Até o último termo de semana, uma funcionária de um supermercado de Copacabana estava preocupada com um eventual aumento de movimento sítio com a chegada de Madonna ao Rio de Janeiro, apesar de nem saber quem era a cantora.
Nascente repórter resolveu trautear os refrões de “Like a Virgin” e “Like a Prayer” para refrescar sua memória, mas ela deu de ombros. Um comprador que passava pelo caixa achou por muito ajudar, mostrando um trecho do clipe de “La Isla Formosa” no celular. Deu notório, essa ela já tinha ouvido.
Se até semana passada muitas outras pessoas de Copacabana talvez não soubessem vincular o nome de Madonna a sua figura, a situação mudou desde a última segunda-feira. O bairro que abrigará o maior show da curso da rainha do pop “madonnizou”.
Ouvem-se os hits da loira em bares e quiosques uma vez que não acontecia desde os anos 1990. E, ao longo da avenida Nossa Senhora de Copacabana, a via mais mercantil da região, ambulantes vendendo artigos estampando fotos da cantora disputam a preferência dos fãs.
Na segunda-feira, dia em que a diva chegou ao Rio e se trancafiou no Copacabana Palace, alguns vendedores também se acumulavam em frente ao hotel, antes de dezenas de fãs, do Brasil e de outros países vizinhos, uma vez que a Argentina, se aglomerarem naquela ocasião e, depois, ao longo da semana.
Mas o clima festivo tem sido sobretudo entre as pessoas LGBTQIA+, a quem Madonna sempre reservou base e saudação. A vinda da cantora alterou dramaticamente a vida noturna carioca ùsão inúmeras as festas e baladas que optaram por uma temática dedicada a Madonna, inclusive maratonas de várias noites.
Colado ao Copacabana Palace, e a poucos passos do palco onde Madonna se apresentará, o clube Pink Flamingo criou uma programação que se estende desta terça à próxima segunda.
“Estamos com praticamente todas as noites esgotadas já há bastante tempo”, diz Thiago Araújo, idealizador da vivenda noturna. “Está muito melhor do que qualquer outra temporada da nossa história, mais que o Carnaval e o Réveillon em termos de procura. Madonna é um ícone LGBT e, por coisa do sorte, o palco dela fica na nossa esquina. Logo tudo conspirou a nosso obséquio”, ele diz.
Na sarau sítio mais badalada, a Treta, sempre às quartas, a próxima edição terá a diva uma vez que tema, mas haverá também uma balada extra nesta sexta, em outro espaço, no Núcleo do Rio. “Esse público quer trespassar, curtir a noite, não permanecer em vivenda ou no hotel”, diz Gui Acrízio, ator e produtor da Treta. “Acho que o público da Argentina e do Chile deve ser grande, principalmente porque ela não foi com a turnê para esses países.”
Na sarau de sexta, haverá várias drags caracterizadas uma vez que Madonna. A carioca Mady Beeong, 25, é uma delas.
“Está sendo um surto, né? Nunca vi alguma coisa movimentar tanto as gays no Rio quanto a vinda da Madonna”, diz Beeong, que trabalha diurnamente uma vez que designer de roupas e, quando drag, não costuma se caracterizar uma vez que Madonna: fará isso em homenagem à cantora.
“As drags estão até criando grupo de encontro para se reunirem com segurança, fazendo toda uma movimentação”, ela diz, ressaltando que, no dia do show, é mais provável que a maioria delas vá à areia “desmontada”, por questões de conforto diante da poviléu.
“Fora o tanto de oportunidades de trabalho que a vinda da Madonna trouxe para as drags do Rio”, comemora, referindo-se inclusive a ela própria —foi contratada para surgir vestida uma vez que a cantora por um dos aeroportos da cidade para, na sexta, receber fãs da diva que aterrissarem em solo carioca.
Na vizinha Ipanema, no Galeria Moca, tradicional espaço pequeno e badalado, também promove uma maratona temática, começando com a sarau intitulada Bananonna, na terça.
“Nós estamos preparando a maratona desde antes mesmo do proclamação solene [da vinda de Madonna]. Quando os rumores chegaram a um notório ponto, não podíamos permanecer parados”, diz o DJ Garrido, produtor do Galeria Moca, que há mais de dez anos costuma promover festas especiais sobre Madonna. “O Galeria é um clube querido e espargido pelos fãs da rainha do pop. Zero mais justo que destinar essa semana inteira a ela.”
Um dos festeiros da Bananonna, o dentista Vinicius Martins, 28, diz que veio de Brasília para ver o show, mas confessa que não unicamente. “O principal é ver ela, simples, mas não vou negar que vim ao Rio nesta semana por outros motivos também”, diz, referindo-se às baladas e à quantidade de gays na cidade. “Esse fervo não dava para perder.”
Matheus Müller, 26, gestor do perfil Imperio Madonna no Instagram, também planeja frequentar as festas temáticas em todos os dias, inclusive no after do show. “Estou indo com duas amigas e a minha mãe, que inclusive me ensinou a ser fã, e para elas será a primeira vez vendo a Madonna”, diz.
Várias outras casas noturnas na cidade também festejarão a cantora —seja na mais tradicional de Copacabana, a La Cueva, voltada para um público mais maduro, ou no espaço Rampa, em Botafogo, templo de festas para os mais descolados, só vai dar Madonna. A mais novidade cidadã honorária do Rio de Janeiro pode até ter escolhido se isolar em sua suíte no Copacabana Palace desde que chegou, mas está irremediavelmente integrada ao ar respirado pelos cariocas nesta semana.