Com o spray laranja nas mãos, a universitária Manuela Rodrigues, de 20 anos de idade, já vestida uma vez que Velma, do traçado do Scooby-Doo, cuida de cada pormenor do cabelo do companheiro Gabriel Araújo, da mesma idade e sala na faculdade de letras. O rapaz vai incorporar outra personagem feminina, a Daphne, da mesma animação. Os colegas moram na região de Planaltina (DF), a 45 km do evento que sonharam participar, o Anime Summit, o maior evento geek do Núcleo-Oeste para o público apreciador da cultura nerd. Eles, uma vez que outros jovens de áreas periféricas, entendem que a atividade de cosplay faz muito para saúde mental.
Manuela e Gabriel queriam simbolizar “jovens cerebrais”. Mas, com receio de serem hostilizados no ônibus, optaram por se fantasiar antes da porta do evento. “Uma vez que a minha roupa é curta, também fiquei com pânico de assédio no caminho”, revela Manuela.
Faz um ano que eles planejam essa homenagem. É um dia, segundo os jovens, para aumentar a interação entre pessoas da mesma idade e até receberem a atenção de fotografias.
Segundo a organização do evento, que acontece desde quinta-feira (18) e vai até levante domingo (21), no pavilhão do Parque da Cidade, em Brasília, há um público de pelo menos 15 milénio pessoas por dia, que, além de se vestir, passeiam pelas atrações de 72 expositores de artesanatos, literatura, gastronomia e apresentações musicais. O ingresso custa R$ 60, com meia ingressão a R$ 30.
“O Anime Summit movimenta mais de R$ 10 milhões com vendas, fornecedores e arrecadação de ingressos. São mais de 100 ilustradores que estão cá e 80 artesãos”, informa o organizador do evento, Mario Kodama.
Interação
Um dos cosplayer mais requisitados para foto no interno do pavilhão era o estudante de ensino médio José Emanuel Roble, de 18 anos de idade, que incorporou a personagem Pyramid Head. Morador da Ceilândia, varreu vídeos na internet para aprender a traçar e fazer o elmo. “Usei material reciclável e ficou mais fácil. Minha turma não é muito de conversar. A gente se fala mais nos jogos. Hoje é um dia que a gente interage e faz muito para nossa cabeça”.
Ele filosofou que todos os dias ele e os amigos usam qualquer tipo de máscara, seja para a família, na escola ou no trabalho. “Essa que eu uso hoje, pelo menos, labareda atenção das pessoas, e deixam os outros encantados. Querem tirar fotos comigo e isso me deixa muito muito”, afirma. Ele estava escoltado do companheiro Guilherme Rosa, também de 18 anos, morador de Samambaia, e fantasiado uma vez que Trevor Belmomt, protagonista do jogo Castlevania. “É difícil a gente conversar pessoalmente. A gente passou pela pandemia e cada um ficou em mansão”, disse.
Uma TV na cabeça
Um dos jovens que fez questão de tirar foto com o Pyramid Head foi o estudante Isaac Arthur, de 17 anos de idade, também morador de dimensão periférica em Samambaia. Ele também chamava atenção com uma fantasia inusitada e autoral. Isaac criou, para o evento, a personagem Cabeça de TV.
O monitor, que se transformou em elmo, foi encontrado no entulho perto de mansão. O adorno, segundo garante, não atrapalhou a informação com outras pessoas. “Pelo contrário, muita gente veio falar comigo. Quando querem aprofundar a conversa, eu tiro o monitor da cabeça. Sou uma pessoa mais prazenteiro quando estou com a fantasia”, explica.
Feridas e terapia
No evento, a atriz e dubladora paulista Tati Keplmair, a Nami, do anime One Piece, e a Sakura, de Naruto, testemunha que a cultura nerd e o sabor por esse tipo de gênero têm ajudado os jovens a se comunicarem melhor. “Eles passaram praticamente três anos isolados dentro de mansão. Agora, estão voltando a se encontrar. Tenho percebido isso nesse tipo de evento”.
No camarim para se apresentar uma vez que cosplay, Leandro Kristian, de 27 anos de idade, morador de Vicente Pires, e a namorada Gabriela Gomes, de 25 anos, do Gama, cuidam da maquiagem das “feridas” no rapaz, para também simbolizar Pyramid Head. Ambos consideram a atividade amadora uma vez que uma terapia. “Essa é uma arte pelo prazer”, diz Leandro.
Fantasias da vida real
Do lado de fora do evento, a guerra informal também tem suas fantasias. O mercante paraense Kleber Borges, de 53 anos, estava trajado com uma camisa de seu grupo de capoeira. Ele vendia provisões não-perecíveis a R$ 10 para os frequentadores poderem comprar ingresso uma vez que meia ingressão social. “Visto várias fantasias todos os dias. Vendo provisões, capas de chuva, qualquer coisa para sobreviver. Luto uma vez que se fosse o [ator] Bruce Lee [1940 – 1973]”.
Na dimensão de estacionamento, Francisco Hércules, de 44 anos, já sonhou se fantasiar de Jaspion (série de TV da dez de 1980). Mas a prioridade hoje é cuidar dos carros e lucrar “um qualquer”. Morador do Novo Gama (GO), faz a viagem de 1 hora 40 minutos de ônibus todos os dias, com a fantasia de hoje na mochila. “O colete de guardador de carros é minha conquista, minha roupa há 24 anos, com o numerário que lucro para sustentar os meus três filhos”. O desfile dele pelo meio dos carros vai até as 23h. Depois, guarda a fantasia e volta para mansão.
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