Festival De Berlim: Kristen Stewart Faz Thriller Lésbico 18/02/2024

Festival de Berlim: Kristen Stewart faz thriller lésbico – 18/02/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O primeiro termo de semana do 74º Festival de Berlim foi bom para os filmes puxados por fortes papéis femininos. Houve as estreias de “Love Lies Bleeding”, com Kristen Stewart, e de “The Outrun”, com Saoirse Ronan.

As duas atrizes são protagonistas de obras que evidenciam a vida do lado de insignificante da sociedade, a primeira numa cidadezinha próxima a Las Vegas, nos Estados Unidos, e a segunda uma vez que moradora das ilhas Orkney, um arquipélago ao setentrião da Escócia, no Reino Unificado.

Stewart, que foi a presidente do júri na edição passada do festival, voltou a Berlim para apresentar “Love Lies Bleeding”, ou o paixão jaz sangrando, um thriller lésbico que transita entre a hiperviolência carnavalesca de Tarantino e a sanguinolência sombria dos irmãos Cohen.

Dirigida por Rose Glass, a obra traz Stewart com cabelo mullet no papel de uma gerente de liceu de ginástica que acolhe uma fisiculturista, interpretada por Katy O’Brian, que parece estar em seus piores dias, em qualquer momento do final do século pretérito

Dormindo debaixo da ponte ou transando para conseguir um serviço, a desportista se envolve com a gerente e vai trabalhar no clube de tiro do pai dela. Má escolha —o pai, vivido por Ed Harris, ao mesmo tempo careca e viloso, é um “white trash” da pior espécie.

Mas o paixão tudo salva, e as coisas parecem se encaminhar até que, é evidente, tudo começa a dar incorrecto. Com visível humor preto, o sangue jorra por todos os lados na vida de nossa heroína e só mesmo uma ração de realismo fantástico, já na segmento final, pode salvar a moça de sua terrível família.

“Esse filme meio que desnuda a América e, por isso, é lícito mostrar num contexto europeu”, disse a atriz, em entrevista aos jornalistas neste domingo. “E são filmes feitos por mulheres, nós temos que nos empoderar. Rose queria fazer esse filme sobre uma pequena potente.”

A atriz comentou a cobertura da revista Rolling Stone, para a qual posou encarnando a personagem do filme, sexualizando em meio a halteres. “A existência de um corpo feminino empurrando você para qualquer tipo de sexualidade que não seja projetada exclusivamente para homens heterossexuais é alguma coisa com o qual as pessoas não se sentem muito confortáveis. E estou muito feliz com isso”, afirmou.

O filme, aliás, não pega ligeiro nas cenas de sexo entre as duas, mas, para Stewart, isso não faz de “Love Lies Bleeding” um filme gay. “A era dos filmes queer, sendo unicamente isso, acabou. Já foi. Talvez ainda apareçam alguns, mas acho que as coisas evoluem e seguem em frente. Todos estamos avançando.”

Saoirse Ronan, por sua vez, sofre demais em “The Outrun”, que pode ser traduzido uma vez que a superação. A história da jovem que passou anos vivendo no limite e agora tenta deixar a bebida já foi vista inúmeras vezes no cinema.

Mas Ronan é uma magnífico atriz, e a diretora Nora Fingscheidt entrega um filme que pelo menos tenta fugir dos clichês da alcoólico em decadência. A sátira internacional, pelo menos, aprovou.

“Adaptação comovente e delicada”, segundo o Guardian e “exploração visceral da psique feminina com cicatrizes”, segundo a Hollywood Reporter. Ou, conforme a revista Harper’s Bazaar, “quando se trata de desvanecer em papéis emocional e fisicamente exigentes, existem poucos atores tão talentosos e comprometidos quanto Saoirse Ronan”.

Depois de anos vivendo em Londres, a personagem de Ronan, Rona, retorna à formosura selvagem das ilhas Orkney, onde cresceu, na esperança de dias melhores. Ali, no entanto, ela precisará mourejar com os problemas mentais de seu pai e com a religiosidade de sua mãe.

A adaptação de Nora Fingscheidt do best-seller autobiográfico de Amy Liptot usa flashbacks para retratar a lesma progénito de Rona em Londres e seu tempo em um programa de reparação rigoroso. O filme vai e volta inúmeras vezes no tempo, sendo que a cor do cabelo da protagonista nos ajuda a situar o momento em questão.

Em visível momento, a jovem se refugia numa ilhéu ainda mais longe, onde focas, pássaros e as tradições do lugar a vão ajudar a se manter em pé. E ali, com a natureza ao seu lado, ela finalmente encara seus demônios.

O israelense Amos Gitai também estreou mundialmente seu “Shikun” no Festival de Berlim nesta semana. É inspirado pela peça surrealista “Os Rinocerontes”, do romeno Eugène Ionesco, que mostra homens se transformando em rinocerontes, gradativamente passando da sensação de espanto para a banalização, quando o pensamento dominador chega ao poder.

O filme de Gitai, na verdade, não passa de uma série de esquetes declamados em um prédio em Israel. A primeira meia hora é um projecto só, em que a câmera vai e volta por um galeria enquanto a atriz Irène Jacob simula ver rinocerontes e outros conversam sobre os mais variados assuntos, de projetos arquitetônicos a a aulas de judaico para imigrantes.

Depois disso, há uma fanfarra, mais conversas na garagem e a incerteza sincera do testemunha em relação ao que se vê na tela. Frequentadores de festivais, em universal, têm muita paciência, mas a sessão de prelo de “Shikun” foi sempre partida pela batida da pesada porta de saída do cinema, para a qual pelo menos duas dezenas de jornalistas correram enquanto o filme ainda estava pela metade.

Folha

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