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). Para ele, a aprovação na Funai significa muito mais do que somente assumir um incumbência público.
“A gente é do movimento indígena, sabe das reivindicações, conhece a veras da Funai. Não é uma questão de somente se tornar um servidor público federalista, mas de contribuir com a entidade que, de roupa, nos assiste, e que é competente para todos os pleitos”, disse.
A expectativa agora é “tentar ajudar no que for verosímil, dentro da nossa extensão de expertise, ralar diariamente e dar o melhor de nós.”.
Anos de estudo
A família vive em uma extensão – Taboa Pankararu – que fica entre Petrolândia (PE) e a Lugarejo Brejinho da Serra, e onde Francisco é uma das lideranças. Da povoação para cidade de Petrolândia são murado de 18 km.
Daiana, esposa de Francisco, foi aprovada em 43º lugar uma vez que indigenista especializada – qualquer extensão do conhecimento. “Sinceramente, ainda não caiu a ficha mesmo tendo visto o resultado, tanto que nem divulguei ainda”, afirmou.
Ela é bacharel em enfermagem e técnico em saúde indígena. “Muitas comunidades estão desassistidas por falta de pessoal. Por já ter experiência em saúde indígena e amar trabalhar junto às nossas comunidades tive a certeza que, sendo servidora da Funai, estarei durante toda minha vida profissional trabalhando com o que me faz feliz, ajudando meu povo e meus parentes indígenas, independente da etnia que trabalharei.”
O parelha tem um fruto de 4 anos e aguarda agora a convocação e a definição de onde irão trabalhar. Eles esperam poder permanecer próximos à povoação e à família.
Uma integrante da família também estará no mesmo órgão, Elisângela, que é mana de Francisco e mora ao lado do parelha em Petrolândia. Assim uma vez que o irmão, ela foi aprovada para a vaga de indigenista especializada – engenheira agrônoma, e ficou em quinto lugar. “Foi gratificante, pois além de poder praticar a profissão de formação no órgão que nos assiste, poderei ajudar nosso povo e os parentes. Fiquei feliz em ver o resultado de anos dedicados ao estudo, a lavra e ao nosso povo”, diz.
Bacharel em engenharia agronômica, ela acredita que foi o conhecimento adquirido ao longo da curso que possibilitou sua aprovação. “Procuro sempre estar atualizada na minha extensão profissional e em todas atualidades, pois o conhecimento é a única coisa que ninguém vai tirar de você, além de ser transformador de vidas”.
A Funai é privativo para Elisângela.
“É o órgão que nos representa, que nos assiste enquanto indígenas, garante a preservação dos nossos territórios, cultura, costumes, modo de vida de cada povo indígena do país. Escolhi a Funai com o intuito de trabalhar em prol do meu povo e dos parentes de outras etnias, ajudando na restruturação da mesma, que é vital para prometer nossos direitos.”
Renovação da Funai
A Funai passa por um processo de restruturação posteriormente o governo de Jair Bolsonaro. Nesse período, a instauração perdeu capacidade de atuação e recebeu críticas sobre posicionamentos que não eram favoráveis aos povos indígenas.
Em 2023, já no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a Funai chegou até mesmo a pedir desculpas às famílias do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, assassinados em junho de 2022 no Vale do Javari, no Amazonas, por nota divulgada pelo órgão no mesmo mês. Segundo a própria Funai, a nota ameaçava a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) de processo judicial e trazia uma série de inverdades contra Bruno e Dom.
Em 2024, foi instituído um grupo de trabalho (GT) para a restruturação do órgão e dos cargos. Segundo a Instauração é a primeira vez, em 56 anos de que um grupo de trabalho instituído com essa finalidade é constituído por servidores da Funai, representantes do Ministério dos Povos Indígenas, de organizações indígenas e entidades sindicais que representam os servidores.
Cadastro suplente
Para Ezaul Santos, da etnia Nukini, em Mâncio Lima (AC), a convocação dos indígenas vai ajudar a transformar a Funai.
“Foi muito importante essa bulha pelo espaço, até para os próprios indígenas poderem ocupar um espaço que é seu. Um espaço para trabalhar com as pessoas das suas aldeias, as pessoas da sua região. Quem conhece as nossas regiões, quem conhece nossas aldeias, somos nós”, ressaltou.
Ezaul, que é graduado em nutrição e ciências ficou em 57º lugar para indigenista especializada – qualquer extensão do conhecimento, o que o colocou no cadastro suplente. Atualmente ele trabalha no Província Sanitário Próprio de Saúde de Indígenas Cume Rio Juruá, do Ministério da Saúde.
“Com certeza está entrando uma galera muito capacitada, indígenas muito capacitados que tiveram que trespassar de suas aldeias para fazer sua graduação, que hoje vão estar dando retorno ao serviço público federalista.”
Ezaul e os demais classificados dentro do cadastro suplente estão se mobilizando pela convocação. Eles defendem que a Funai precisa dos funcionários, uma vez que ficou provado no trabalho realizado pelo GT. “O cadastro de suplente vai ser muito importante porque somente as vagas oferecidas não vão suprir nem a metade da demanda apresentada hoje pela instituição.”